NA RETRANCA

Friamente, não há muito a esperar de Stanford Bridge a não ser tentar obter um pontinho. Nessa perspectiva, proponho um onze bastante conservador, com dois alas mais defensivos. Hesitei entre Sudakov e Lukebakio, pois não sei se este consegue fazer uma posição mais central. De resto, ainda não ficou provado, pelo contrário, que Rios traga mais à equipa do que Barreiro - que pelo menos corre desalmadamente durante jogos inteiros, pressionando à esquerda, pressionando à direita, perturbando a saída de jogo do adversário.

É ISTO

Dois lances iguais, golo do Sporting no Estoril validado em fora-de-jogo posicional, golo do Benfica em Alvalade anulado por fora-de-jogo posicional.
Mais dois lances iguais. Pisão de Otamendi no defesa do Rio Ave, golo anulado ao Benfica na Luz. Pisão de Hjulmand a Dahl dentro da grande área do Sporting, cartão amarelo a Dahl por simulação, no Jamor.

Não é preciso ir a Matheus Reis, nem a penáltis cometidos com o ombro de Otamendi. A verdade é que já vão duas Taças de Portugal roubadas (o lance de Di Maria foi decisivo na meia-final de 2024), um campeonato subvertido, e outro a caminho de o ser.
Querem que eu faça críticas ao Rui Costa? Aqui vão elas: falou tarde demais, e andou com paninhos quentes demasiado tempo. Se outro faria melhor? Isso já não sei.

 

AS SONDAGENS

Já todos sabemos que valem o que valem. 
Como meros indicadores circunscritos a um determinado momento têm a sua utilidade, embora sejam extremamente difíceis de fazer em populações alvo pequenas, como um clube de futebol ou um concelho (as autárquicas vão ser uma dor de cabeça para as empresas do ramo). São mais fáceis quando a população é de dez milhões, e se consegue uma boa amostra, como em eleições legislativas ou presidenciais.
Particularmente a sondagem da Intercampus, feita neste último fim-de-semana, parece-me relativamente credível, dentro das condicionantes que acima referi. Não porque tenha alguma simpatia ou antipatia pela empresa que a realizou à porta do Estádio da Luz, mas simplesmente porque...participei nela. 
Respondi a várias perguntas, algumas delas clicando num tablet sem a funcionária ver a minha escolha. Em quem votaria, se não pudesse votar nesse qual seria a minha segunda escolha, a última escolha. Qual a minha idade, onde vivia, grau de escolaridade, quantos anos de sócio. Quem, independentemente da minha preferência, eu achava que ia ganhar. Quais as características que mais valorizo num candidato. Etc...
Pode ter havido mobilização de determinadas candidaturas apelando, via redes sociais, à participação na sondagem, subvertendo-a. Mas, mesmo não sendo especialista na matéria, tecnicamente pareceu-me bem feita.
Os resultados também não me surpreenderam. As eleições do Benfica serão decididas entre Rui Costa e Noronha Lopes - e ainda bem.
Quem irá ganhar? É fácil de prever que os votantes em Manteigas, em nome da mundança, votem em Noronha Lopes, e acredito que os de Vieira, em nome da estabilidade, votem em Rui Costa (exceptuando o próprio Vieira...). Os restantes candidatos têm votações residuais. Pela sondagem, numa segunda volta Noronha teria então, grosso modo, cerca de 50%, e Rui Costa cerca de 40%, com 10% pendentes. Estimo que a margem de erro ande pelos 5%., o que deixaria a questão em aberto.
O que irá decidir tudo? Basicamente os próximos resultados da equipa de futebol. Sobretudo um dos resultados: o do FC Porto-Benfica. Em caso de vitória no Dragão, acho que Rui Costa conseguirá convencer muitos indecisos a darem-lhe uma segunda oportunidade. Se a equipa se afundar (recordo que, perdendo no Dragão ficará já a sete pontos da liderança), o estado de alma dos benfiquistas será mais negativo e, naturalmente, mais propenso à mudança.
Como sempre, é a bola que bate no poste que decide tudo. Foi assim no último campeonato, e se Pavlidis tivesse marcado aquele golo ao Sporting, agora talvez nem sequer houvesse candidatos: Rui Costa ganhava com os mesmos 84% que teve nas outras eleições, quando não apareceu mais ninguém.

ASSEMBLEIAS ANACRÓNICAS

O Benfica tem seis milhões de adeptos e 400 mill sócios espalhados pelo país e pelo mundo. Porém, algumas das decisões mais estruturantes da vida do clube são tomadas por umas quantas centenas de pessoas, facilmente capturadas e/ou manipuladas em grupos organizados (claques ou malta dos whatsapps), na sua larga maioria circunscritos geográficamente à região da grande Lisboa, e etariamente a um grupo que eu estimariaa entre os 18 e os 35 anos - que foram os meninos da mamã e do papá, apanharam uma escola facilitista, agora fazem birra ao não perceberem porque é que o mundo, afinal, não é deles, e por isso querem deitar tudo abaixo.
Como diz José Manuel Delgado em "A Bola", e como eu também já aqui havia escrito, este formato de Assembleia-Geral, criado nos tempos de Cosme Damião, é hoje totalmente anacrónico, impróprio, perigoso e apenas serve os propósitos de quem pretende desestabilizar. Não se analisam contas, nem regulamentos: protesta-se, reclama-se e tenta-se, à força de gritaria e não só, impôr pontos de vista que não representam minimamente o benfiquismo real, e cuja maior ou menor impetuosidade advém, numa visão tão estreita quanto o nível de inteligência médio desses grupos, dos últimos resultados da equipa de futebol. Servem, por outro lado, de alimento a horas e horas de directos televisivos e de videos colocados na internet que envergonham o benfiquista comum. Agora é o Rui Costa e o Vieira. Deixem Noronha Lopes chegar à presidência, e haver uma AG após uma ou duas derrotas (sim, porque com Noronha o Benfica não vai ganhar os jogos todos, isso só acontecerá, claro, com o Manteigas...), e logo se verá o que acontece. Se estiver vivo e de boa saúde, cá estarei para lamentar.
Imagine-se o que era o Orçamento de Estado, ou para ir ainda mais longe, uma revisão da Constituição, serem votados no Meo Arena, com a porta aberta a todos os portadores do cartão de cidadão. Já estou a ver os grupos de apoio a X e a Y mais activos nas redes sociais (verdadeiros canos de esgoto do mundo moderno) a transformarem maiorias virtuais em votos reais, para imporem as decisões mais aberrantes que passassem pelas suas iluminadas cabeças.
Estas AG são uma espécie de bancada de claque, e nenhum dirigente do Benfica, passado, presente ou futuro merece ter de passar por elas. Há hoje mecanismos que permitiriam aos sócios, a todos os sócios, votar e aprovar (ou reprovar) as contas, os regulamentos e tudo o que tenha de ser votado num clube democrático. Assim, estamos perante um circo, que de democracia não tem nada. E que, de resto, já vimos também acontecer no FC Porto e no Sporting - em alguns dos casos com contornos ainda mais graves.
O que espero, ou melhor, não espero, exigo! é que a escolha do presidente seja feita por todos os sócios, com voto electrónico ou com mesas de voto em todas as casas do Benfica do país e do mundo. Aqueles que não aceitam o voto electrónico que tratem de arranjar delegados para todas essas mesas. O Benfica não pode, nem vai, ficar entregue a grupetos que só o enxovalham, e iguais aos grupetos que noutros momentos enxovalharam os clubes rivais. Essas gentes têm muito mais a ver uns com os outros, do que cada um deles com o clube do qual dizem ser. Com o meu Benfica não têm nada.

EM FOCINHO DE CÃO

É um jovem advogado à procura de notoriedade e de ganhar nome na praça. Bem falante como quase todos. Vaidoso como poucos. Mas com tanta capacidade para ser presidente do Benfica quanto eu - e estou a ser modesto.
Decidiu pescar votos no caixote do lixo do Benfica, na malta dos grupos de whatsapp e das redes sociais, junto daqueles que conspurcam as Assembleias Gerais, e alguns dos que atiram tochas e petardos para as bancadas adversárias. Daqueles que, em suma, envergonham o benfiquismo.
Talvez desse um bom chefe para a claque. Para presidente, Deus nos livre!

É A "EXIGÊNCIA", ESTÚPIDO!

Se alguém quiser voltar a questionar-me porque motivo defendo os representantes do clube em (quase) todas as circunstâncias,  as imagens da (uma vez mais) vergonhosa AG são, infelizmente, uma boa resposta.
É aquele o resultado de um tipo de contestação em que cada um acha que o Benfica é apenas dele.
Vivemos tempos em que, muito por via das redes sociais, a estupidez perdeu a vergonha. Se acontece na política do país e do mundo, teria de acontecer num clube popular como o Benfica. Se a Assembleia da República está hoje, ela própria, cheia de um bando de arruaceiros, como esperar que uma AG do clube mais popular do país não o esteja?

SALVARAM-SE OS PONTOS

O jogo desta noite não foi muito diferente dos do Santa Clara, do Qarabag, do Rio Ave, como também da Reboleira ou de Alverca. Uns o Benfica ganhou de aflitos, outros não.  Desta vez os três pontos ficaram em casa, com muita sorte e demasiado Trubin.
Aquilo que Mourinho disse no fim, sobre a zona cinzenta na identidade de uma equipa ainda com ideias cruzadas entre dois treinadores, viu-se bem em campo - quer na falta de automatismos, quer na desorganização generalizada, com muitos jogadores sem saberem, sequer, para onde correr.
É preciso dizer também que o Gil Vicente foi a melhor equipa que os encarnados até agora defrontaram no campeonato. Tanto e tão justificadamente aqui critico a liga portuguesa e o seu desfile de miseráveis exemplos de mediocridade,  como sou obrigado a reconhecer que esta equipa de César Peixoto é das poucas que veio à Luz verdadeiramente jogar futebol.
Juntando a isso um Benfica cansado e animicamente perturbado com os últimos resultados, e tivemos uma partida esquisita, em que os minhotos (enfim, o clube minhoto) dominaram em largos espaços, e mereciam ter obtido outro resultado - bem ao contrário de Santa Clara e Rio Ave, sobretudo os açorianos (enfim, o clube açoriano), que nada fizeram para lhes cair um pontinho do céu. 
É assim o futebol. 
Mais uma vez a arbitragem foi protagonista (e isso já não devia ser o futebol), empurrando habilidosamente o Benfica para o chão. Critérios obtusos, uma decisão incompreensível no lance que origina o golo do Gil, amarelos por mostrar de um lado, amarelos em excesso do outro, e por fim sete minutos de compensação que ninguém percebeu.
O Benfica não ficou calado, nem podia ficar. São já demasiadas interferências de jovens árbitros de um qualquer aviário que não parecem trazer nada de novo face ao que estávamos habituados.
Sobra a vitória,  que era extremamente importante. Que era o mais importante. E no fim da partida, muita gente na bancada hesitava entre assobiar mais uma exibição cinzento escuro, ou dar largas ao alívio por poder enfim celebrar os pontos, depois de três traumas seguidos no Estádio da Luz.
Individualmente destacaria Pavlidis e Trubin, o primeiro pelos golos que marcou, o segundo pelos que evitou. Tudo o resto foi muito fraquinho, até mesmo elementos que já haviam mostrado qualidades, como Dedic e Sudakov. Dahl começa a ser um problema, e Schjelderup outro. Que saudades de Carreras e Di Maria...
Agora segue-se Stanford Bridge. O primeiro jogo da temporada em que o Benfica não é favorito e parte como outsider. Uma oportunidade excelente para virar a página, num estádio que Mourinho conhece bem. Será que há pernas e cabeça para isso? Enfim, qualquer pontinho valerá ouro.

UM JOGO INGRATO

Este será um daqueles jogos em que o Benfica tem muito a perder, e pouco a ganhar. Na verdade, com os dois empates cedidos, já anda a correr atrás do prejuízo. A seguir desloca-se ao Dragão, para defrontar um FC Porto muito mais forte que o da época passada. Não pode, de modo algum, perder pontos com o Gil Vicente. E mesmo ganhando aos minhotos, estará sempre em risco de, no caso de derrota no Dragão, ficar a uma distância de sete pontos - que não sendo irrecuperável, já começaria a ser um poço demasiado fundo para escalar.
Diria que, para recuperar a confiança, uma simples vitória não chega. Será preciso uma exibição convincente. Estará a equipa em condições físicas e anímicas para o fazer? Veremos.
É de facto uma lástica que, com o calendário que tinha, o Benfica se tivesse colocado nesta situação. Mesmo jogando o pouco que jogou, podia estar nesta altura só com vitórias, no Campeonato e na Champions. 

O QUE É UM PROJECTO?

Entre os candidatos à presidência do Benfica, uns dizem que têm um projecto, outros dizem que os adversários não têm projecto, e eu pergunto: o que é, exactamente, um projecto?
Ora no Benfica parece-me que não há outro projecto que não seja ganhar títulos. É esse o único desígnio do Benfica.
Apostar na formação? Nenhum candidato negará essa aposta. Mas nem sempre sai de lá um João Neves. Há "fornadas" melhores, e outras menos boas. La Palice poderia dizer que se deve apostar nos jovens quando têm qualidade. É isso.
Qual é o projecto do Sporting? Qual é o projecto do FC Porto? Qual é o projecto do Real Madrid?
Ou seja, um "projecto", no contexto futebolístico, não passa de uma palavra usada para fazer propaganda. Não é nada. É conversa fiada.
O único projecto que existe no Benfica é: ganhar! Umas vezes consegue-se, outras não.

O MITO DA EQUIPA DE MILHÕES

Acima está uma foto do onze que goleou o Atlético de Madrid, há mais ou menos um ano atrás. Da equipa titular sairam praticamente metade dos jogadores (a título de exemplo, só quatro foram utilizados com o Rio Ave). Além destes, saíram muitos mais. Uns melhores, outros piores, outros assim-assim. Uns mais importantes, outros quase irrelevantes. Considerando todos os que começaram a época passada, vimos uma debandada de 25 jogadores, o que dá um plantel inteiro (além do treinador). Então vejamos:
ANDRÉ GOMES - Alverca
BAJRAMI - Lucerna 5M
CARRERAS - Real Madrid 50M
GUSTAVO MARQUES - Bragantino
FLORENTINO - Burnley 26M
KOKÇU - Besiktas 30M
RENATO SANCHES - Panathinaikos
HUGO FÉLIX - Tondela
RAFAEL LUÍS - Estrasburgo
MARTIM NETO - Elche 1,5M
DI MARIA -Rosário Central
AKTURKOGLU - Fenerbahce 22,5+2,5M
BELOTTI - Cagliari
AMDOUNI - Burnley
ARTHUR CABRAL - Botafogo 12+3M
TIAGO GOUVEIA - Nice 8M
GUSTAVO VARELA - Gil Vicente
TENGSTEDT - Feyenoord 6+1M
BESTE - Wolfsburg 8+1,5M
ROLLHEISER - Santos 11M
MARCOS LEONARDO - Al Hilal 40M
JOÃO MÁRIO - Besiktas 2M
MORATO - Nottingham Forest 17,8M
KABORÉ - Wrexham
GERSON SOUSA - Kifisias
Se somarmos mais 13 milhões de direitos na transferência de Gedson, 500 mil euros na de Darwin e 6 milhões pelos objectivos cumpridos de João Neves, chegamos ao valor que o Benfica encaixou com este desinvestimento desportivo: cerca de 260 milhões de euros. Vou escrever por extenso e em maiúsculas: DUZENTOS E SESSENTA MILHÕES DE EUROS!
A equipa de milhões é pois um mito. Só se for de jogadores a saírem e milhões a entrarem nos cofres. Este é, pois, um Benfica mais fraco que o da época passada, mas também bastante mais baratucho.
Se vai ganhar algum título, ninguém sabe. Mas, por favor, não digam que investiu milhões, nem que é uma equipa de milhões. É mentira!

UM PROBLEMA CENTRAL

Veio como o primeiro grande reforço de um novo Benfica, para trazer ao meio-campo encarnado critério, rigor, músculo, compromisso e talento, substituindo um Kokçu que apenas tinha a última dessas virtudes. Foi a contratação mais cara de sempre do Benfica, e, creio, do futebol português (perdoem-me se estou errado, mas não me apetece pesquisar os números dos outros). Ao contrário da maioria dos colegas, chegou com a sua temporada bilógica a meio, o que faria supor um rendimento imediato. A verdade é que já lá vão doze jogos, e Richard Rios continua um redondo zero.
Joga demasiado devagar, erra passes como ninguém, nunca está no sítio certo, perde quase todos os duelos excepto quando faz falta - já fez algumas em zonas proíbidas e quando as devia fazer não as faz. Vou começando a ter alguma falta de vista, e talvez seja por isso que passo minutos a fio sem sequer o ver em campo. Vejo, sim, espaços onde ele devia estar e não está. Ultimamente contagiou Enzo Barrenechea (esse, com o cabelo amarelo, facilita o meu GPS), que iniciara bem a temporada e, jogo a jogo, tem vindo a cair paulatinamente na letargia errática do parceiro do lado.
O Benfica tem um bom guarda-redes, tem bons centrais, adquiriu um excelente lateral-direito, o lateral-esquerdo é fraquito mas cumpre, e tem bons avançados. O que falta sobretudo a este Benfica? Claramente um meio-campo sólido e dinâmico, que ligue o futebol da equipa e o torne coerente. Que defina os ritmos adequados a cada momento. Que faça andar para a frente quando necessário, e saiba conter  resultados vantajosos evitando aflições. Quem é o elemento central desse meio-campo? Pois é. A verdade é dura mas cristalina.
No passado recente, Weigl e Kokçu foram, também eles, contratações caríssimas, e não cumpriram aquilo que deles se esperava. Um até era simpático mas jogava como uma bailarina, ou outro era talentoso mas não estava para se chatear e trazia tiques de prima-dona. Está naturalmente por fazer um balanço definitivo sobre o que vale Rios, e o que pode trazer de bom à equipa. Mas por agora estou, pelo menos, tão preocupado como estava quando vi as primeiras actuações do alemão e do turco atrás citados. E devo dizer que não acredito muito em períodos de adaptação, sobretudo quando se estendem para lá de dois ou três jogos. Falando apenas de sul-americanos, lembro Enzo Fernandez e, por outro lado, Everton Cebolinha - cujo período de adaptação nunca chegou a terminar.
O povo costuma dizer que aquilo que nasce torto, tarde ou nunca se endireita. Rios começou por dar nas vistas num festival de música, ao qual foi à revelia do clube, mentindo sobre o motivo da saída nocturna. A polémica podia ter-lhe espicaçado o orgulho, mas não. A cada jogo, parece mais distante daquilo que dele se esperava. Naturalmente a confiança vai-seressentindo, criando um ciclo vicioso do qual só ele próprio poderá saír. Se é homem para isso? Vamos ver. Por agora punha o Barreiro no onze titular, que não sendo um artista, corre que se farta, pressiona em todo campo e às vezes até aparece a finalizar. Seria um remendo, mas antes um remendo que um buraco nas calças.
Tal como as coisas estão, não me chocava que se tentasse revender Richard Rios para a América do Sul já em Janeiro, recuperando, pelo menos, parte do investimento efectuado. Não sou scouter, nem sei onde pode o Benfica encontrar um médio como, por exemplo, ...Hjulmand - que chegou ao Sporting por pouco mais de metade do preço do colombiano. Mas com este meio-campo, não acredito honestamente que o Benfica seja campeão.

COMO É POSSÍVEL?

É um filme já demasiadas vezes repetido. O Benfica em vantagem, sofre golos nos descontos. Nas Aves, com o Arouca, no Jamor, com o Santa Clara e agora com o Rio Ave, só para não ir mais atrás no tempo (Chaves, Catamo, Matheus Nunes, Talisca, Kelvin etc). Se não houvesse descontos, creio que o Benfica teria mais dois ou três campeonatos no seu palmarés.
Vantagens que deram muito trabalho a conseguir, neste caso arrancada a ferros e a Lukebakio, são desperdiçadas por desconcentrações tardias, em alturas em que não podiam, de todo, acontecer. Sofrer golos em contra-ataques aos 91 minutos, quando se está em vantagem, é de uma candura inqualificável.
Uma vez aceita-se, duas ou três,  enfim, mas quando se torna um padrão, começa a intrigar. Começa a não haver desculpa. Estamos perante um padrão, que custou o campeonato e a taça da época anterior, e pelo andar da carruagem, começa também a comprometer a presente.
O Benfica deu meia parte de avanço.  E logo aí começou a complicar a sua vida. Mas pelo que fez na segunda metade, não merecia tão cruel facada. Ou merecia, por ter sofrido um golo assim, naquele momento.
Houve coisas boas neste jogo, que o resultado naturalmente deitou para o lixo. Lulebakio, por exemplo, foi uma boa surpresa. A dinâmica colectiva em certos momentos da segunda parte também foi interessante. Obviamente houve coisas más. E eu não queria, mas tenho de falar novamente de Rios, que agora parece estar a contagiar o seu parceiro de meio-campo (Enzo), que começou bem a temporada, mas, jogo a jogo, vai-me fazendo sentir saudades de Florentino.
Além destes dois, que ocupam uma zona nevrálgica do terreno,  também é de sublinhar a má forma de Dahl e de Schjelderup. Dedic e Pavlidis também não voltaram bem das pausas. Os centrais têm dias. É demasiada gente a meio gás ou a gás nenhum.
É preciso também colocar o dedo na ferida: esta equipa não é assim tão boa, e está mais fraca que a da época passada. Desde logo falta Di Maria, que resolvia sozinho um jogo em cada três.  Depois, não há Carreras nem Akturkoglu, que eram elementos diferenciadores a defender e, com assistências e golos, atacar.  Florentino já mencionei. E até Kokçu, com todos os seus problemas, era ainda assim melhor do que Rios.
Foram mais de 100 milhões em vendas, que, pelo menos no imediato, não se vê que tenham sido colmatadas.
O Sporting ficou privado de um único titular e manteve o treinador. O FC Porto reforçou-se muito e bem. Mesmo com Mourinho, não será fácil este Benfica vencer o campeonato. Não pelos quatro pontos, mas pelas insuficiências referidas, e que têm sido escondidas atrás da falsa narrativa dos investimentos milionários e da equipa de milhões. Como aqui demonstrei na altura, entre o deve e o haver, o Benfica vendeu mais do que comprou. Está agora a ver-se que não comprou assim tão bem, sobretudo se olharmos para o meio-campo e para a lateral esquerda (Dahl era suplente de Carreras).
Desta vez não foi pelo árbitro que o Benfica não ganhou. Mas ainda assim, a actuação de mais um senhor desconhecido deixou muito a desejar, complicando um jogo que até era fácil de apitar. O Rio Ave limitou-se a não deixar jogar. Apenas mais um nesta fantástica liga portuguesa, cujas receitas querem dividir.
E agora? Não se pode mudar de plantel. Não se vai mudar de treinador. Vão dizer-me que se pode mudar de presidente. Quem me dera que fosse isso a fazer do Benfica campeão. Obviamente não fará. O que é pena. Acreditemos que Mourinho ainda faça milagres.

PORQUE NÃO?

É claro que Mourinho não vai mexer tanto, pelo menos nesta fase. Mas acho que, por diferentes motivos, Dahl e Rios estão a precisar de banco. E o próprio António Silva, que começou tão bem a temporada, tem parecido menos seguro nas últimas partidas, e dói ver Tomás Araújo de fora.

OS PONTOS

Nas últimas quinze jornadas do último campeonato, Benfica e Sporting não perderam qualquer jogo: empataram entre si, empataram ambos com o Braga e com o Arouca, os leões empataram ainda com o Porto e com o Aves. Venceram os outros 22 jogos que disputaram.
Nesta temporada, acrescentando aqui um renovado FC Porto, os três grandes ganharam todos os jogos que disputaram com as restantes equipas, com uma única excepção: o golo do Santa Clara no último minuto na partida da Luz. Marcaram quarenta golos, sofreram quatro - marcaram, pois, dez vezes mais do que sofreram. Não se contabiliza aqui, naturalmente, o Sporting-FC Porto.da 4ª jornada.N
Num campeonato de 34 jrondas, os jogos com Sporting, Porto, Braga e Guimarães representam 23% do total. Ora nos seus últimos dois títulos, o Benfica teve de vencer 81% dos jogos para se sagrar campeão.
Isto revela duas coisas. A primeira é que a liga portuguesa é miserável, não tem qualquer lastro de competitividade, e não a tem porque a maioria dos clubes (?) são inexistências sociais e desportivas. Só Benfica, Sporting, Porto, Braga e Guimarães são verdadeiros clubes desportivos. O resto, com uma ou outra excepção, são SAD fantasma, sem adeptos, sem história, sem instalações condignas, sem relvados decentes, sem representatividade social e/ou geográfica, repletas de jogadores estrangeiros de refugo, e onde treinadores espertalhões se especializam no anti-jogo, e investidores arrivistas tratam de ganhar o seu. por cima e por baixo da mesa. Ao contrário do que se proclama, e possa parecer aos mais incautos, uma redistribuição de receitas seria uma espécie de Robin dos Bosques ao contrário: tirar dinheiro dos bolsos do povo que vai aos estádios e apoia os seus clubes (os adeptos dos cinco clubes que mencionei, e que serão 98% dos portugueses que gostam de futebol), para o entregar a investidores vindos não se sabe de onde, mas sabe-se demasiado bem porquê. 
A segunda coisa é que, num campeonato como este, perder dois pontos (ou seja, um simples empate), pode tornar-se dramático. Vu-se no Benfica-Arouca na época passada, por constraste com um Sporting-Gil Vicente que os leões venceram no último suspiro.
É pertinente lembrar isto numa semana em que, no espaço de três dias, há um Benfica-Rio Ave e um Benfica-Gil Vicente. Acresce que, na jornada seguinte, disputa-se um Porto-Benfica. Neste simulacro de liga, os encarnados já esbanjaram dois pontos. Eu diria que, na primeira volta, não podem mesmo vacilar mais.

MELHOR, MUITO OBRIGADO

Há exactamente 25 anos Mourinho entrou no Benfica a perder. Entraria também no FC Porto a empatar. Desta vez, num campo difícil e perante mais um adversário fechado, entrou a vencer.
A tremideira evidenciada pelos jogadores do Benfica no jogo europeu viu-se, também, ao longo da primeira parte nas Aves. A diferença fundamental foi que, com apenas um golo, a equipa libertou-se e realizou uma bela segunda parte, obtendo, com naturalidade, uma vitória clara e, a partir de certa altura, tranquila.
Mourinho terá orientado um treino. Talvez dois. Era impossível transformar tudo em tão pouco tempo. O dedo de que ele próprio falou foi a opção por dois pontas de lança, colocando Ivanovic no onze, por troca com Schjelderup - que de facto estivera apagadíssimo nas últimas partidas. Correu bem pois o croata fez uma excelente exibição,  coroada com um merecido golo (podiam ter sido dois, não fosse o cruzamento de Dahl ser feito ligeiramente fora do campo). Tanto quanto me parece, a ideia de Mourinho parece apontar para um losango, com Enzo, Rios, Aursnes e Sudakov. Veremos se os próximos jogos o confirmam. Mas a maior nota de destaque foi para a forma como a equipa se soltou quando se apanhou em vantagem, lembrando que, quer frente ao Santa Clara, quer frente ao Qarabag, o Benfica também estivera em vantagem e nem assim se tranquilizou.
O que me agrada mais, neste momento, é a união em torno do treinador e da equipa. Confesso alguma surpresa ao verificar que Mourinho,  mesmo nesta fase da sua carreira, é tão consensual entre os benfiquistas, representando a poderosa injecção anímica de que todos precisávamos. Que mais não seja por isso, valeu a pena a troca. Por alguma coisa se chama, às trocas de treinador, "chicotadas PSICOLÓGICAS ". 
De notar ainda que, na conferência de imprensa, Mou começou já a preparar a deslocação ao Dragão, procurando subtilmente amaçiar o rival.
Na terça-feira há mais. A Luz vai encher, e mais uma vitória levará a equipa do Benfica para uma zona de maior conforto, deitando a crise definitivamente para trás das costas.

APERTEM OS CINTOS

 A contratação de José Mourinho pelo Benfica tem várias virtudes:
1) É, desde logo, o treinador com maior palmarés alguma vez contratado por um clube português;
2) Isso fará silenciar ou, pelo menos, condicionar, a enorme hostilidade com que alguma comunicação social triturou Bruno Lage, e trituraria qualquer outro que, com menos arcaboiço, chegasse agora à Luz;
3) Com o seu prestígio e a sua capacidade de liderança, não haverá, seguramente, grandes problemas de balneário. E se os houver, o técnico resolve-os sumariamente - a "estrela" vai ser ele, e os jogadores serão, se quiserem, seus fiés seguidores (se não quiserem: bancada ou até equipa B);
4) A sua enorme capacidade de comunicar vai pôr os árbitros em sentido, colmatando uma das principais lacunas do próprio presidente Rui Costa;
5) O seu nome, conhecido em todo o mundo, vai captar atenções (e visualizações, e mercado) para o Benfica, e mesmo para o campeonato português.

Estas são aquelas com as quais toda a gente concordará. 
Há uma outra que eu gostaria que se viesse a confirmar, mas para o qual uma boa parte dos benfiquistas terá de estar preparada (e não sei se está). Mourinho não é, nunca foi, um treinador de futebol bonito. As suas melhores equipas não eram grupos de baile, mas sim exércitos de guerra. 
Há uma mitologia criada no clube da Luz, que não tem allicerces históricos mas virou lenda, segundo a qual o futebol "à Benfica" tem de ser um futebol de ataque. As equipas que ganharam, primeiro a Taça Latina em 1950, depois a Taça dos Campeões de 1961, não eram nada disso. Toda a história do Benfica até Eusébio, todas as suas raízes populares, eram de sangue, suor e lágrimas. Eram de fato-macaco e de luta. Os Violinos estavam do outro lado da estrada.
Nas últimas décadas, e de algum modo em sintonia com esse mito, a aposta foi sempre em treinadores de ataque, desde Jorge Jesus a Bruno Lage, passando por Roger Schmidt (Rui Vitória não era bem uma coisa nem outra). Quando se ganhou, ganhou-se, é certo, de forma esmagadora e aliciante para as bancadas. Mas a verdade é que se perdeu demasiadas vezes, primeiro para um FC Porto versão tanque de combate e faca nos dentes (com defesas de ferro, meios-campos de aço e um ou outro artista lá na frente), e depois para um Sporting de Amorim, que Rui Borges herdou, e que, pelo menos dentro do campo, bebeu muito desse jogo sujo, defensivo, litigante, musculado, provocador e... ganhador.
De Mourinho não espero ópera. E não me importarei nada de ganhar no Dragão e/ou em Alvalade, com sete defesas enfiados na área, como ele nos seus melhores tempos fez com o Inter em Camp Nou, ao grande Barcelona de Messi, de Guardiola e do Tikitaka. No fim, quero é ir ao Marquês, seja de carro, a pé ou de metro, seja com vitórias por 1-0, 2-1 ou 8-0, seja com exibições vistosas ou enfadonhas, com vinte pontos de avançao ou com apenas um. Estando o Benfica em campo, só me interessa uma coisa: ganhar.
Benfiquistas, apertem pois os cintos, vamos para a guerra!

VENHA DE LÁ MOURINHO

Fosse o José Mourinho de há dez anos atrás, e o seu regresso ao Benfica seria apoteótico, com confetis e banda de música. Provavelmente esse Mourinho não viria para Portugal. Como, de resto, não veio.
O José Mourinho de hoje não tem o mesmo toque de Midas que fez dele um dos melhores treinadores do mundo (se não o melhor) na primeira década deste século. Há mais de dez anos que não ganha um campeonato (depois da segunda passagem pelo Chelsea, treinou Manchester United, Tottenham, Roma e Fenerbahce), e foi acumulando chorudas indemnizações (já mais de 100M) em sucessivos despedimentos.
Embora muitos dos métodos inovadores que apresentou no início da carreira sejam hoje de algum modo corriqueiros, o "Special One", mesmo sem ser o elemento disruptivo que era no passado, não deixa de ser, ainda assim, um treinador muito experiente, com grande capacidade de liderança e de comunicação, que pode ser uma mais-valia, particularmente face ao momento que o Benfica atravessa.
Há treinadores melhores? Há. Mas dentro do lote daqueles que o clube pode, realisticamente, contratar, não vejo muitos.
Espero que Mourinho traga vontade de completar o trabalho que não pôde fazer em 2001, e traga, também, mais energia do que aquela que demonstrou na recente pré-eliminatória em que foi eliminado por...Bruno Lage.
Se se confirmar a sua contratação, Mourinho será, a partir desse momento, o meu treinador. E, espero, o treinador de todos os benfiquistas, apoiem eles o candidato A, B ou C nas próximas eleicções para os órgãos sociais.

OBRIGADO, BRUNO LAGE!

CAMPEONATO 2019

SUPERTAÇA 2019

TAÇA DA LIGA 2025

SUPERTAÇA 2025
-Obrigado por uma segunda volta inesquecível em 2019, com 18 vitórias e um empate em 19 jogos (triunfos no Dragão, em Alvalade, Braga e Guimarães), e um título nacional com o qual já ninguém contava;
-Obrigado pelos jogadores da formação lançados na equipa principal, sobretudo João Félix que rendeu ao clube 120 milhões de euros, após seis meses de trabalho com o treinador;
-Obrigado pela Supertaça de 2019, conquistada com uma goleada ao Sporting (5-0), a maior em dérbis nos últimos 35 anos;
-Obrigado pela magnífica primeira volta de 2019-20, com 18 vitórias nos primeiros 19 jogos. Depois a equipa caíu a pique de forma nunca explicada, mas, suspeito, alheia ao treinador (prémios em atraso?);
-Obrigado pela retumbante reentrada no Benfica, com goleadas ao Atlético de Madrid, ao FC Porto (em casa e fora, batendo record de décadas), vitórias fora em Belgrado, no Mónaco (duas vezes) e em Turim, e excelentes exibições face ao Barcelona de Pedri, Yamal, Lewandowski e Raphinha, e uma brilhante Champions com a qual o Benfica atingiu o top dez do ranking da UEFA;
-Obrigado por ser o treinador do Benfica que me recordo de mais vezes ganhar no Estádio do Dragão;
-Obrigado por uma saborosa Taça da Liga conquistada ao rival, em Leiria;
-Obrigado por um Campeonato que não ganhou por uma bola ao poste (ou por um penálti cometido pelo ombro de Otamendi, como se queira), mas onde recuperou de uma considerável diferença pontual, e acabou por fazer mais pontos que o Sporting nas jornadas em que comandou a equipa, mesmo sem ter escolhido o plantel, mesmo com arbitragens hostis quase desde início;
-Obrigado por uma Taça de Portugal que ganharia no Jamor não fosse um dos maiores roubos de arbitragem de que tenho memória;
-Obrigado por um Mundial de Clubes muito digno, em que bateu o Bayern de Munique pela primeira vez na história do clube, e em que, tal como na Liga dos Campeões, foi a equipa portuguesa que mais longe chegou;
-Obrigado pela Supertaça da corrente época, conquistada bravamente ao Sporting, mesmo em circunstâncias extremamente difíceis, quase sem férias e sem pré-época;
-Obrigado pelo apuramento para mais uma Champions, alcançado diante de duas boas equipas, sem sofrer qualquer golo em quatro partidas;
-Obrigado, enfim, pela dignidade com que sempre representou o Benfica, pela simplicidade como que se comportou, e pelo benfiquismo que nunca escondeu, numa altura de grande pressão em torno do clube;
-Obrigado, Bruno Lage! Espero que não venhamos a ter saudades mais cedo do que pensamos.

E AGORA?

Confesso que me sinto totalmente ultrapassado pelos acontecimentos, e qualquer comentário que faça será sempre mais emocional do que racional. Em todo o caso, digo o seguinte:
Os factos são que Bruno Lage há cinco dias atrás tinha um registo de resultados perfeito, perdeu apenas um jogo esta época (Qarabag), não perde nos noventa minutos em Portugal desde Janeiro (Casa Pia em Rio Maior), na temporada passada perdeu um campeonato em que fez, enquanto treinador do Benfica, mais pontos do que qualquer outra equipa nas mesmas jornadas, e perdeu uma Taça de Portugal em que a arbitragem foi protagonista como todos vimos. Além disso, já havia sido campeão pelo clube, ganhou também uma Taça da Liga e duas Supertaças, goleou duplamente ao FC Porto (em três deslocações ao Dragão, ganhou duas vezes) e esmagou o Atlético de Madrid, com uma exibição deslumbrante. Ganhou vários jogos fora do país (Belgrado, Monaco, Turim, Nice), realizou uma boa Champions e um bom Mundial.
Talvez nos últimos tempos tenha perdido o plantel, ou pelo menos parte dele. E essa é a explicação que eu encontro para o despedimento. De outro modo, ele seria injustificável à luz das circunstâncias - momento da época, resultados, escolha do plantel e período pré-eleitoral. Até porque isto já aconteceu com outros treinadores, e depois de algum tempo de estado de graça, tudo voltou ao mesmo.
Acredito que o ambiente, fora e porventura também dentro, ia tornar-se irrespirável a partir de agora.
Todos gostamos de emitir opiniões desde fora. Aqui, não faço outra coisa. Neste caso precisaria de mais elementos (que não tenho, que não temos) para ajuizar a situação.
Se isto contribui para a reeleição de Rui Costa? Claro que não.

CUM CARABAG!!!

Assim fica difícil. Tenho defendido este treinador tanto quanto posso. Entrou bem na época, conseguiu dois importantes objectivos. Não me esqueci da forma como perdeu dois títulos na época passada, nem que já foi campeão na Luz. Não esqueço também algumas exibições maravilhosas com ele no banco.
Depois da paragem para as selecções, o Benfica entrou em curto-circuito. Porquê? Não sei,  embora seja notório um elevado nivel de nervosismo, que leva os jogadores a precipitarem constantemente as suas decisões. E esse nervosismo também vem de fora.
Lage tinha razão numa coisa: o Qarabag nada tem a ver com o Santa Clara. E pelas características que mostrou, até parecia ser um adversário mais ao jeito do futebol vertigem do melhor Benfica. 
Esse melhor Benfica durou meia-hora. E,  sob a batuta de Sudakov, isso até parecia chegar para garantir uma vitória tranquila, capaz de serenar as hostes mais inquietas.
O primeiro golo dos azeris mexeu com a equipa e com o estádio. Mas enfim, não parecia ainda ser demasiado grave. O empate a abrir a segunda parte foi, porém, um golpe demasiado duro num conjunto já sobre brasas.
Até ao fim os jogadores correram, lutaram, mas sempre com mais coração do que cabeça. A derrota acaba por ser cruel e injusta, mas não deixa de nos colocar muitas interrogações. 
Ao perder em casa com aquele que era à partida, em contexto Champions, o adversário mais acessível, o Benfica comprometeu desde já o seu futuro na competição. Como diz o povo, o que começa torto tarde ou nunca se endireita. Ou os encarnados ganham em Londres, ou ao Real Madrid - coisas que neste momento nos parecem fantasiosas - ou as contas vão ser muito difíceis de fazer até ao fim.
Mas a Champions não interessa nada a uma parte dos adeptos, que só contabilizam taças (alguns deles, apenas contam as perdidas). Por isso, há que reagir no campeonato. Qualquer outro resultado nas Aves que não seja uma vitória,  deixará Bruno Lage em maus lençóis. 
Por aquilo que hoje correram, não me parece que os jogadores não estejam com ele (mas... estarão todos?). Há muitas atenuantes neste princípio de época, bastante atípico, por diversos motivos. Mas como tantas vezes acontece no futebol, os maus resultados geram uma bola de neve da qual se torna difícil sair. E quando assim é, há que mudar alguma coisa, há que injectar uma nova energia para dar a volta à situação. 
Com um troféu conquistado, com um registo perfeito até há cinco dias atrás, é prematuro deitar fora um treinador. Mas, é preciso reagir de imediato. É preciso limpar a cabeça, e ignorar todo o ruído que se vai intensificar a partir de agora,  e blindar o plantel. Se Lage o consegue fazer? Cabe-lhe a ele mostrá-lo rapidamente. O valor de um treinador também se vê na forma como lida com os momentos difíceis. Este é, inegavelmente, um momento difícil. 
Uma coisa é certa: defenderei o Benfica eternamente. 
Mas não defendo treinadores eternamente. Nem jogadores. Nem presidentes.

ZYGMUNT BAUMAN

RETROTOPIA: nostalgia de um passado idealizado por quem não o viveu, e que na verdade nunca existiu.

EVOLUÇÃO SLB - ranking da UEFA

 De 2002 a 2026.

MUDAR ALGO

Não tendo os flanqueadores que tinha na época passada, talvez o Bruno Lage pudesse mudar o sistema táctico, pelo menos em alguns jogos.
Obviamente que esata solução teria de ser trabalhada, mas não me custa nada propô-la.

MILHÕES PARA CÁ, MILHÕES PARA LÁ

No estadio, e não só, ouviu-se agora que uma equipa de milhões não consegue ganhar a dez santaclarenses. É só meia verdade.
A verdade completa diz também que o Benfica vendeu, por mais de cem milhões, metade da equipa titular - que tinha ficado a um poste e um pisão de ganhar tudo. Carreras, Florentino, Kokçu,  Akturkoglu e Di Maria (já agora, a propósito de El Fideo, deixem-me dizer: que saudades). Nem vou aos Tiagos Gouveias, aos Cabrais, aos Amdounis, aos Bellottis ou aos Renatos, falo apenas do onze base. E podia acrescentar que saíram três dos quatro melhores elementos da equipa.
E se as saídas de Carreras e Di Maria eram mais ou menos inevitáveis, e a de Kokçu era mais ou menos aconselhável,  talvez as de Tino e Kerem tivessem sido excessivas. Veremos.
Uma coisa é certa, foi muita mudança, num contexto difícil,  sem tempo, nem férias, nem pré época.
Outra coisa é igualmente certa. Tal como na política há quem ache que votar em aldrabões populistas vai resolver,  por magia, todos os problemas do país e do mundo,  também no Benfica  há quem ache (e hoje, depois deste empate, muita gente) que mudar de presidente fará a equipa jogar melhor, o Otamendi deixar de escorregar, o Rios acertar um passe, e o Benfica ganhar o campeonato com uma perna às costas, face a dois rivais que têm, neste momento, melhor equipa (custa a admitir, mas é verdade, sobretudo na comparação com o vizinho de Alvalade).

TRISTE ESPECTÁCULO

Não quero crucificar ninguém, sobretudo a quente. Mas sinto-me de alguma forma traído ao verificar que uma equipa e um treinador que tanto tenho defendido, deram tão fraca nota de si próprios, numa altura em que já era de esperar mais alguma coisita em termos de bom futebol. Ou, pelo menos, uma vitóriazita, como as da Amadora e Alverca, deixando a nota artística lá mais para diante. 
Nem uma coisa, nem outra.
Foi tudo demasiado triste. Uma equipa desligada, passiva, previsível,  conformada, e por fim desastrada. Substituições que não trouxeram nada, bem pelo contrário.  E jogadores a precisar de banco (desde logo Rios, que, a cada jogo que passa, me faz lembrar mais de Weigl, e consegue enervar-me mais do que Kokçu - que pelo menos sabia passar uma bola).
Também é verdade que, se a exibição do Benfica foi miserável,  a do Santa Clara, com onze e com dez, miserável foi. O Benfica mereceu o castigo, mas os açorianos não mereciam o prémio. É isto a liga portuguesa: equipas que não jogam nem deixam jogar,  e outras que, por desinspiração ou incompetência, não o conseguem fazer. Nesta noite , a haver justiça, tinham perdido ambos.
Começa também a ser um padrão exasperante o Benfica perder pontos (e troféus,  como no Jamor) no tempo de compensação.  Ou ando distraído ou não vejo isso acontecer com os outros. Pelo contrário,  lembro-me sobretudo do Sporting marcar com frequência nos últimos segundos, e conseguir virar resultados assim. O Benfica nunca o consegue, e vê vitórias fugir dessa forma com demasiada frequência,  normalmente com gritantes erros individuais associados. Falta de concentração? Não sei, mas não acredito muito em coincidências e menos ainda em bruxas, pelo que Bruno Lage deverá analisar o caso e, primeiro perceber porque acontece, depois evitar que volte a acontecer. Por mim, estou farto disto. Foi o AVS, foi o Arouca, foi o Jamor, e agora mais esta. Foi-se um campeonato e uma taça com golos nos descontos, e a saga continua. Já nem vou ao Kelvin, nem ao Matheus Nunes, nem ao Catamo, nem...enfim, a lista é demasiado longa.
O que leva um jogador com a experiência de Otamendi, que até estava a ser dos menos maus, a decidir daquela forma um lance em que era bastante fácil atrasar a bola com o pé, ou dar um pontapé para as couves? Pois não sei.
É futebol, dizem. Mas ou o futebol embirra com o Benfica, ou há muita coisa a rever.
Não me apetece dizer muito mais sobre este jogo negro, e preciso de dois ou três dias sem futebol para enfrentar o futuro.
Na terça feira não espero uma reacção.  Exijo-a!

GANHAR

A jogar bem, a jogar mal ou assim-asssim. Só interessam os três pontos.
Trubin, Tomás Araújo, António Silva, Otamendi, Dahl, Enzo, Aursnes, Rios, Schjelderup, Ivanovic e Pavlidis. 

BENFIQUISMOS

Quando aprendi a ser benfiquista, nem sabia quem era o presidente do clube. Sabia, sim, tudo sobre o Chalana (nome completo, data e local de nascimento), sobre o Nené, o Shéu, o Humberto Coelho, o Bento. Lia, relia e decorava os números e nomes que constavam dos “Cadernos d’A Bola” – publicação que permanecia durante meses na minha mesa de cabeceira. Conhecia também o glorioso passado do clube através das fascinantes histórias que o meu pai me contava, vividas, quer ainda no Campo Grande, quer mais tarde no Estádio da Luz, com intérpretes heroicos como Rogério Pipi, Arsénio, José Águas, e depois, o grande Eusébio.

Só havia um canal de televisão, sem tempo para futebol, muito menos para discussões sobre ele. Não havia internet, e muito menos as redes sociais que trouxeram a taberna para o espaço público -infelizmente não só no desporto.

O que me interessava eram as fintas de Chalana, os cortes de Humberto, os passes de Shéu, os golos de Nené, as defesas de Bento, e, sobretudo, as vitórias do Benfica – que ainda assim nunca deixou de ser um clube democrático, e em que a democracia precedeu, no tempo, a do próprio país.

É algo perturbador constatar que hoje, para uma parcela de benfiquistas, muitos deles ainda bastante jovens, seja mais aliciante polarizar opiniões em torno de temas como os estatutos, as eleições ou os candidatos. Talvez sinal dos tempos, dos algoritmos e da histeria colectiva que tomou conta das sociedades ditas “modernas”, com consequências ainda imprevisíveis.

Obviamente também irei votar, e farei a minha escolha na altura própria, mas, caramba, o Benfica que me interessa não é o das burocracias. É o dos jogos e o das vitórias. No Benfica que eu amo, os protagonistas são os jogadores e os treinadores. E faço questão de vivê-lo assim até ao acto eleitoral.

CONTAS

Embora os dados (em milhões de euros) do Benfica sejam já referentes à totalidade de 2024-25, e os dos rivais sejam relativos à primeira metade (ou seja, ligeiramente menos actuais), esta é a verdadeira situação económica das três SAD. O resto são "pinars", como alguém sábio dizia.

DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS

Há três anos atrás, na sequência da invasão da Ucrania, praticamente todas as federações do mundo, bem como o Comité Olímpico, suspenderam a participação da Rússia nas diversas competições desportivas.
Ora o que se passa em Gaza não tem certamente menor gravidade. Porém, Israel continua alegremente sem sofrer qualquer sanção, e a participar em tudo como se nada estivesse a acontecer. Vê-se o que se está a passar na Volta a Espanha em bicicleta - prova em que a UCI obriga à participação de todas as equipas do primeiro escalão, deixando a organização sem armas para dar resposta -, mas, ainda no ciclismo, viu-se que, na Volta a Portugal, sem essa obrigatoriedade, a equipa de Israel (no caso, uma espécie de equipa B) foi convidada (!?!?), ao mesmo tempo que o vencedor da prova, um russo, não podia sequer exibir a bandeira do seu país. No futebol é o mesmo: falta a Rússia, mas lá está Israel.
Não questiono o princípio, tantas vezes afirmado pela FIFA e pela UEFA, segundo o qual não deve misturar-se desporto com política. Mas nesse caso jamais as equipas russas e os seus atletas (que, de facto, não têm culpa nenhuma daquilo que faz Putin), deveriam ter sido proíbidos de competir. Abriu-se um precedente, e agora o que não pode é haver dois pesos, conforme o bandido é mais ou menos inimigo do mundo ocidental. Só falta castigar um qualquer jogador que um dia destes se lembre de levantar a camisola e exibir uma mensagem de apoio ao massacrado povo palestiniano.
Todas estas entidades (a começar na União Europeia) perdem credibilidade a cada dia que passa, pela falta de critério, e pela falta de firmeza (quando o mundo mais precisava de tudo isso). A participação de Israel nas competições desportivas da UEFA (sem sequer ser um país europeu) é só mais uma prova.
Espero que os acontecimentos da Vuelta sirvam pelo menos para reflexão.

EMBARAÇOSO

Quem conhece mais do que uma ou duas Casas do Benfica, sabe que as há do melhor e do pior. Desde as que são verdadeiras embaixadas de benfiquismo, que promovem iniciativas para acompanhar e apoiar o clube, e que são imprescindíveis para fazer chegar o Benfica a todo o país, e mesmo a todo o mundo, às que não passam de tascas semi-fechadas para petiscos baratos dos seus dirigentes. 
O que não pode haver, de todo, é Casas que emprestem o nome do Sport Lisboa e Benfica a comícios políticos - seja de que partido forem. Aliás, isso belisca os mais nobres artigos dos estatutos do clube que as apoia.
Nesse sentido, a acção da Casa do Benfica da Bairrada tem de merecer um vivo repúdio,  e algo mais, por parte da direcção encarnada. E se aconteceu com mais do que um partido,  o repúdio terá de ser a dobrar.
Ou o evento é cancelado (encontrem outro espaço que nada tenha a ver com o Benfica), ou esta Casa do Benfica muda de órgãos sociais, ou, se nenhuma das coisas acontecer, deverá perder todo o apoio institucional de que, como as outras, beneficia.
Rui Costa e a direcção do clube não podem aceitar um acto que embaraça grande parte dos sócios do Sport Lisboa e Benfica, e provavelmente alguns dos sócios da própria Casa da Bairrada.

O QUE FICOU A FALTAR?

É esta a configuração final do plantel do Benfica. Obviamente algumas posições não são estanques (desde logo Aursnes), mas globalmente não fugirá muito a isto.
O que terá ficado a faltar? Enfim, partindo do princípio que os últimos reforços (Lukebakio e Sudakov) são bons, e que Manu Silva poderá regressar mais rapidamente do que se previa, creio que mais um ala, tipo Akturkoglu, não seria excessivo. Até porque nem Aursnes, nem Rêgo (nem Prestianni) são extremos, e Bruma estará lesionado ainda algum tempo. Ou seja, apenas haverá dois extremos puros (Lukebakio, que por agora também está lesionado, e Schjelderup). Há também a possibilidade de subir Dahl em alguns jogos, designadamente da Champions, lançando Obrador (se estiver preparado para tal). De resto o quadro parece bem preenchido, havendo ainda a eventualidade de algum dos jovens se afirmar (e isso, mais do que de Lage, depende dos próprios e do seu trabalho no dia a dia de treinos). Esperemos, por outro lado, que não haja lesões em elementos fundamentais (por exemplo Aursnes ou Pavlidis).
Globalmente o plantel é bom. Mas...Sporting e, sobretudo, FC Porto também se reforçaram bem.
A época passada foi toda ela discutida taco a taco com o rival de Alvalade (finais das taças e campeonato até ao fim). Esse Sporting, dos titulares, perdeu "apenas" Gyokeres, e vai ter de volta alguns lesionados. O Benfica viu partir, do seu onze base, Carreras, Florentino, Kokçu, Di Maria e Akturkoglu (praticamente meia-equipa). O FC Porto revolucionou tudo, estando manifestamente mais forte. Vamos ver o que acontece.

SOBRE AS ELEIÇÕES

Ainda que a minha escolha já vá estando mais ou menos definida, só irei debruçar-me em detalhe sobre as eleições no momento próprio, ou seja, na semana que as antecede. Até lá, quero é que o Benfica ganhe os jogos.
Todavia, dada a paragem para as selecções, queria deixar aqui, muito sumariamente, a minha opinião sobre alguns aspectos de âmbito pré-eleitoral.
DEBATES: Se os houver, irei naturalmente assistir. Mas não faço qualquer questão que aconteçam. Diria mesmo que os dispenso. Cada candidato pode fazer chegar as suas propostas por outros meios, e não necessariamente a quente, de forma retórica - que naturalmente favorece quem tem o dom da palavra. Houve e há, exemplos claros na política partidária, de quem tivesse sido, ou seja, quase imbatível em debates. E não houve, como não há, qualquer correspondência desse talento retórico com seriedade, competência ou preparação. 
VOTO ELECTRÓNICO: A mim não me interessa se voto em papel ou num ecrã (desde que o sistema seja devidamente validado pelas candidaturas). O que me parece imprescindível é garantir que todos os sócios tenham forma de votar, independentemente do local onde vivam. Um sócio de Penalva do Castelo, de Serpa ou de Genebra, não pode ter menos direitos do que aqueles que vivem na grande Lisboa. Já basta a predominância que têm nas Assembleias-Gerais (e as disfuncionalidades que isso por vezes origina). Isto vale por dizer que, ou há voto electrónico, ou terá de haver urnas em todas, ou quase todas, as Casas do Benfica.
BTV: Parece-me importante que a BTV ponha à disposição das várias listas algum espaço na sua programação, devidamente identificado e equilibrado.
AUDITORIAS: Rui Costa cometeu o erro de prometer disponibilizar aos sócios uma auditoria, e infelizmente teve de cumprir. Viu-se o fartote que isso representou para a comunicação social, e para os comentadores rivais. Espero que tenha ficado de exemplo. Num contexto altamente competitivo, onde o acesso à informação tem de ser acautelado, fazer uma espécie de striptease dos negócios do Benfica é um tiro no pé. Só num mundo cor-de-rosa o acesso ficaria restrito aos sócios do clube. Acabará tudo estampado nos jornais e nos programas televisivos, embalado, truncado e manipulado ao gosto de cada um. Espero que quem ganhar as eleições não ponha os seus interesses políticos à frente dos interesses do clube. Por isso, é melhor não começarem já a prometer auditorias a isto e àquilo. Depois até podem fazer-se, mas não se ganha nada em divulgá-las.

O 1ºDIA DO RESTO DA VIDA DE LAGE

Cumprir-se-á na próxima sexta-feira um ano civíl certinho desde que Bruno Lage regressou ao Benfica.
Na altura, a equipa encarnada estava já a cinco pontos do Sporting, fruto de uma derrota em Famalicão e um empate em Moreira de Cónegos. O treinador setubalense não fizera a pré-época, não escolhera o plantel, chegara com o mercado de transferências já encerrado, mas mesmo assim deitou mãos à obra e conseguiu levar o futebol da equipa até níveis bastante elevados. Alcançou seis triunfos consecutivos (entre os eles uma vitória em Belgrado e uma goleada 4-0 ao Atlético de Madrid, com uma exibição deslumbrante), e só no final de Dezembro perderia o primeiro jogo em contexto nacional, em Alvalade por 1-0, tendo pelo meio goleado o FC Porto na Luz por 4-1.
Em Janeiro venceu a Taça da Liga, o primeiro troféu que disputou. Atingiu os oitavos-de-final da Champions, discutindo taco a taco com o Barcelona (depois de quatro vitórias fora de portas).  Em Abril venceria no Dragão, novamente por 4-1 (algo que não sucedia há mais de cinquenta anos), e com esse triunfo atingiu a liderança da classificação. Sem esquecer a onda gigante de lesões que dizimou o plantel por essa altura.
Depois veio o jogo com o Arouca, em que a rasteira com o ombro de Otamendi, naturalmente revertida pelo VAR, mas objecto de igóbil insistência do árbitro António Nobre, custou dois pontos, e com eles o primeiro lugar. Chegou-se ao dérbi de todas as decisões com o Benfica a necessitar de ganhar. Infelizmente o remate de Pavlidis bateu no poste, e o título foi para Alvalade.
Na final da Taça aconteceu o escândalo que ninguém poderá esquecer. Um pisão na cabeça, já em tempo de descontos, foi ignorado pelo VAR, e permitiu ao Sporting uma reviravolta quando muitos dos seus adeptos já haviam abandonado o Jamor.
Apesar de Lage ter feito mais pontos que o Sporting, o Benfica perdeu o Campeonato. Apesar de ter jogado melhor e merecido vencer no Jamor, o Benfica também perdeu a Taça. Os resultados não fizeram justiça ao treinador e ao seu trabalho. O destino foi cruel, demasiado cruel.
A honrosa participação no Mundial de clubes quase não deixou espaço para férias e/ou pré-temporada, antes da Supertaça e das pré-eliminatórias da Champions. Mesmo nessas circunstâncias extremamente difíceis, o Benfica venceu o Sporting no Algarve, e, batendo sucessivamente Nice e Fenerbahce, qualificou-se para a Champions. Além disso, não perdeu qualquer ponto nas três primeiras jornadas da Liga.
Defendi ardentemente o treinador até este momento, em contramão com muitos benfiquistas que não lhe perdoaram a perda (digo eu, injusta) de Campeonato e Taça na época passada. Como acabei de escrever, houve imensas atenuantes para tal, como as haveria também para a eventualidade de não ter ganho, por exemplo, a Supertaça, ou ter cedido, por exemplo, um empatezeco nestas primeiras jornadas. Fellizmente isso não aconteceu, e o registo em 2025-26 é para já perfeito.
E aqui estamos, na primeira pausa para selecções. 
O mercado de Verão trouxe aquilo que Bruno Lage pediu (enfim, não veio Mbappé, mas vieram jogadores com as características e para as posições escolhidas pelo técnico). Agora, todo um novo mundo se abre. Um mundo de exigência.
Com um plantel desenhado por Lage, daqui em diante não haverá mais atenuantes.para um eventual fracasso. Estou e estarei com ele até ao fim, mas, meus amigos, exijo-lhe o Campeonato. A Champions é para ganhar dinheiro e chegar o mais longe possível, a Taça de Portugal é por vezes aleatória, a Taça da Liga vale o que vale. Dou tudo isso de barato, mas quero o Campeonato. Esse, exijo-o ao treinador, aos jogadores e ao presidente.
Vamos a isso!

GRATO

Não gosto de autopromoção, até porque escrevo apenas por amor à arte e ao Benfica.
Mas tenho de agradecer aos leitores pelo novo record registado pelo VEDETA DA BOLA no passado dia 1 de agosto, imediatamente após a Supertaça, em que somou 58279 visualizações, quase um Estádio da Luz cheio...
Obrigado a todos! Espero que continuem a dar vida a este espaço, seguramente um dos mais antigos da blogosfera desportiva portuguesa (parece impossível mas já vai para trinta anos...).

"LOUCURAS"

Este é o quadro de entradas e saídas no SLB na noite do fecho do mercado. As alterações no plantel são muitas (talvez demais, como aqui escrevi), mas em termos económicos o saldo é positivo.
Pese embora essa evidência, a comunicação social tem-se esmerado em dizer que o Benfica cometeu loucuras, que gastou mais de 100M (uma verdade incompleta), que foi o clube que mais gastou, que fez um all-in por motivos eleitorais, etc, etc, etc.
Lamento que a comunicação social tradicional esteja mergulhada numa crise profunda (neste triste mundo digital, as receitas vão todas parar a Sillicon Valley), e que muitas pessoas hoje apenas consumam redes sociais, com as consequências que issa traz, nomeadamente no incremento de populismos, fake news e demagogia política. Porém, é preciso dizer que ela (comunicação social tradicional) se põe a jeito, deturpando realidades e manipulando opiniões ao gosto de cada editor ou jornalista. Os media desportivos, eivados de clubismo, e onde o Benfica não tem influência minimamente correspondente ao seu peso social, são um exemplo, perdõem-me a redundância, exemplar.
Podem-se fazer as contas de várias formas, mas um empréstimo com cláusula de compra obrigatória é uma venda (ou uma compra) como qualquer outra. O compromisso económico é assumido. Nenhum Revisor Oficial de Contas dirá outra coisa. E se raciocinarmos em termos de tesouraria, então o Sporting também não recebeu 65M por Gyokeres, mas apenas uma prestação de um plano de pagamento a vários anos - como sempre acontece em transacções desses montantes.
Se nos lembrarmos que o Benfica, entre Champions e Mundial de Clubes, arrecadou quase 100M, percebemos melhor as "loucuras" em que entrou neste mercado.
Pode haver rendimento desportivo ou não. Isso é outra questão, que só mais tarde vamos perceber. Mas em termos meramente económicos, a SAD encarnada investiu apenas uma parte (pouco mais de metade) daquilo que obteve em receitas extraordinárias (que, grosso modo, nos últimos meses, terão sido pois cerca de 250M).
Que diriam estes mesmos escribas e comentadores se o Benfica contratasse um jogador, e por uma falha administrativa amadora não o conseguisse inscrever a tempo na Liga?

MALAS DE CARTÃO

SPORTING: 7 cartões amarelos

ADVERSÁRIOS DO SPORTING:  14 cartões amarelos e 2 cartões vermelhos

BENFICA: 12 cartões amarelos e 1 cartão vermelho

ADVERSÁRIOS DO BENFICA:  9 cartões amarelos

A FERROS!

Já se esperava um jogo difícil. Por vários motivos. Eu tinha avisado.
Mas quando Schjelderup atirou ao poste, perdendo aquele que podia ser o 0-3, a partida parecia encaminhada. O Benfica fizera por isso.
Até à expulsão o resultado foi estando controlado. Tanto quanto as circunstâncias permitiam. Depois...
Vou ficar atento a este Alverca (um ponto em quatro jogos) para perceber se jogará sempre assim, ou se hoje foi, enfim, um dia especial, preparado de forma especial. Não é caso único, e ao contrário do que parece, creio tratar-se de mais um sinal daquilo que é o futebol português no seu pior. Este tipo de equipas, clubes e treinadores, de nível medíocre,  que só correm e jogam contra aqueles a quem acham que devem tirar pontos, que não têm adeptos mas ainda assim proíbem adereços do clube que os visita e lhes dá as únicas receitas que, directa ou indrectamente, auferem, estão manifestamente a mais no campeonato. Nem sequer servem para dar lugar aos jovens portugueses, como se viu pelo onze inicial apresentado. E se querem críticas ao Rui Costa, aqui vão elas: basta de andar aos abraços com esta gente toda. O Benfica tem de perceber que caminha em campo minado, e não podem ser apenas os adeptos (e agora também, um pouco, o treinador) a ter essa noção e a afirmar essa triste realidade. 
Da arbitragem já sabemos o que esperar. A manipulação dos cartões, nos jogos do Benfica e do Sporting,  está, pelos vistos, a ser a forma escolhida para inclinar os campos. O segundo amarelo a Dedic foi claramente exagerado. O golo do Alverca é precedido de uma entrada sobre Samu, que merecia, pelo menos, ser revista. Acabou por correr bem, mas houve demasiada gente empenhada em que corresse mal. Há muita gente empenhada em puxar os pés a este Benfica. 
Força Bruno Lage!
Obrigado por este início de época perfeito, contra tudo e contra todos!
Recorrendo a linguagem do PREC, que faz agora cinquenta anos: Abaixo a centralização! Por uma liga com oito ou dez (verdadeiros) clubes! Rua com o lixo dos alvercas e dos custódios! E destes árbitros de aviário à la Proença!
Enquanto benfiquista dedicaria a vitória também a Ricardo Esteves - jogador miserável, que conspurcou a camisola do Benfica numa altura em que esta estava bastante barata, e agora, por qualquer ressabiamento que desconheço, dedica-se a tentar deitar abaixo, na Sport Tv (porquê ele?), um clube pelo qual nunca devia ter passado.
Como dizia Maradona, que "la siguen chupando".