OUTRA VEZ !
Faz agora precisamente um ano estava o Benfica em vésperas de receber na Luz o Manchester United para ai decidir a sua passagem aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Só a vitória interessava. Sabemos o que aconteceu: uma noite inesquecível com Geovanni e Beto a marcarem os golos de um triunfo (2-1) para a história - foi a única vitória nos seis jogos disputados frente aos Red Devils para a Taça/Liga dos Campeões, com quem o Benfica inclusivamente jogou uma final em Wembley, em pleno Maio de 68.
Um ano depois repete-se a história, com a nuance de a partida decisiva se realizar em Old Trafford. Também só a vitória permite seguir em frente na Champions, embora desta vez o terceiro lugar e a repescagem para a Uefa estejam, como mínimo, assegurados.
Importa lembrar que há um ano atrás o Benfica tinha menos dois pontos do que agora, muito embora o grande equilíbrio num grupo com muitos empates lhe permitisse chegar à última ronda em condições de apuramento e apurar-se. Desta feita um super Celtic baralhou as contas do grupo, apurando-se ao fim de cinco jogos e deixando Manchester e Benfica a discutirem a outra vaga.
É preciso deixar bem claro que a missão do Benfica é extraordinariamente difícil. Já no ano passado o era, mas o facto de a partida decisiva se disputar desta vez na casa do adversário, a quem basta o empate, representa um acréscimo de dificuldade que muito dificilmente este Benfica, ainda que confiante com a vitória em Alvalade, poderá tornear. Além do mais, jogos como aquele da Luz não se repetem muitas vezes na vida, e do Manchester poder-se-á esperar tudo menos facilidades.
As maiores hipóteses que os encarnados teriam de seguir em frente na competição, ter-se-ão esfumado nos pés de Saha, ao falhar uma grande penalidade em Glasgow no último minuto do Celtic-Manchester, que a ser concretizada deixava o Benfica em muito melhores condições de apuramento. Agora nada há a fazer senão tentar vencer.
Como o fazer ?
Nem sempre a necessidade de ganhar deve limitar o futebol de uma equipa a uma opção meramente atacante. Julgo que quando um conjunto é assumidamente inferior a outro – e só por cegueira clubista se poderá negar a ampla superioridade dos ingleses -, a melhor estratégia passa antes de mais por tentar impedi-lo de jogar. É isso que o Benfica terá de fazer primeiro, eventualmente um pouco à semelhança do que fez nalguns momentos do jogo de Alvalade, salvaguardando as devidas distâncias (o Manchester não é, infelizmente, o Sporting). Depois há que confiar no contra-ataque, onde Miccoli e Simão poderão fazer abanar a mediana estrutura defensiva da equipa de Alex Ferguson.
Não me parece pois que o Benfica deva abordar o jogo de uma forma excessivamente audaz – que neste caso seria um tanto fanfarrona – mesmo tendo de o vencer. Deve pelo contrário optar por uma abordagem calculista, por cortar o ritmo do jogo, e sorrateiramente esperar por uma oportunidade. O jogo tem noventa minutos, e ao longo deles de certo surgirão alguns espaços no meio campo contrário, por onde tentar aproveitar um momento de felicidade.
O principal perigo desta equipa, líder destacada da Premier League, vem das alas, onde evoluem o nosso bem conhecido Cristiano Ronaldo e o renascido galês Ryan Giggs. É por eles que passa todo o processo ofensivo da equipa, segundo me foi dado a observar nos seus últimos jogos domésticos. Com franqueza não sei muito bem o que possam fazer Nelson e Léo contra aqueles dois “monstros” do futebol europeu que não seja esperar que estejam em noite infeliz, sobretudo o português, em super-forma. Resta também acreditar que as compensações de Katsouranis e Nuno Assis não apresentem deficiências – em Alvalade estiveram perfeitos, mas não esqueçamos que os leões jogaram sem extremos.
A solução Nuno Gomes parece ser pertinente para o vértice mais adiantado do losango intermédio. De facto a velocidade e liberdade de Simão são fundamentais enquanto que uma presença de Nuno Gomes na área contrária faria dele um jogador a menos, engolido pelos gigantes Ferdinand e Vidic -não me espantaria até que o ponta-de-lança ficasse no banco e cedesse o seu lugar a Karagounis.
Mas por mais voltas que se dê, por melhores estratégias que se pondere, a verdade é que todas as possibilidades do Benfica voltar a fazer história nesta prova se resumem a uma só palavra: sorte!
É dela que o Benfica precisa, e em abundância, para sobreviver a um verdadeiro inferno por onde terá que passar, e para o qual ainda não tem manifestamente argumentos.
É ela que se deseja, sabendo-se que uma vitória em Manchester será absolutamente heróica, e trará a nação benfiquista de volta ao céu.
As equipas deverão alinhar da seguinte forma:
Manchester United – Vandersar, Neville, Ferdinad, Vidic, Heinze, Carrick, Scholes, Ronaldo, Giggs, Saha e Rooney.
Benfica – Quim, Nelson, Luisão, Ricardo Rocha, Léo, Petit, Katsouranis, Nuno Assis, Nuno Gomes, Simão e Miccoli.
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