BUBA DE GOLOS

O Sporting desperdiçou ontem em Aveiro a possibilidade de beneficiar pontualmente do clássico desta noite, ao ceder um empate frente ao Beira-Mar num jogo absolutamente electrizante.
Houve de tudo em Aveiro: golos, oportunidades, falhanços, frangos, Liedson, Jardel e sobretudo um grande espectáculo de futebol. Os últimos instantes da partida foram verdadeiramente impróprios para cardíacos pois o resultado a nove minutos dos noventa era de 1-1, acabando em 3-3 depois de o Sporting se colocar em vantagem por duas vezes e parecer ter o jogo nas mãos.
O camaronês Buba foi o herói do jogo, anotando todos os três golos da equipa de Augusto Inácio, sendo o último dos quais marcado aos 94 minutos, quando o Sporting ainda festejava aquele que se pensava ser o tento da vitória e que significava também o regresso de Liedson aos golos depois de um período de jejum. Mário Jardel, começando no banco de suplentes, acabou por ter também uma importante participação no jogo, ficando ligado aos últimos dois golos da sua equipa – primeiro cabeceando para uma grande defesa de Ricardo que não susteve depois a recarga de Buba, e no segundo abrindo espaço por onde o camaronês fuzilou as redes verde-brancas.
Na primeira parte, alguma displicência dos leões – provavelmente com pensamento no embate da próxima terça-feira em Munique – permitiu aos da casa equilibrar o jogo e chegar mesmo à vantagem na sequência de um golpe de cabeça de... Buba correspondendo a um livre muito bem executado por Vasco Matos. O Sporting pareceu guardar a sua reacção para a segunda parte, na qual melhorou bastante com as entradas de Nani – castigado no banco pelo técnico devido às últimas más actuações - e sobretudo de Carlos Martins, para os lugares de uns desastrados Romagnoli e Farnerud (pouco certeiras as últimas contratações dos leões) . Foi contudo através uma falha clamorosa do guardião aveirense que Alecsandro restabeleceu a igualdade, com meia-hora de jogo ainda pela frente. Depois de muita insistência e algumas oportunidades perdidas, foi o jovem Yannick Djaló a marcar o 1-2 aos 81 minutos (dois golos em duas jornadas do jovem avançado), pensando-se então que o jogo ficaria definitivamente resolvido. Mas muita coisa ainda iria acontecer. Buba de novo aos 86 minutos restabelecia a igualdade, num lance em que a defesa leonina evidenciou fragilidades que se lhe não reconheciam. Depois foram aqueles minutos loucos com Liedson e novamente Buba (de novo com grandes facilidades concedidas pelos leões na sua área) a marcarem. 3-3 num dos melhores jogos do campeonato até ao momento.
O Sporting perde assim dois importantes pontos na luta da frente, mas pode-se queixar fundamentalmente de si próprio e sobretudo do seu sector defensivo - extremamente infeliz nesta partida - além de alguma apatia em toda a primeira parte, própria de quem está em vésperas de um determinante encontro da Champions League. O Beira Mar recupera assim o ânimo perdido após os seus últimos resultados, justamente na semana que antecede a sua visita ao Estádio da Luz.
Em termos individuais todo o destaque vai para Buba - fez certamente o jogo da sua vida. No Sporting, além do regresso aos golos do "levezinho", há que salientar as boas prestações de Yannick Djaló e de Carlos Martins no período que esteve em campo. Pela negativa, e como já se disse, realce para a dupla de centrais leonina, permissiva como nunca se tinha visto desde que Paulo Bento lidera a equipa. Tonel em particular está uma sombra do jogador da época passada, que chegou a ser apontado como seleccionável para o Mundial.
Nota final para as palavras de Paulo Bento que visivelmente transtornado com os dois pontos ingloriamente perdidos disparou na direcção dos seus jogadores acusando-os de ingenuidade e culpando-os tacitamente, perante o país desportivo, do mau resultado, algo que fica sempre mal a qualquer treinador sobretudo tratando-se de alguém com ainda menos de um ano de experiência. Não se pode pretender ter "sol na eira e chuva no nabal", que é como quem diz: uma equipa jovem recheada de jogadores da formação e simultaneamente a experiência que permita evitar o tipo de desvario competitivo que originou os golos aveirenses. Paulo Bento deve trabalhar este tipo de aspectos dentro do Centro de Estágio, mas nunca em conferências de imprensa, onde estas palavras soam claramente a mau perder e a desculpabilização dele próprio. Tal como os seus jogadores, Bento tem, pelos vistos, ainda muitas coisas a aprender para se considerar um treinador de top.
Com este resultado o embate entre águias e dragões marcado para esta noite ganha novos motivos de interesse: quem ganhar assume a liderança virtual da prova.

1 comentário:

Ponto Verde disse...

A Escola da Corrupção de Luís Filipe Vieira e o triste fim de Vale e Azevedo em www.a-sul.blogspot.com