PORTUGAL OLÉ!
Não me recordo, nos últimos cinco anos, de um jogo tão empolgante da Selecção Nacional como este que, com goleada, valeu o merecido apuramento para o Euro 2012.
De uma equipa que tem o melhor jogador da Europa (Cristiano Ronaldo), e ainda craques de nível internacional como Fábio Coentrão, Pepe ou Nani (e quase estaria tentado a acrescentar aqui João Moutinho), espera-se sempre qualquer coisa. Quando todos eles mostram uma vontade férrea de ganhar, quando todos eles se disponibilizam a lutar pela camisola que envergam, o resultado só pode ser este: um hino ao futebol de ataque, golos, espectáculo e vibração constante até final.
E tudo começou com Ronaldo, que finalmente explodiu de “quinas” ao peito, assemelhando-se ao fantástico jogador e goleador que semanalmente vemos com a camisola do Real Madrid. Foi isso que tantas vezes faltou a Portugal nos últimos tempos, e que pouca gente compreendia ou aceitava. O maior talento da equipa, aquele que podia fazer a diferença, parecia escondido dos jogos, e escondido de si próprio, entalado entre o impulso de procurar fazer tudo sozinho e a necessidade de se integrar num colectivo tantas vezes longe do seu nível. Nesta eliminatória com a Bósnia, e particularmente neste jogo da Luz, Ronaldo foi “apenas” igual a si próprio. Fez a diferença, arrastando consigo a equipa para uma exibição categórica, e para uma vitória que ficará na história. Foi ele, claramente, a grande estrela deste apuramento, e nem outra coisa seria de esperar de quem é o jogador mais caro do mundo, e já ganhou uma “Bola de Ouro” e duas “Botas de Ouro”. Um Cristiano Ronaldo assim, é inegavelmente um ídolo para o povo português, e para quem gosta de futebol. Era isto que esperávamos dele. É isto que esperamos (e necessitamos) dele, para aspirar a uma boa fase final.
Como digo acima, a vitória não foi, porém, de uma só individualidade. Houve outros jogadores em altíssima rotação competitiva, dos quais destacaria Pepe (em grande forma), Moutinho (porventura o seu melhor jogo nesta temporada), e Miguel Veloso (apostado em ganhar definitivamente o lugar de titular). Creio que Bruno Alves, Fábio Coentrão, Raul Meireles e Nani podem fazer melhor, mas nenhum deles destoou totalmente numa noite tão arrebatadora. Até Postiga, depois de alguns assobios, acabaria por cumprir o seu papel, marcando dois belos golos, e justificando, também ele, de certa forma, a opção de Paulo Bento.
Por falar nele, o mérito do seleccionador também é inquestionável. Se a qualificação em si era, à partida, quase obrigatória, a verdade é que quando ele pegou na equipa a situação estava muitíssimo complicada. Encontrou o seu grupo de jogadores, construiu uma verdadeira identidade colectiva, e encontrou o caminho do êxito. Nem sempre concordei com as suas opções (não tanto quanto aos titulares, mais quanto à retaguarda de banco), mas não posso deixar de dizer que este sucesso (e é disso que se trata) tem a sua marca.
A Bósnia ainda assustou (quando fez o 2-1, e depois, embora já em inferioridade numérica, quando fez o 3-2), mas globalmente não se conseguiu entender com a fogosidade ofensiva dos jogadores portugueses. Já na primeira-mão esta equipa me tinha deixado a ideia de alguma permeabilidade defensiva, ideia que a partida da Luz confirmou redundantemente.
Quer-me parecer que o árbitro se enganou vezes demais. Estive no estádio, e ainda não vi todos os lances na televisão. Mas quando se ganha 6-2 até fica mal trazer para aqui razões de queixa.
Falta falar de um interveniente importantíssimo, que se portou à altura das circunstâncias: o público da Luz. Foi pena que o estádio não estivesse totalmente cheio (a crise faz-se já sentir em muitos aspectos da nossa vida), mas os que lá foram não regatearam apoio à equipa. Sabe-se que o público de selecção é totalmente diferente do dos clubes. É mais feminino (o que acrescenta um certo encanto às bancadas), porventura menos ansioso, e certamente muito mais festivo e generoso. E convenhamos que, depois de tudo o que aconteceu na primeira-mão, os bósnios estavam mesmo a pedir uma assobiadela monumental ao seu hino.
Agora virá o sorteio. Os estranhos critérios da Uefa colocam, por exemplo, a França no pote 4 e a Alemanha no pote 2. A Portugal cabe-lhe o “3”, o que significa que pode integrar um grupo com Espanhóis, Alemães e Franceses, o qual, creio, seria o mais forte grupo de sempre de uma qualquer fase final de Europeus ou Mundiais. Por mim, voto antes na Polónia, na Rússia e na Irlanda.
Portugal não é a melhor equipa do mundo. Muito longe disso. Mas tem jogadores (não em todas as posições, mas na maior parte delas) que justificam, continuam a justificar, presença assegurada nas grandes competições internacionais. Não será um dos favoritos a vencer o Euro, mas está, seguramente, entre as 16 melhores selecções europeias, pelo que seria uma injustiça futebolística um eventual fracasso nesta qualificação.
Agora, para a fase final, o objectivo exigível deve ser, tão somente, ultrapassar a fase de grupos. O resto se verá depois.
3 comentários:
Caro LF, ao contrário de si, achei deplorável a atitude do público ao assobiar durante o hino adversário. Apesar de tudo o que possa ter acontecido na primeira mão, o futebol não é uma guerra e assobiar um simbolo de uma nação não é atitude da qual me orgulhe enquanto português.
Em relação ao jogo, foi de facto o melhor de sempre de Ronaldo com a camisola das quinas, catapultando a equipa para uma grande exibição e resultado, jogasse ele sempre a este nível e poderiamos almejar a voos mais altos.
Completamente de acordo com o Tó-zé: vergonhoso assobiar qualquer hino. Mas a grande culpa também vai para os jornalistas patrioteiros que temos, cujos relatos vindos da Bósnia eram manifestamente exagerados... Como se a relva só fosse má para os Portugas e coisas do género...
Uma curiosidade, no 1º golo do Ronaldo, vcs viram onde estava o guada-redes Bósnio? Praticamente encostado ao seu canto esquerdo!!!!!!..... :))
Não vejo qualquer interesse em ficar no mesmo grupo da Polónia ou da Ucrânia, equipas que vão ser ajudadas pelos árbitros como aconteceu na Coreia...
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