EU E O EUROPEU
É inegável que o futebol de selecções já viveu melhores dias. Não falo
de um ponto de vista comercial (Ronaldo e a selecção portuguesa, por exemplo,
são poderosas máquinas de facturar). Falo do ponto de vista desportivo, que entronca com a globalização, a Lei-Bosman, e a consequente acumulação de talento em multinacionais de
ponta e de orçamento quase ilimitado - que fizeram da milionária Champions League
o palco que a estrelas escolhem para brilhar.
A forma como se vive o futebol é hoje muito diferente. Ainda me lembro de tempos em que a generalidade dos jogadores actuava nos seus países, os principais clubes eram espelho das respectivas selecções, e era nos Europeus e nos Mundias que se viam os melhor es jogos, que apareciam as inovações tácticas, e se revelavam os novos talentos. Diria mesmo que era quando se viam jogos, tout court, pois a televisão portuguesa não transmitia o campeonato nacional, mas tão somente finais europeias, finais de taça e uma ou outra partida da selecção, fazendo dos Europeus e Mundiais a verdadeira festa do futebol televisivo. Se durante toda uma temporada se viam cinco ou seis jogos na TV, durante o mês do Mundial ou do Europeu viam-se dezenas. Isso, por si só, tinha um efeito mágico.
A forma como se vive o futebol é hoje muito diferente. Ainda me lembro de tempos em que a generalidade dos jogadores actuava nos seus países, os principais clubes eram espelho das respectivas selecções, e era nos Europeus e nos Mundias que se viam os melhor es jogos, que apareciam as inovações tácticas, e se revelavam os novos talentos. Diria mesmo que era quando se viam jogos, tout court, pois a televisão portuguesa não transmitia o campeonato nacional, mas tão somente finais europeias, finais de taça e uma ou outra partida da selecção, fazendo dos Europeus e Mundiais a verdadeira festa do futebol televisivo. Se durante toda uma temporada se viam cinco ou seis jogos na TV, durante o mês do Mundial ou do Europeu viam-se dezenas. Isso, por si só, tinha um efeito mágico.
As provas de selecções das décadas de oitenta, e
princípio de noventa, pré-Lei Bosman, pré-televisões privadas em Portugal,
apanhando a minha infância e adolescência, foram verdadeiros sonhos de Verão,
mesmo sem que a “Equipa das Quinas” participasse na maioria delas. Era um
regalo, durante um mês, ter futebol diariamente, colecionar os cromos, ler e
reler os guias (não havia Internet, e os dados apenas estavam disponíveis nessas autênticas
bíblias), e viver momentos que só quem os partilhou poderá
entender.
Não consigo estabelecer com exactidão a fronteira entre aquilo que é do âmbito meramente pessoal (próprio da infância, adolescência e juventude mais precoce), e o que tem a ver com um tempo e um mundo em que a imaginação era muito mais estimulada, sem as doses massivas de futebol e informação futebolística que existem hoje. O que é facto é que, pelo menos para mim, os Europeus e Mundiais foram progressivamente perdendo o seu fascínio. Houve daí para cá fases intermédias, já na idade adulta, em que quase me obrigava a ver os jogos numa espécie de respeito pelo meu próprio passado (o Euro 2004 tem de ser colocado numa prateleira à parte, e fez-me, por exemplo, andar de estádio em estádio a longo de uma semana de férias), até aos dias de hoje em que nem sequer me apetecia que o Europeu tivesse começado.
O ponto mais baixo terá sido o Mundial 2022, que nem devia ter ocorrido naquele local e naquela altura. Mesmo assim, ao fim de uns dias, acabei por entrar na onda e vibrar com alguns jogos.
E eis que aqui chegámos. Ao Euro 2024, cujo principal aliciante é ver a equipa portuguesa com o melhor plantel de que me recordo, e ser claramente - talvez pela primeira vez na história - uma das mais fortes candidatas ao título.
As próximas semanas dirão o que vai ser este Europeu, e o que ele significará para mim e para os portugueses. Será, com certeza, algo muito diferente do passado mais remoto. Mas poderá ser uma história bonita de se seguir.
Não consigo estabelecer com exactidão a fronteira entre aquilo que é do âmbito meramente pessoal (próprio da infância, adolescência e juventude mais precoce), e o que tem a ver com um tempo e um mundo em que a imaginação era muito mais estimulada, sem as doses massivas de futebol e informação futebolística que existem hoje. O que é facto é que, pelo menos para mim, os Europeus e Mundiais foram progressivamente perdendo o seu fascínio. Houve daí para cá fases intermédias, já na idade adulta, em que quase me obrigava a ver os jogos numa espécie de respeito pelo meu próprio passado (o Euro 2004 tem de ser colocado numa prateleira à parte, e fez-me, por exemplo, andar de estádio em estádio a longo de uma semana de férias), até aos dias de hoje em que nem sequer me apetecia que o Europeu tivesse começado.
O ponto mais baixo terá sido o Mundial 2022, que nem devia ter ocorrido naquele local e naquela altura. Mesmo assim, ao fim de uns dias, acabei por entrar na onda e vibrar com alguns jogos.
E eis que aqui chegámos. Ao Euro 2024, cujo principal aliciante é ver a equipa portuguesa com o melhor plantel de que me recordo, e ser claramente - talvez pela primeira vez na história - uma das mais fortes candidatas ao título.
As próximas semanas dirão o que vai ser este Europeu, e o que ele significará para mim e para os portugueses. Será, com certeza, algo muito diferente do passado mais remoto. Mas poderá ser uma história bonita de se seguir.
5 comentários:
Quase 13.30H e a Comunicação Social ainda não divulgou a cor das cuecas com que o melhor Cristiano do mundo vai jogar! Inadmissível!
Meus amigos, estão decorridos 70 minutos de jogo e estamos empatados, parece um jogo de solteiros e casados, não há intensidade, não há velocidade, não há nada. Temos 70% de posse de bola, pois, puta que pariu a posse, os jogos ganham-se e com a bola dentro da baliza do adversário. Estou com uma crise de nervos que nem posso, a jogar a passo e parados não vamos lá de certeza. Qualquer selecção ganha a estes Checos e Portugal com uma equipa do "outro mundo" é a miséria que se vê.
não me parece que seja o facto dos jogadores não jogarem nos seus paises, já em 88 metade de algumas seleções também já jogavam nos melhores campeonatos, ter desvirtuado o futebol das grandes competições.
mais do que isso são as nacionalizações, quer as artificiais, quer as por via do nascimento, ou crescimento desde infância, isso é que tem feito mais modificações.
isso é os jogos eram muito menos, davam mais na televisão em relação ao resto do ano mas eram muito menos jogos do que hoje, o que dava que a maioria dos jogos eram fortíssimos alemanha, italia, espanha, dinamarca isto eram um grupo eram todos jogos decisivos.
hoje temos um escocia hungria que é um jogo que não interessa a ninguém.
Anónimo, tem toda a razão. Inadmissível e revelador de uma enorme falta de profissionalismo.
Agora quanto ao post, como somos sensivelmente da mesma idade revejo-me bastante naquilo que o Luís escreveu.
Concordo que o alargamento de europeus e mundiais, em nome das receitas, tiraram brilho e interesse, pelo menos às fases de grupos.
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