AI OS RUSSOS...

Um ano e meio depois do duplo desaire que começou a desenhar o fim da era Peseiro no Sporting, o fantasma dos russos voltou a assolar Alvalade. Mais uma vez uma equipa moscovita vestida de vermelho afasta os leões da Uefa em sua própria casa, mais uma vez por 1-3, mais uma vez poucos dias depois de uma derrota frente ao Benfica.
A história de futebol tem de facto múltiplas curiosidades destas, e já agora aproveito para manifestar uma vez mais a esperança que hoje em Old Trafford se dê também a coincidência de o Benfica, um ano depois, voltar a eliminar o gigante inglês – pode bem ser novamente por 2-1…- mas isto são contas de outro rosário.
Olhando ao jogo de ontem, o que se torna evidente é que a equipa de Paulo Bento se encontra em crise física e anímica bastante acentuada, restando saber se momentânea e ultrapassável, se duradoura e comprometedora do que resta de temporada.
Num jogo em sua casa, perante um adversário longe de se poder considerar inacessível e perante o qual o empate bastava, sofrer dois golos no primeiro quarto de hora é próprio de uma equipa tremendamente intranquila e de cabeça perdida. Quem reler a antevisão aqui feita à jornada europeia não poderá dizer que isso fosse totalmente inesperado.
A grande juventude de alguns dos elementos chave do plantel leonino poderia explicar esta realidade, mas não poderemos esquecer ao invés que, por exemplo, o F.C.Porto tem uma média de idades ainda mais baixa e tem dado mostras de grande maturidade competitiva em todos os momentos chave da temporada. Parece-me que falta a este Sporting um líder, uma voz de comando, que Moutinho terá certamente condições de ser no futuro, mas não pode ainda ser no presente. Parece-me também que se criou na opinião pública e em particular junto dos sportinguistas a ideia errada que Paulo Bento tinha à sua disposição um grande plantel. Na verdade, não só as aquisições do Sporting para esta época nada trouxeram à equipa (de Bueno a Farnerud, de Paredes a Alecsandro) como alguns dos seus valorosos jovens estão ainda num patamar de evolução e maturação futebolística bem abaixo das exigências de uma competição como a Liga dos Campeões, e estou-me a lembrar por exemplo de Miguel Veloso, Yannick Djaló, Ronny, ou mesmo Nani. Afigura-se por isso pacífico que uma incursão no mercado de Inverno é neste momento aconselhável, isto caso o Sporting tencione recuperar os cinco pontos que leva de atraso do F.C.Porto e manter-se à frente do Benfica. Veremos também, por outro lado, até que ponto esta derrota irá pesar nos cofres de Alvalade, se irá ainda permitir algum investimento ou obrigar a desinvestimentos.
Ao contrário das derrotas de 2005, estas surgem a meio de uma temporada onde o Sporting ainda mantém grandes esperanças de conquista de títulos, algo que não consegue vai para cinco épocas. Para isso vai ter de haver também uma profunda e rápida reflexão interna sobre outros aspectos, nomeadamente se a gestão do esforço físico do plantel terá sido bem equacionada por um jovem técnico que fez este verão a sua primeira pré-temporada à frente de uma equipa profissional.
Para já o estado de graça de Paulo Bento terminou, e pelo que se conhece do reino do leão, vai ter de passar algum tempo e algumas vitórias até ser possível sarar estas feridas.

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