PEDRO, O INGRATO

Já que estou em maré de citações, aqui vai mais uma. Escrevi isto na caixa de comentários de um dos últimos posts, em resposta a uma questão colocada por um leitor, relacionada com a ausência de Pedro Mantorras da festa do título:
Como qualquer benfiquista, tenho a maior simpatia por Mantorras. Foi um jogador carismático, e poderia ter sido uma estrela de nível mundial não fosse a dramática lesão que desde cedo o condicionou. Compreendo que, durante estes anos, o Benfica o tenha mantido no plantel, até como forma de o ressarcir por eventuais erros cometidos na altura pelo seu próprio departamento médico (embora ele próprio, ao que sei, também não tenha tido os cuidados que então lhe foram pedidos).
Posto isto, entendo também que o Benfica, um Benfica altamente profissional, um Benfica campeão e que se pretende de cariz europeu, não possa continuar a dar-se ao luxo de ocupar uma vaga do seu plantel com um jogador que não tem condições físicas para jogar mais do que quinze minutos.Há que preservar a memória e os símbolos. Mas haverá outras formas de o fazer sem beliscar a coerência do plantel. Caso contrário, o Eusébio ainda faria parte dele. Suponho que Mantorras vai regressar ao seu país. Gostava que pudesse ficar ligado, de algum modo, ao Benfica. Mas como jogador, sejamos objectivos, não é já uma mais-valia. E não creio que o Benfica deva permitir que se torne um estorvo. Ele não o mereceria. Quanto à ausência em si, talvez não tenha passado de uma pequena birra por não jogar uns minutos do último jogo. Estou seguro que o teria feito, caso o Benfica tivesse conquistado o título na semana anterior, e o jogo com o Rio Ave fosse uma mera festa de consagração. Tendo que fazer pontos na última jornada, nem eu perdoaria a Jorge Jesus se ele não convocasse os jogadores que achava em melhores condições, sem qualquer tipo de sentimentalismos. O Benfica está acima do interesse de qualquer jogador, e os sentimentalismos que mais me comovem são aqueles que foram demonstrados por milhões de pessoas em todo o mundo com a vitória de domingo.”
Depois disto, o angolano borrou o resto da pintura, perdendo-se em afirmações estapafúrdias e próprias de quem não tem os pés muito bem assentes no chão. Se uma birra extemporânea era desculpável, o que ele agora disse, a frio, já é mais difícil de engolir. A um Mantorras que se tinha como a alegria do povo, contrapôs-se um Mantorras preocupado exclusivamente com o seu próprio umbigo, sem qualquer noção da sua real dimensão futebolística, e sem o sentido de gratidão que a sua insólita situação justificaria. As pessoas gostam do Mantorras porque são do Benfica, e não o contrário, como ele parece supor. Danificar a sua própria relação com o clube da Luz é destruir toda a sua ligação ao futebol profissional, e é suicidar-se enquanto figura popular.
O que cada um de nós poderia ter sido na vida dava para muitas histórias cor-de-rosa. Mas a realidade é implacável, e com todo o azar que se lhe reconhece, a verdade nua e crua é que Mantorras nunca chegou a ser um grande jogador do Benfica. E se alguma vez andou lá perto, essa esperança morreu, e está há muito tempo enterrada. É uma pena que Mantorras não o perceba.

4 comentários:

Vitória do Benfica disse...

è pena que as pessoas não percebam que podem ser ferramentas para outros intereses mais altos, e Mantorras não percebeu isso. Os que antes diziam isto e aquilo de Mantorras e que quando foi a estória de Mantorras andar a guiar sem carta de condução agora o utilizem como arma de arremeço contra o Benfica e Mantorras utlize isso. Mais um quese não tivesse algeijado iria parar directamente ao FCP.
Não me esqueço de Miguel e de Dias Ferreira a vida veio a provar que o Benfica tinha razão. Miguel nos seus momentos de lucidez também deve reconhecer isso. È pena que Dias Ferreira coloque o seu anti-benfiquismo acima de muitos comportamentos reprováveis só porque acções reprováveis foram denunciados pelo Benfica. E não só ele mas muita gente

LF disse...

É uma pena que o Mantorras saia desta forma de um clube que fez dele uma estrela muito acima do rendimento futebolístico que teve.

Miguel, Manuel Fernandes, Cristian Rodriguez, Paulo Sousa, Dito, Jankauskas, Edgar, Maniche, Hugo Leal e Rui Águas são a lista negra dos ingratos para com o clube.
Só lamento que um deles tenha voltado como se nada fosse.
Se eu mandasse no clube por um dia, era a primeira coisa que fazia...

catn disse...

LF

O Rui Águas carrega um nome mitico (Águas)de um grande capitão do Benfica, só assim teve possibilidades de voltar ao nosso clube em respeito ao seu pai, de resto nem sei o que está a fazer no Benfica, prospecção, será ?????

Destes todos o que mais "azia" me deixou foi sem duvida Paulo Sousa, o melhor jogador de todos esses "bandidos" que se venderam por dinheiro

LF, ainda falta outro, António Pacheco, que por sinal um grande Benfiquista

Em relação a Pedro Mantorras, deixa-me muito triste a sua atitude em relação ao Benfica, ele durante tantos anos não percebeu que o Benfica está acima de todas as pessoas

Ele só é efusivamente aplaudido no nosso estádio porque é jogador do Benfica e todos os adeptos percebem que ele tentou tudo o que é possivel a um humano fazer para ser um jogador de alta competição depois da sua grave lesão ao serviço do nosso clube

Esta atitude dos Benfiquista é um misto de orgulho e ao mesmo tempo "pena" de um jogador que poderia dar muito ao nosso Benfica e que não deu por inflicidade e talvez por incompetência do nosso departamento médico

O Pedro Mantorras está a ser injusto para o Benfica, mas acima de tudo para o homem que o tratou como um filho (Luís Filipe Vieira) e que tudo fez para o manter no nosso clube a receber um ordenado "churudo" para quem não dá o minimo de rendimento, vir dizer para os jornais que fez um contrato com o Benfica, não com o Presidente LFV é de todo injusto e revelador de uma ingratidão total para quem lhe deu comer durante muitos anos

Um Abraço

catn

LF disse...

Catn,

É verdade que o pai de Rui Águas foi quem foi, mas isso não pode branquear a atitude do filho.

Eu nunca o teria aceite de volta.


E´verdade que me esqueci do Pacheco.
O Paulo Sousa era o melhor destes todos, era um jogador proveniente da formação (como Rui Costa)e dadas as circunstâncias foi de facto o mais difícil de engolir.

Ele ainda quis voltar, uns anos mais tarde, mas aí, e muito bem, bateu com o nariz na porta.


Quanto ao Mantorras concordo plenamente.