SOLTAS
SUB 21 – A equipa de Couceiro fez ontem um grande jogo, ganhando com toda a justiça o direito de disputar a fase final do europeu, perante um adversário futebolisticamente bastante inferior. Para quem, como eu, não teve a oportunidade de seguir o jogo de Moscovo, fica a perplexidade sobre o resultado do mesmo. Excelentes exibições de João Moutinho, Diogo Valente e Yannick Djaló, e a promessa de mais uma geração de jogadores capazes de manter Portugal ao mais alto nível do futebol internacional, a que nos tem ultimamente habituado.
PREJUÍZOS – A SAD portista apresentou as contas com um prejuízo de mais de 30 milhões de euros. É sabido que a situação económica dos azuis e brancos é sustentada pelo irrepetível ano de 2004, onde conseguiram uma impressionante soma em resultados extraordinários que lhes encheu (ou devia ter enchido) os cofres. Ainda assim não deixa de causar alguma estranheza que um clube todos os anos presente na Liga dos Campeões, e época a época vendedor de jogadores para o estrangeiro (ainda este verão sairam Diego e McCarthy), continue a apresentar este tipo de resultados de exploração, o que é também, infelizmente, apenas um exemplo daquilo que sucede (a diferentes escalas) na esmagadora maioria dos clubes profissionais em Portugal. Até quando ?
BILHETES EM ALVALADE – Há muitos anos que se assistia aos protestos da “Juve Leo” perante os preços dos bilhetes na Liga Portuguesa. Como sócio e detentor de lugar cativo no Estádio da Luz, confesso que não percebia muito bem do que falavam. Todavia, olhando com atenção para os preços praticados esta época em Alvalade, bem se pode dizer que a claque sportinguista devia remeter a sua indignação para dentro da sua própria casa.
Os bilhetes mais baratos para o Sporting-Boavista (ao qual tinha pensado presenciar) eram de 40 euros para um não sócio e 25 para sócio. Olhando ao próximo Sporting-F.C.Porto temos valores completamente absurdos e desfasados da realidade sócio-económica portuguesa: Um não sócio que se desloque nesse dia a Alvalade, terá que desembolsar no mínimo 60 euros (sessenta !!!!) para assistir ao jogo na superior - um camarote para o São Carlos custa à volta de 50 euros por pessoa – e mesmo se se tratar de um sócio, terá que pagar pelo menos 40 euros se tencionar estar presente. Quem quiser levar a família (um ou dois filhos por exemplo), terá pois que dispor de uma pequena fortuna para assistir a um jogo televisionado numa noite de domingo às portas de Novembro (possivelmente com mau tempo).
Se compararmos com os 20 euros que qualquer não sócio podia pagar pelo decisivo Benfica-Manchester United (10 euros sócio) do ano passado, ou pelos 15 euros com que se poderá adquirir um bilhete para o F.C.Porto-Hamburgo também da Champions League, verificamos que alguma coisa está errada para os lados de Alvalade.
Bem sei que o Sporting é líder de popularidade entre as classes mais abastadas, e que foi fundado por um visconde, mas talvez a Liga devesse ter aqui uma palavra a dizer sob pena de o futebol se poder em breve vir a tornar num mero programa televisivo.
Eu, que estava a ponderar assistir ao clássico bem como ao jogo com o Bayern, a menos que surja algum convite milagroso, terei que colocar a hipótese de parte.
LOUREIROS – As eleições na Liga de Clubes eram uma boa oportunidade para dar inícioà imperiosa e urgente regeneração do futebol português. Lamentavelmente chegou-se a uma cinzenta solução de continuidade, que faz lembrar uma máxima do célebre “Leopardo” de Tomasi di Lampedusa, segundo a qual era necessário mudar algo para que tudo ficasse na mesma. Hermínio não só aparece ao lado de Valentim – nas listas e nas conferências de imprensa – como no seu discurso inicial apontou baterias para a justiça, numa clara atitude de desculpabilização e branqueamento das responsabilidades de quem lhe segurava o braço (nem o nome o ajuda). Depois de ter passado ao lado do Caso-Mateus, Hermínio Loureiro dá mostras claras de querer agora passar por cima do “Apito Dourado”. “Quo-Vadis” futebol português ?
O DIA SEGUINTE – Há algum tempo atrás seguia com atenção o programa das segundas-feiras à noite na SIC Notícias. Embora me parecesse sempre mais um debate de arbitragem do que de futebol (e eu interesso-me muitíssimo mais por este do que por aquela), eram ainda as polémicas ocorridas nos relvados a ocupar os comentadores. Desde há umas quantas semanas – sobretudo a partir do Caso-Mateus – o programa cedeu por completo à tendência juridicista do painel, e passou a ignorar em absoluto a bola, os jogadores, os golos e tudo aquilo que faz do futebol o maior espectáculo do mundo. “O Dia Seguinte” transformou-se num programa de juristas sobre comissões disciplinares, sumaríssimos, leis de bases, providências cautelares, e todo um universo que a mim, em particular, me repele. Por azar, o espaço da RTPN sobre futebol a sério passou para as quintas-feiras, depois de um ano em concorrência directa com o “Dia Seguinte”.
TRIO DE ATAQUE – Já que se fala em programas televisivos de debate, este (terças à noite na RTPN) é bem mais interessante de seguir que o da véspera. Um painel de adeptos do futebol simpáticos e bem dispostos, e um extraordinário moderador que não esconde nem por um segundo a sua enorme paixão pelo jogo, proporcionam uma hora e meia bem passada. Só não entendo a (injustificada e absurda) embirração pelo seleccionador nacional, que se tornou inexplicavelmente comum a todos os participantes, e já levantou alguns problemas profissionais ao próprio Carlos Daniel.
4 comentários:
à cerca dos bilhetes em Alvalade a critica é legitima, mas a argumentação é no mínimo discutível. Os viscondes era antigamente, a grandeza do Sporting é feita com todos. Os não sócios têm de pagar bem porque os lugares estão quase todos vendidos, se não quiserem vão ao São Carlos que é mais barato.
em relação aos loureiros e à "nova" liga, o que mais me entristece é a falta de profissionalismo dos jornalistas por nao denunciarem esta vergonhosa acumulação de cargos or parte de herminio loureiro que é deputado e presidenta da liga,
sem duvida a fazer jus ao seu antecessor em termos de acumulações...
de facto esta tudo na mesma....
Otragal,
A questão é que frente ao Inter estavam lá uns míseros 35 mil, e frente ao F.C.Porto estarão apenas aqueles que têm Game Box.
Mas cada clube pratica a política que entende.
Anónimo,
Perfeitamente de acordo.
Nem sei se à imprensa interessará muito que os casos e as polémicas deixem de existir.
Nos jogos internacionais é diferente, tem de se pagar o up-grade das game box. Miseros 35 mil? As assisitencias na Luz são assim tão diferentes? O Vedeta tem números ou está a falar de cor?
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