A ARTE E O SOFRIMENTO DE UMA VITÓRIA JUSTA MAS MUITO INSEGURA

Quando se analisa um jogo de futebol, pode-se fazê-lo segundo dois olhares distintos: ou privilegiar a análise do espectáculo na sua emotividade e plasticidade, ou em alternativa, atentar mais à segurança e solidez com que os conjuntos se exibem, em particular aqueles que, pelo seu favoritismo, mais responsabilidades enfrentam na abordagem ao jogo.
Segundo a primeira das possibilidades considerada, o Académica-Benfica foi um excelente espectáculo, mormente durante a primeira parte, com duas equipas de tracção à frente, empenhadas atacar o reduto contrário e em tentar constantemente o golo. Os primeiros quarenta e cinco minutos de Coimbra terão sido mesmo, deste ponto de vista, do que de melhor se assistiu esta temporada na nossa Liga.
Todavia, se nos cingirmos à análise da equipa do Benfica e da estratégia que desenvolveu em campo, levando em conta as exigências que se lhe colocam, e em face da sua necessidade imperiosa de vencer, teremos de concluir não haver muitos motivos para regozijo.
De facto, os encarnados voltaram a exibir algumas fragilidades nas transições defensivas, voltaram a apresentar-se demasiado estendidos no campo, com uma linha defensiva demasiado recuada e um meio campo pouco coeso e pressionante, e deixaram em muitos momentos o adversário jogar a seu bel-prazer e assim criar oportunidades em série, que por vezes de forma milagrosa Quim foi detendo, o que até parece estranho numa equipa que não sofre qualquer golo há sete (7 !) jogos – curiosamente foi a partir do momento em que Fernando Santos abandonou o losango do meio-campo fazendo entrar Manu para o lugar de Miccoli, que o Benfica assentou mais o seu jogo e tranquilizou um pouco mais os seus apaniguados.
No plano ofensivo, ou seja, sempre que tinha a posse de bola, o Benfica fez um jogo bastante aceitável, pois dispôs ao longo da partida varias situações de perigo, marcando dois golos, vendo outros dois anulados (um bem outro mal), atirando uma bola à trave, e obrigando Pedro Roma também a brilhar. Muitas das vezes ficou a sensação de que estes lances foram mais consequência das fragilidades defensivas dos estudantes do que resultado do brilhantismo das acções encarnadas, mas de um ou outro modo, o Benfica construiu um caudal ofensivo mais do que suficiente para justificar os três pontos. Foi o empenho ofensivo de benfiquistas e conibricenses, a par com a muita delicadeza dos dois conjuntos sempre que perdiam a bola, que fez com que o espectáculo resultasse tão agradável de seguir, levando Fernando Santos a dizer no final que o resultado justo seria 4-3 ou algo parecido.
Foi ao invés a insegurança do Benfica acabou por manter alguma incerteza no resultado até ao golo de Léo, e se olharmos à solidez do jogo do F.C.Porto na Vila das Aves - com um adversário e uma marcha do resultado em tudo semelhante, mesmo que num espectáculo globalmente mais pobre para o espectador -, talvez percebamos porque motivo leva oito pontos de avanço.
No plano individual há que destacar as exibições de Simão e Ricardo Rocha, mas sobretudo de Quim, o melhor benfiquista em campo. Pela negativa parece-me que Karagounis apenas se salvou ao fazer a assistência para o segundo golo, Miccoli mostrou-se claramente longe da condição física ideal, enquanto Nelson também esteve longe do seu melhor, quer a defender quer a atacar – incrível aquela perdida já perto do fim, com Rui Costa completamente sozinho a seu lado. Já agora, há que saudar o regresso do “maestro”, se bem que ainda e naturalmente a meio gás.
Na Académica deu nas vistas o criativo Filipe Teixeira, uma espécie de Nuno Assis um pouco mais forte fisicamente, como que a querer mostrar que talvez tivesse lugar no plantel encarnado, para onde se disse há dias que se poderia encaminhar.
Pontuações: Quim 5, Nelson 2, Luisão 3, Ricardo Rocha 4, Léo 3, Petit 3, Katsouranis 3, Karagounis 2, Simão 4, Nuno Gomes 3, Miccoli 2, Manu 2, Rui Costa 2, João Coimbra -.
Falta apenas falar da equipa de arbitragem dirigida por Paulo Pereira – o mesmo que assinalou o penálti contra o Atlético no Dragão -, e não há quase nada de bem para dizer. Sobretudo o assistente que acompanhou o Benfica na primeira parte esteve pouco menos que desastrado. Errou logo aos dois minutos ao validar o golo de Ricardo Rocha em claro fora-de-jogo, voltando a errar com gravidade anulando um golo limpo a Katsouranis, já depois de ter ajuizado bem o outro golo anulado ao grego. Também o árbitro principal leva que contar, pois deixou passar em claro duas grandes penalidades, uma para cada lado, ambas por mão na bola dentro da área, e ambas na segunda parte. Vale-lhe apenas que, por portas e travessas, acabou por, erro de um lado, erro do outro, não interferir com a justiça do resultado.

1 comentário:

Anónimo disse...

LF

Gostei do jogo Académica-Benfica, mas como benfiquista, fiquei demasiado nervoso durante o jogo, devido ás muitas oportunidades de golo da Académica

Em relação á táctica do Benfica, voltamos ao inicio da época, 4-4-2, 4-2-3-1 ou 4-3-3, tudo depende da dinamica que o FS quer na equipa e aquilo que os jogadores podem dar, vamos ver quais são as contratações de inverno

O Rui Costa, volta a baralhar tudo de novo, penso que o esquema de 4-1-2-1-2, com o Simão como interior esquerdo a fletir para a ala esquerda e o Rui Costa nas costas dos avançados, seria o melhor esquema para poder libertar mais o Katsouranis, ou seja o esquema do losango, com as trocas do Nuno Assis pelo Simão, e o Rui Costa pela anterior posição do Simão, a equipa deverá continuar a contar com os dois avançados