TRAGÉDIA GREGA - PARTE III

A pouco mais de dois meses do início do Euro 2008, a derrota, a exibição e a falta de fio de jogo patenteada pela equipa das quinas neste particular com a Grécia, não pode deixar de preocupar Scolari e todos os portugueses.
Comparando esta equipa com a que disputou a final de há quatro anos, faltam, entre outros, “apenas” Figo, Rui Costa, Pauleta, Nuno Valente, Jorge Andrade e Costinha. Acontece que desde então -olhando aos respectivos papéis dentro e fora das quatro linhas -, não foram encontradas alternativas à altura para quase nenhum deles. Esta equipa é pois, mesmo levando em conta que Cristiano Ronaldo cresceu muitíssimo, bem mais fraca que aquela, pelo que considerá-la grande candidata ao título parece-me, tal como ao Prof. Carlos Queirós, um abuso. As últimas exibições, para além das dificuldades já sentidas no apuramento, confirmaram amplamente essa ideia, por muito que o nosso patriotismo a custe a digerir.
Neste jogo, a equipa portuguesa voltou a não ser capaz de contrariar a experiência e o calculismo dos gregos, que ainda por cima contaram com a inspiração de um fantástico Karagounis – jogador que, recorde-se, foi no último verão “oferecido” pelo Benfica ao Panathinaikos.
Apesar de tudo isso, creio que Portugal se apresentará no Euro bem mais forte do que aquilo que tem mostrado. Acredito no seleccionador brasileiro, e se ele tem optado por testar novas soluções, algum motivo terá. Aliás, as alterações introduzidas apenas têm, no meu ponto de vista, uma interpretação possível: a escolha do onze – nomeadamente de um meio-campo com Petit, Maniche e Deco – está definida, e Scolari quer aproveitar estes jogos para completar o lote de 23 jogadores a levar ao Europeu, vendo em acção elementos que, em condições normais, dificilmente serão titulares. Estou a pensar em Carlos Martins, Miguel Veloso, Fernando Meira, Jorge Ribeiro ou mesmo João Moutinho.
Como se percebe, as dúvidas em termos de convocatória final centram-se no meio-campo, onde a substituição de Costinha ainda não foi totalmente conseguida – fruto de um gritante abaixamento de forma de Petit e de um retardado crescimento de Miguel Veloso -, e onde a irregularidade competitiva de Deco, Tiago e Maniche nos últimos meses é passível de causar alguma apreensão.
A utilização de Carlos Martins fora do seu lugar natural, embora fruto da lesão de Simão nos primeiros minutos, também pode ser entendida como uma forma de testar a reacção psicológica de um jogador extremamente talentoso, mas com fama de problemático.
Para o ataque já se sabe que não há mais nem melhores soluções do que Nuno Gomes e Hugo Almeida.
Não devo andar longe da verdade se disser que o onze tipo de Portugal no Euro será o seguinte: Ricardo, Bosingwa, Pepe, Ricardo Carvalho, Caneira, Petit, Maniche, Deco, Nani, Nuno Gomes e Ronaldo.
Como opções seguras estarão já Quim, Rui Patrício, Bruno Alves, Fernando Meira, João Moutinho, Simão, Hugo Almeida e Quaresma. Ficam a faltar quatro, de um lote que integra Miguel, Paulo Ferreira (pelo menos um destes seguramente), Jorge Ribeiro, Miguel Veloso, Raul Meireles, Carlos Martins, Tiago, Makukula e Postiga.

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