PONTAPÉ NOS FANTASMAS
Se o clássico da Taça da Liga foi o programa mais visto do ano na televisão portuguesa, bem pode dizer-se que os milhões que o viram não perderam o seu tempo. Foi um grande jogo, tal como o do campeonato havia sido. Desta vez, com a mais valia de não ter sido decidido por um fiscal-de-linha, factor que retirou brilho ao duelo anterior.
Depois de muito bluff, ambas as equipas entraram em campo inteiramente focadas na vitória, e, à excepção dos guarda-redes (tradicionalmente substituídos em jogos das taças) não se vislumbrou que lhes faltasse qualquer estrela – acabaram por jogar de início Hulk, Aimar, Javi, Moutinho, Lucho, Maxi, Álvaro Pereira, Luisão e quase todos, entrando ainda James (muitas vezes suplente), Gaitán e Cardozo (este sim, talvez o único craque verdadeiramente poupado, mas chegando ainda a tempo de decidir). O FC Porto sempre disse não apostar na competição, mas, tal como aqui denunciara, esse discurso (confortável em caso de vitória, mas sobretudo em caso de derrota) nunca colou com a realidade. Esta meia-final não fugiu à regra, e quem viu o jogo percebe bem que a equipa de Vítor Pereira não ganhou porque não conseguiu ganhar. Nem outra coisa seria de esperar. O campeonato é a prioridade de todos (o que é natural, e não precisava de ser repetido tantas vezes), mas garantir esta Final também era importante…para ambos. Mais até, talvez, para quem a Europa já é uma miragem, e tem ficado de fora, uma por uma, de todas as competições que iniciou – e tanto que se preocupam eles com a contabilidade dos títulos…
Os primeiros 15 minutos foram de loucos, com o Benfica a entrar melhor, a marcar de imediato, e o FC Porto a reagir muito bem, dando a volta ao resultado, e partindo rapidamente para uma fase de domínio, ao longo da qual se sentiu pesar o histórico recente das partidas entre as duas equipas. Via-se então um FC Porto confiante e autoritário, e do outro lado, um Benfica hesitante e desconfiado da sua capacidade para inverter o ciclo negativo destes combates. A dupla oportunidade desperdiçada pelos encarnados, com a bola a embater sucessivamente na barra e no poste, teve o condão de inverter o estado de espírito das equipas. O Benfica encheu-se de brios e de coragem, o FC Porto sentiu o chão a tremer debaixo dos pés, e daí até final da primeira parte foram os homens da casa a mandar no jogo, chegando ao empate com naturalidade. Ao intervalo, o Benfica já estava mais perto de merecer uma vantagem, aceitando-se, contudo, a igualdade.
A segunda parte foi muito menos interessante, chegando a dar a sensação que o desempate por grandes penalidades satisfaria os dois treinadores. Um porque, empatando na Luz, mantinha a invencibilidade perante o grande rival; o outro porque invertia o tal ciclo de derrotas em casa, salvando a face de mais uma desilusão; ambos porque mantinham assim a esperança de conseguir o apuramento, deixando a decisão para os sortilégios da fortuna, e para a inspiração dos guarda-redes. Cardozo, com uma jogada magnífica, iniciada e concluída por si, deitou por terra todas essas teorias, marcando o 7º golo ao FC Porto (coisa que, desconfio, desde os tempos de Eusébio ninguém terá feito), e resolvendo a eliminatória. O paraguaio mostrou uma vez mais toda a sua categoria, sendo absolutamente inacreditável como alguns, ainda há bem pouco tempo, desconfiavam do seu valor. Trata-se, nunca é demais dizer, de um grande avançado, provavelmente o melhor que o Benfica teve nas últimas décadas.Vítor Pereira teve uma jornada bastante infeliz. Perdeu, e perdeu-se em divagações que ninguém entendeu sobre “bloqueios”, e golos de bola parada. Escolheu mal a noite para falar de arbitragem. Primeiro porque não houve qualquer razão de queixa substancial, e segundo porque ainda há bem pouco tempo, no mesmo local, ganhou um clássico como este com um golo em claríssimo fora-de-jogo. Se não tivesse dito nada, haveria mais probabilidades de não nos termos de lembrar disso novamente.
O Benfica está pois na sua quarta final consecutiva. E está, porque os outros não conseguiram lá chegar. Dando de barato o episódio Pedro Silva/Lucílio Baptista, daí em diante o Benfica venceu, sem espinhas, nesta competição, o Sporting (4-1) e o FC Porto (3-0) em 2010; o Sporting (2-1) em 2011; e agora o FC Porto (3-2) em 2012, sem que algum dos adversários tenha facilitado o que quer que fosse. Todavia, a Taça da Liga não está ganha. Falta a Final, que provavelmente até será frente a uma equipa que, ao longo da época, tem jogado bem melhor futebol do que o FC Porto. Não fui a Coimbra para o campeonato. Se não tiver nenhum contratempo, lá estarei para essa Final. Entretanto, vamos continuar a ouvir dirigentes e adeptos portistas a desvalorizar a prova que, em cinco edições, não há meio de conseguirem ganhar.
Depois de muito bluff, ambas as equipas entraram em campo inteiramente focadas na vitória, e, à excepção dos guarda-redes (tradicionalmente substituídos em jogos das taças) não se vislumbrou que lhes faltasse qualquer estrela – acabaram por jogar de início Hulk, Aimar, Javi, Moutinho, Lucho, Maxi, Álvaro Pereira, Luisão e quase todos, entrando ainda James (muitas vezes suplente), Gaitán e Cardozo (este sim, talvez o único craque verdadeiramente poupado, mas chegando ainda a tempo de decidir). O FC Porto sempre disse não apostar na competição, mas, tal como aqui denunciara, esse discurso (confortável em caso de vitória, mas sobretudo em caso de derrota) nunca colou com a realidade. Esta meia-final não fugiu à regra, e quem viu o jogo percebe bem que a equipa de Vítor Pereira não ganhou porque não conseguiu ganhar. Nem outra coisa seria de esperar. O campeonato é a prioridade de todos (o que é natural, e não precisava de ser repetido tantas vezes), mas garantir esta Final também era importante…para ambos. Mais até, talvez, para quem a Europa já é uma miragem, e tem ficado de fora, uma por uma, de todas as competições que iniciou – e tanto que se preocupam eles com a contabilidade dos títulos…
Os primeiros 15 minutos foram de loucos, com o Benfica a entrar melhor, a marcar de imediato, e o FC Porto a reagir muito bem, dando a volta ao resultado, e partindo rapidamente para uma fase de domínio, ao longo da qual se sentiu pesar o histórico recente das partidas entre as duas equipas. Via-se então um FC Porto confiante e autoritário, e do outro lado, um Benfica hesitante e desconfiado da sua capacidade para inverter o ciclo negativo destes combates. A dupla oportunidade desperdiçada pelos encarnados, com a bola a embater sucessivamente na barra e no poste, teve o condão de inverter o estado de espírito das equipas. O Benfica encheu-se de brios e de coragem, o FC Porto sentiu o chão a tremer debaixo dos pés, e daí até final da primeira parte foram os homens da casa a mandar no jogo, chegando ao empate com naturalidade. Ao intervalo, o Benfica já estava mais perto de merecer uma vantagem, aceitando-se, contudo, a igualdade.
A segunda parte foi muito menos interessante, chegando a dar a sensação que o desempate por grandes penalidades satisfaria os dois treinadores. Um porque, empatando na Luz, mantinha a invencibilidade perante o grande rival; o outro porque invertia o tal ciclo de derrotas em casa, salvando a face de mais uma desilusão; ambos porque mantinham assim a esperança de conseguir o apuramento, deixando a decisão para os sortilégios da fortuna, e para a inspiração dos guarda-redes. Cardozo, com uma jogada magnífica, iniciada e concluída por si, deitou por terra todas essas teorias, marcando o 7º golo ao FC Porto (coisa que, desconfio, desde os tempos de Eusébio ninguém terá feito), e resolvendo a eliminatória. O paraguaio mostrou uma vez mais toda a sua categoria, sendo absolutamente inacreditável como alguns, ainda há bem pouco tempo, desconfiavam do seu valor. Trata-se, nunca é demais dizer, de um grande avançado, provavelmente o melhor que o Benfica teve nas últimas décadas.Vítor Pereira teve uma jornada bastante infeliz. Perdeu, e perdeu-se em divagações que ninguém entendeu sobre “bloqueios”, e golos de bola parada. Escolheu mal a noite para falar de arbitragem. Primeiro porque não houve qualquer razão de queixa substancial, e segundo porque ainda há bem pouco tempo, no mesmo local, ganhou um clássico como este com um golo em claríssimo fora-de-jogo. Se não tivesse dito nada, haveria mais probabilidades de não nos termos de lembrar disso novamente.
O Benfica está pois na sua quarta final consecutiva. E está, porque os outros não conseguiram lá chegar. Dando de barato o episódio Pedro Silva/Lucílio Baptista, daí em diante o Benfica venceu, sem espinhas, nesta competição, o Sporting (4-1) e o FC Porto (3-0) em 2010; o Sporting (2-1) em 2011; e agora o FC Porto (3-2) em 2012, sem que algum dos adversários tenha facilitado o que quer que fosse. Todavia, a Taça da Liga não está ganha. Falta a Final, que provavelmente até será frente a uma equipa que, ao longo da época, tem jogado bem melhor futebol do que o FC Porto. Não fui a Coimbra para o campeonato. Se não tiver nenhum contratempo, lá estarei para essa Final. Entretanto, vamos continuar a ouvir dirigentes e adeptos portistas a desvalorizar a prova que, em cinco edições, não há meio de conseguirem ganhar.
PS: Soube a caminho do Estádio, que esse mesmo Estádio tinha sido escolhido para palco da Final da Champions de 2014. É uma excelente notícia para os adeptos portugueses, em geral, e para os benfiquistas, em particular. Se ainda estiver vivo, certamente lá estarei, sejam quais forem as equipas. E até lá, sempre poderemos sonhar que uma delas seja o Benfica.
13 comentários:
se ainda estiveres vivo?
mas estás doente tu?
saudações gloriosas
...é que é daqui a tanto tempo, que nunca se sabe o que pode acontecer até lá :)
Muito bom. Bela vitória. Grande jogo, na 1ª parte.
E no final, o ridículo do costume, queixam-se do que não há, para distrair do que há. Enfim.
Mas, não se duvide, daqui até ao final do campeonato, vamos contabilizar os lances na área adversária que vão ser invalidados ao benfica... por pretensos bloqueios.
Este discurso estava mais do que preparado, tem objetivo.
É que têm que arranjar maneira de roubar o benfica, até final do campeonato, já que como não jogam nada, serem beneficiados pode não ser suficiente...
Sem fruta o fcp não ganha e ontem isso ficou provado mais uma vez, Cardozo sempre o defendi e até tive discussões acaloradas com sócios do Benfica em jogos no Estádio da Luz que só o sabem criticar por causa do sua estética não muito agradável á vista mas eficaz, Cardozo para mim é ouro e espero que fique no Benfica até ao final da sua carreira porque a verdade é que dificilmente o Benfica encontrará 1 jogador da sua eficácia no mercado em caso de ele sair.Quanto às reacções portistas são a pura fuga para a frente, uma competição que tem como prémio 1 milhão de euros nos tempos que correm dizer que não tem valor é disfarçar a derrota e o seu mau-perder.Quanto á arbitragem de quem eles falam muito sem razão nenhuma só digo isto o amarelo que o a,pereira levou aos 86minutos devia ser o 2º porque na 1ª parte fez faltas suficientes e perigosas para ver o cartão amarelo, e o 1º golo do fcp nasce de uma falta não assinalada á entrada da sua área que originou o contra-ataque e o respectivo golo de pura sorte.
FOI LIMPINHO!!
Caro Luís,
O meu comentário não vai no sentido de que a associação corrupta só nos tem vencido com batota e ajudas de árbitros, porque isso é do domínio universal.
Vai sim para fazer valer uma verdade que até dos benfiquistas parece ser desconhecida, o que me deixa bastante intrigado.
Estou a referir-me à sua expressão "Dando de barato o episódio Pedro Silva/Lucílio Baptista...", assim como quem aceita que o Benfica ganhou essa taça imerecidamente porque o árbitro assinalou uma grande-penalidade inexistente.
Sendo verdade que o Benfica empatou o jogo com a conversão dessa penalidade, não é menos verdade que o Sporting pôs-se em posição de vencedor mercê de uma outra falta que deveria ter sido assinalada a Vukcevic por puxão dos calções do nosso Maxi.
Relembremo-nos com o vídeo:
http://www.dailymotion.com/video/x8qy6g_vukcevic-puxa-calcoes-de-maxi-perei_sport
É que foi daí que conseguiu posição priveligiada para centrar e possibilitar o 1-0 favorável à sua equipa.
Por isso, a incompetência de Lucílio foi dupla. Não assinalou falta a Vukcevic e desse modo possibilitou o 1-0, e depois assinalou penalidade inexistente que repôs o que era justo. A igualdade e decisão nos penalties.
Sandações gloriosas
excelente cronica. nao podia estar mais de acordo. viu-se a frustracao nos olhos de quem normalmente nao perde. mais que tudo, a instituicao Porto tem bastante mau perder. e isso nao se pode negar.
excelente cronica. nao podia estar mais de acordo. viu-se a frustracao nos olhos de quem normalmente nao perde. mais que tudo, a instituicao Porto tem bastante mau perder. e isso nao se pode negar.
Esta de ainda estar vivo deixa-me triste, pois sou mais velha que o LF e ainda espero ir assistir á final da champions na Luz.
O clássico foi um grande jogo, daqueles que ficam para a memória. ASD é um grande arbitro e a propósito quem será que eles vão nomear para Alvalade e para o próximo na Luz é que é o Braga. Mas é assim que o Benfica deve ir para jogo, sem medo tal como os adeptos. Deveria de haver uma organização de apoio por bancada para eles se calarem de vez.
Já agora não percebo pq jj não põe mai vez Capdevila a jogar??
Só n vê q o segundo golo do Benfica foi precedido de falta sobre a defesa portista pq n quer.
http://a5.sphotos.ak.fbcdn.net/hphotos-ak-prn1/558285_324321697616883_215218205193900_811150_1272188455_n.jpg
Se fosse ao contrário queria ver o q dizia! Já relembrei q a ultima vitoria do Benfica sobre o Porto para o campeonato foi uma jogada precedida de um fora de jogo escandaloso, mas na altura isso n interessou nada.
N custa nada aceitar o facto, é futebol. Mas sabemos com o q podemos contar, relativamente às suas analises de arbitragem.
Só n vÊ q o segundo golo do Benfica foi precedido por falta sobre a defesa portista pq n quer.
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Se fosse ao contrário imagino o que n seria! Já lembrei q a ultima vez q o Benfica ganhou ao Porto para o campeonato, foi com um golo precedido de um fora de jogo escandaloso (nada a ver com a cabeça que estava fora de jogo do Maicon), mas claro, sendo a favor do SLB o facto nem interessa.
N tem mal admitir, é futebol. Mas já sabemos com o que podemos contar por aqui.
O facto de a competição ser um objectivo secundário é óbvio. Como toda a gente admitiu. Agora n me lembro de alguém do FCP ter dito q n ia jogar para ganhar. Como joga sempre, seja quem for que jogue. Mas isso n invalida o facto de a taça da liga ser um objectivo secundario para qq das equipas, a n ser q já n tenha outro objectivo a conquistar.
De resto é fantastico verificar como uma vitoria em casa é tão festejada. No FCP considero normal ganhar aos adversários no Dragão.
A taça da Liga, para ser mais respeitada, devia ser mais justa. Como está é nitidamente com unico intuíto de ser fonte de receita da liga. N se compreende a vantagem que os grandes têm relativamente às outras equipas.
Bonito bonito era o Porto ser campeao europeu na Luz. Ás vezes o FCP proporciona momentos extraordinários, algo me diz q a 6ª taça europeia do Porto vai ser conquistada... na Luz!
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