ESPERAVAM ROCK ? TOMEM LÁ UMA SONATA !

Três anos e meio depois, o Benfica voltou a ganhar na terra dos Beatles, e novamente por 0-2. Fê-lo desta vez diante do segundo clube da cidade, e num palco onde Eusébio, há mais de 40 anos, encantara o Mundo com quatro golos á Coreia do Norte.
O Everton não é o Liverpool, e este Benfica é, creio, superior àquele (ao de 2006). Talvez por isso esta vitória não surpreenda tanto, embora não deixe de constituir – e isso é inegável - um fantástico resultado, ao nível do melhor que os encarnados conseguiram na sua última década europeia. Se nos lembrarmos que só por oito vezes o Benfica venceu fora de casa nas competições europeias dos últimos dez anos (além das vitórias em Liverpool, apenas Molde, Bystrica, Beveren, Copenhaga, Donetsk e Bucareste) mais facilmente chegaremos a essa conclusão.
Devo confessar que não gostei muito dos primeiros minutos do Benfica. Mais do que Braga (onde até jogou bem, e só não ganhou por culpa de terceiros), aquela primeira meia-hora fez-me lembrar… Atenas. Muitos passes errados, alguma displicência, e falhas defensivas que só não foram melhor aproveitadas porque o Everton, fruto da goleada sofrida na Luz, entrou em campo aparentando bastante receio do adversário que tinha por diante. Nas saídas para o ataque sentia-se a falta de Aimar, no centro da defesa Sidnei denotava falta de ritmo, e esses dois pontos de desequilíbrio afectavam a tonalidade global do futebol da equipa.
Só por volta dos trinta minutos o Benfica se soltou, assegurando então o controlo do jogo para não mais o perder. Percebeu-se então que o Everton também não seria capaz de submeter os encarnados à forte pressão que se esperaria de uma equipa inglesa a jogar em casa.
Talvez por medo, talvez devido a um precário estado de forma de alguns dos seus jogadores, a equipa azul nunca abordou o jogo do modo que maior dano causaria ao Benfica. Procurou povoar o meio-campo, colocou apenas um ponta-de-lança no meio dos centrais encarnados, e dessa forma deu tempo a que a equipa de Jesus conquistasse o espaço físico e anímico de que precisava para reagir, e impor a sua estratégia. A primeira grande oportunidade de golo acabaria por ser para o Benfica, quando Cardozo cabeceou ao poste, e na recarga Saviola obrigou Tim Howard a uma espectacular defesa. Estava dado o mote para mais uma exibição empolgante e mais uma vitória categórica.
A segunda parte foi um vendaval vermelho. Não tão expressivo, na sua componente ofensiva, como havia sido o de quinze dias antes na Luz, mas suficientemente eloquente para não permitir quaisquer equívocos sobre a superioridade do Benfica, no jogo e no grupo. Di Maria teve nos pés o golo por duas vezes (uma falhou, isolado, por demérito próprio, outra por mérito da espectacular defesa do guarda-redes contrário), mas foi com a entrada de Aimar, com o perfume do seu futebol, que o Benfica deu o golpe definitivo no conjunto inglês.
Os golos surgiram com naturalidade. Poderiam ter aparecido mais. Só talvez a necessidade de reservar energias para o compromisso de segunda-feira evitou nova goleada. Mas os três preciosos pontos estavam já bem guardados.
Em termos individuais, Saviola, Di Maria, e depois Aimar, voltaram a ser os reis da festa. O trio argentino esteve no que de melhor o Benfica fez em campo, não esquecendo a eficácia de Óscar Cardozo (melhor marcador também já na Liga Europa), e o bom regresso de David Luíz a uma posição que já conhecia, e na qual mostrou ser, para certas ocasiões (para outras será Fábio Coentrão), a melhor opção do plantel benfiquista.
Da noite do Goodison Park lamenta-se a lesão de Ramires. Mesmo sem a preponderância que assumira no início da temporada, o médio brasileiro é peça chave no equilíbrio do meio-campo encarnado. A paragem que se avizinha no campeonato pode ser providencial, mas a forma como Ramires saiu do campo não augura nada de bom.
A arbitragem deixou passar um lance de penálti na área do Benfica (agarrão de David Luíz), e poupou um cartão vermelho a Yakubu - o golo de Cardozo é legal, pois a bola vem de um defesa britânico. Tais erros não se podem considerar graves dada a forma criteriosa como sempre permitiu que se jogasse, evitando interrupções no espectáculo. Sem Jorges Sousas, o Benfica provou que a crise que muitos já lhe vaticinavam não passou afinal de pequena nuvem num céu cada vez mais estrelado.
Agora há que conquistar o pontinho que falta na visita à Bielorrússia, de modo a que no jogo com o AEK, três dias antes de receber o FC Porto, seja possível poupar todos os titulares.

14 comentários:

Jotas disse...

Gostei muito do título.
Uma noite boa, ante um adversário bom, em que o Benfica demonstrou personalidade, carácter e uma grande força física e psicológica, as grandes equipas são assim, reagem bem às derrotas e depois de Atenas, o Benfica venceu em Paços e agora, depois de Braga, voltou a reagir em grande.
Ganhamos também, porque o árbitro não era português, caso contrário, as habilidades tornariam o jogo muito mais complicado, com isenção, tudo se torna mais fácil.

Anónimo disse...

O golo de Cardoso é legal?

Xiiiii, ó LF, tu com o tempo pioras ou é impressão minha? Não sejas tão faccioso na vida. Não ganhas nada com isso.

Abraço

Peter disse...

Só uma correção caro LF o cabeceamento ao poste é do Ramires e a recarga para excelente defesa do tim howard é do saviola.De resto concordo na totalidade da sua análise.Quanto ás arbitragens dos árbitros portgueses alguém viu as do proença (bayern-bordéus) e benquerença (man.united-cska moscovo)? Afinal não é só o Benfica que se queixa deles, a mediocridade tb grassa lá fora.Claro que o golo do Cardozo é legal a bola vem de 1 defesa do everton.

Gandhy disse...

Sou Benfiquista e reconheço que o golo do Cardozo é marcado em situação irregular, já que no momento do remate do colega (Amorim penso eu), Cardozo estava adientado em relação ao último defesa.

No entanto na área do Benfica após um canto o Everton beneficiou de uma situação irregular mas o Júlio César conseguiu defender com brilhantismo.

M disse...

bom jogo, boa interpretação, caro LF, venha a Naval e o Inácio e o autocarro....

saudaçoes benfiquistas

zephirus disse...

O cabecamento é do Cardozo, Peter. Quanto ao golo do Cardozo, LF, de facto está em fora-de-jogo. Tem de rever esse lance.

eduardo disse...

Reconheço; ontem perdi; tolo, esperançado que o EVERTON pudesse jogar um futebolzinho que fosse; nada, nada, nada; não jogam, não jogam, não jogam;
existirão equipas no escalão secundário a jogar o dobro ou o triplo;
não é à toa que estão no fundo da tabela, a definhar. a definhar....
perdi;
mas outros jogos virão.

Anónimo disse...

o post do paulo bento?

Anónimo disse...

É impressão minha ou o post do Paulo Bento desapareceu?

ele há coisas disse...

quero ver o que vale o Benfica sem Ramires - para mim, o melhor jogador da liga.

Vitória do Benfica disse...

Boa Tarde
Gostei muito mas mesmo muito do nosso Benfica, por isso acho que o titulo em rigor não está correcto deve ser sim Sinfonia em vez de sonata porque a sonata é só composta para dois a quatro musicos enquanto a sinfonia é para muitos mais. Dado que uma equipa de futebol é objectivamente como uma orquestra ontem o que vimos foi uma Sinfonia onde o verificar de lugares e regras( arbitro) nem quase existiu.

5ª Sinfonia de Mahler com as cordas a entrarem depois do sopro e os tambores a darem o toque final.

PS. Gostava que o António Cartaxo outro grande Benfiquista escrevesse sobre as maravilhosas orquestras que Jesus escolhe para interpretar Penny Lane and Yesterday

Benfica - Orgulho,Honra,Gloria!! disse...

Bom titulo,caro LF!!

Devo confessar que,de inicio,estava um bocado receoso pois estas equipas não costumam cometer os mesmos erros duas vezes e a verdade é que não os cometeram,o Benfica pura e simplesmente aproveitou as oportunidades que teve(com alguma sorte à mistura),se bem que a vitoria em nada pode ser beliscada,foi uma exibição superior de uma equipa superior,conforme confirmouo David Moyes.Quanto à mais recente invenção dos antis,o golo ilegal do Cardozo,convido-os a consultar as leis do jogo.Ai iam perceber que,ao haver um ressalto da bola num defesa adversario antes de chegar ao
Cardozo,a situação de fora de jogo cai por terra.Mas valeu a pena tentarem!
Agora temos de nos concentrar no futebol corruptugues e preparar a proxima jornada.Pelos "outros" já foi preparado...lá estará o Lucilio Batista!

Sérgio_alj disse...

Caro LF, não interessa se a bola veio do defesa (foi um ressalto e não um passe!!)
Interessa é a posição do Cardozo na altura do remate do Ruben Amorim!

Anyway, vitória justissima de um Benfica certinho em todos os aspectos!

PS: O Benfica é a única equipa na Europa que já venceu nos Estádios do Liverpool e do Everton, para as competições europeias!!

Anónimo disse...

E não deu o braço a torcer. Que facciocismo LF. É legal o golo pronto. Fica contente assim?