O CRIME QUASE PERFEITO
“Através de um amigo lá de Gaia conseguimos aceder
à correspondência do Benfica. Aquilo não diz grande coisa, mas se embrulharmos
bem um ou dois mails até podemos gerar alguma polémica, e depois fazer o máximo
de barulho. Vocês vão criar blogues para explorar o assunto, e infiltrarem-se
em fóruns benfiquistas com dezenas de perfis falsos para causar ruído e
desunião. Entretanto, arregimentamos um lote de jornalistas simpáticos,
cirurgicamente colocados nos vários grupos de media, para dar eco ao que for
sendo divulgado. Depois, com gente amiga, criaremos um conjunto de fake news que
ajudem a construir a imagem que pretendemos: a de um Benfica corrupto.”
Terá
sido mais ou menos isto que foi dito na célebre reunião secreta do Altis, entre
as direcções de comunicação de Porto e Sporting.
O
crime parecia perfeito, mas, como acontece nos filmes, falharam alguns
detalhes. Primeiro, os benfiquistas não reagiram como eles esperavam e
mantiveram-se unidos em torno do clube. Depois, o presidente do Sporting foi
corrido. Por fim, o pirata foi descoberto e preso.
Quando
lemos certas notícias, ou vemos algumas peças televisivas, verificamos que parte
daquela estratégia ainda está de pé. E percebemos que a comunicação baixou a um
nível nunca antes visto, entrando de cabeça na era da pós-verdade, em que os
factos são o que um homem quiser.
Agora
procura-se branquear o crime informático. Seja através de uma estação de
televisão parceira do Der Spiegel (que comprou produtos do roubo), seja pela boca
estridente de uma eurodeputada que fez carreira a gritar por quase tudo sem
perceber de quase nada.
1 comentário:
Tal e qual.
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