TRÊS E MEIO

Perante uma das selecções mais fracas do grupo e a jogar em casa (ainda que com as bancadas inacreditavelmente despidas de público), a única dúvida que se poderia colocar à partida para este jogo seria a de saber por quantos golos Portugal derrotaria este autêntico “Azerbeijinho”, ainda muito longe de ser equipa para se imiscuir na luta pelo apuramento e fazer frente a selecções mais poderosas.
Foram três – seriam quatro não fosse a cegueira de um árbitro assistente, que num erro absolutamente inaceitável anulou o melhor golo da noite a Cristiano Ronaldo – e poderiam ter sido mais alguns, sem que para isso a equipa de Scolari tenha tido necessidade de realizar uma extraordinária exibição. A partir de certa altura do jogo (o terceiro golo) sentiu-se que os jogadores portugueses começaram clara e compreensivelmente a pensar no compromisso bem mais exigente que terão pela frente na próxima quarta feira em Chorzow perante a Polónia, essa sim uma selecção capaz de disputar – juntamente com a Bélgica, a Finlandia e sobretudo a Sérvia - o espaço dos dois primeiros lugares deste grupo de qualificação.
Até ao terceiro golo português, e após uns primeiros dez minutos de alguma letargia, bastou a Portugal um Cristiano Ronaldo em grande momento de forma para quase sozinho resolver a partida. Três belos golos (um anulado) e participação directíssima no golo de Ricardo Carvalho fizeram dele claramente o homem do jogo, sendo a sua prestação mais do que suficiente para destruir, por si só, as resistências azeris.
O resto da equipa, a jogar com o seu melhor onze (faltando apenas um dos centrais), não fez muito mais do que a sua obrigação, destacando-se apenas Miguel (a subir de forma), Deco e a espaços também Simão - apesar do modelo de jogo (não o sistema táctico) da selecção nacional ser bem diferente do do Benfica, priveligiando mais a circulação de bola e menos as transições ofensivas em velocidade não lhe permitindo assim um tão grande protagonismo. Pela negativa há que salientar a noite azarada de Nuno Gomes, que se lutou com bravura mas nunca foi feliz na sua principal missão neste jogo, que seria naturalmente marcar golos. Maniche e Costinha estão também longe da sua melhor condição.
Como nota final não posso deixar de reiterar a minha perplexidade perante as bancadas vazias do Bessa neste regresso da selecção nacional a casa, após o brilhante Mundial da Alemanha. Penso que a Federação Portuguesa de Futebol deve tirar ilações deste distanciamento que a cidade do Porto mantém para com a equipa de Luiz Felipe Scolari, e ter isso em conta quando marcar os próximos (e mais importantes) jogos desta campanha. Há cidade prontas a apoiar a equipa nacional até ao limite, há belos estádios espalhados pelo país, não há motivos para insistir em locais onde a selecção tradicionalmente não é feliz, e onde as pessoas não a sentem como sua – não só, mas sobretudo, desde que Scolari a comanda.

4 comentários:

Anónimo disse...

Já está efectuada...

Anónimo disse...

Então achas que não se deve marcar jogos para o estádio do Dragão e do Bessa XXI, lembra-te lá do apoio que a selecção teve na abertura do campeonato da europa de 2004, reparas-te como estava o estádio, não será mais o teu clubismo a falar por ti ?

Eu acho que as gentes do norte devem ser presenteadas com a selecção tal como deve ser o país todo.

Anónimo disse...

Já me esquecia de um pormenor, esta selecção não tem qualquer jogador das equipas da cidade do Porto. A distância é criada pela politica implantada pela FPF e seguida pelo seleccionador.

Anónimo disse...

Eu não disse que em absoluto se devam deixar de marcar jogos para a cidade do Porto (da qual, como cidade, eu gosto bastante, devo dizer). Todavia, enquanto Scolari for seleccionador e dada a animosidade entre ele e o F.C.Porto (não me interessa para o efeito quem teve mais culpa, e digo desde já que também não isento Felipão), não me parece apropriado que se venham a marcar jogos decisivos para lá, sob risco de a selecção não vir a ter o apoio inequívoco de que precisa. Foi para isso que chamei a atenção, e penso que as bancadas do Bessa no passado sábado me dão alguma razão.
Antigamente estavamos limitados a duas cidades para os jogos da selecção, hoje temos belíssimos estádios espalhados pelo país, pelo que não há necessidade de forçar estas situações.
Se se deve proporcionar às gentes do norte jogos da selecção nacional (e eu acho que deve), porque não jogar em Braga ou Guimarães ?

Já agora gostaria só de referir o seguinte:
Eu estive na abertura do Euro no Estádio do Dragão. O Estádio estava cheio e ao longo do jogo a selecção foi apoiada (outra coisa não seria de esperar como é óbvio), mas lembro-me perfeitamente de aquando da constituição das equipas ouvir alguns assobios para Scolari, Rui Costa, Ricardo e Simão.
Não me lembro de semelhante situação nos jogos seguintes em Lisboa...


Para finalizar lembro que o Hélder Postiga é do F.C.Porto.
Para além dele, só Quaresma e Raúl Meireles podiam ser hipótese, mas o primeiro está completamente fora de forma, e o segundo tem a concorrência de Costinha, Petit, Maniche e Tiago.
Não me parece que exista aqui alguma má vontade (embora isso possa ter sucedido no passado).