CLASSIFICAÇÃO "REAL"
Esta foi mais uma jornada marcada pela polémica, tão ao gosto de alguns. Mas, como tantas vezes tem acontecido, olhando à verdade dos factos, é bem maior a gritaria do que a base para a sua justificação.
Quando saia do Estádio da Luz, no final da partida, vinha convencido de que Pedro Henriques tinha feito uma boa arbitragem. Confesso que não me havia apercebido do lance entre Romagnoli e Katsouranis (ninguém protestou, diga-se, e a jogada prosseguiu); a suposta bola na mão do grego, a ter acontecido, pareceu-me claramente fortuita, pelo que achei correctíssima a decisão do árbitro de não ceder à indicação (errada) do seu assistente; e apenas a falta de João Moutinho sobre Freddy Adu me deixava a noção clara de se tratar de um erro, se bem que me tivessem então ficado dúvidas sobre se a mesma teria acontecido dentro ou fora da área. Tomando em consideração o habitual critério de aba larga do árbitro lisboeta, entendia-se que, na dúvida, a não tivesse assinalado - da mesma forma que não assinalou uma outra de Tonel sobre Nuno Gomes, no derby de há dois anos, que muito marcou a carreira de Paulo Bento -, pelo que me pareceu tratar-se de um jogo absolutamente normal, com as suas polémicas, os seus casos, mas sem grandes dramas.
Chegado ao carro, e ainda antes de ter visto as imagens televisivas, ouvi as declarações de Paulo Bento e nem queria acreditar. O técnico sportinguista, sem um mínimo de “tranquilidade”, diria mesmo, de decoro, falava de falta de vergonha, de três grandes penalidades (!), de critérios diferentes, de pedidos de desculpa a fazer, de escândalo, etc. Tive de puxar pela memória para perceber do que é que ele estava a falar, e só então me recordei da rábula do assistente. Cabe aqui um aparte para lembrar como é diferente (e quanto a mim incomparavelmente melhor) assistir a um jogo ao vivo, no estádio, do que ficar em casa, sujeito às picuinhices televisivas do pé que toca na canela, ou do dedo que contacta ou não com a costura da bola, do fora de jogo de cinco centímetros e por aí fora - decididamente esse não é o “meu” futebol, e saí do estádio muito mais preocupado com a ineficácia de Nuno Gomes, do que com a falta sobre Adu.
Mas vamos então aos lances:
#-Romagnoli vs. Katsouranis : No estádio nem dei pela falta. Depois de ver várias repetições televisivas parece-me de facto penálti. Mas entendo perfeitamente que o árbitro, eventualmente encoberto, na rapidez do momento, não tenha visto que o grego não tocou na bola (apesar de o tentar). Muito longe de ser um lance de escândalo, aceitar-se-ia a marcação de grande penalidade.
#-Katsouranis vs. mão na bola : Não é penálti em caso algum, senão na cabeça de um fiscal de linha delirante e com vontade de se transformar em protagonista. Tenho até dúvidas que a bola toque mesmo no braço de Katsouranis, e que tal suceda dentro da área, mas não tenho, e julgo que ninguém de bom senso terá, a mais pequena réstia de dúvida de que, a acontecer, o contacto foi meramente casual. Não se pode, em nome da coerência, criticar Duarte Gomes por, na Amadora, ter seguido cegamente as indicações erradas do seu assistente, e agora condenar Pedro Henriques por não se ter deixado cair no mesmo erro. Insistir nesse episódio revela alguma má fé, e vontade de alimentar polémicas estéreis. Para mim a questão é simples: Foi penálti ou não ? E a resposta só pode ser uma: Não foi !
#- João Moutinho vs. Freddy Adu : Dos três lances polémicos, este é o mais claro e linear. No estádio fiquei na dúvida se a carga era dentro ou fora da área, mas na televisão vê-se perfeitamente que é bem dentro, e que portanto se trata de um penálti absolutamente cristalino. O juiz não o terá visto, ou, no meio de toda a pressão dos últimos dias, e do próprio jogo, terá tido receio de o assinalar, o que até é, sejamos tolerantes, humanamente aceitável - sim, porque os árbitros também são pessoas, e se partirmos do princípio que são honestos, e eu tomo Pedro Henriques por uma pessoa honesta, veremos que tudo fica mais fácil.
Em resumo, um penálti para cada lado por marcar - um mais claro que outro -, o que, bem vistas as coisas, nos impede de considerar positivo o trabalho de Pedro Henriques. Livrou-se contudo o árbitro de - caso seguisse a absurda indicação do seu assistente – decidir com um enorme erro o vencedor do derby, o que seria, no meu ponto de vista, manifestamente mais grave.
Não se entendem portanto as estapafúrdias declarações de Paulo Bento, um jovem técnico competente e prometedor, que terá tido no final deste jogo um momento menos feliz na sua carreira. Scolari fez, há semanas atrás, bem pior, mas também não ficaria nada mal ao técnico sportinguista que, também ele, se penitenciasse pela reacção completamente desproporcionada a um jogo em que o maior erro do árbitro acabou por lhe evitar a derrota, tal como aliás sucedera na semana anterior diante do V.Setúbal.
A pouco e pouco vou dando razão a Miguel Sousa Tavares, na sua tese de que o Sporting - seus dirigentes, adeptos, mas sobretudo treinador - vive demasiadamente obcecado com as arbitragens, clamando constante e reiteradamente uma suposta perseguição que apenas existe na sua imaginação.
Todas as semanas há erros, e enquanto houver futebol assim será. Tempos houve em que um determinado sistema manipulava campeonatos a favor de umas cores em prejuízo de outras. Há que reconhecer que com o emergir do processo Apito Dourado, e a publicitação das escutas dele decorrentes, o panorama se alterou substancialmente.
Hoje temos uma arbitragem pouco competente – como sempre o foi -, mas que erra em todas as direcções, não se justificando campanhas obsessivas do estilo da que Paulo Bento (que contraste com Camacho…) por vezes parece corporizar, e que não o livram do estigma de com elas apenas pretender pressionar e condicionar vantagens futuras.
Não se lembrará Paulo Bento de que conquistou a Supertaça com um erro grave do árbitro ?, e que ainda na passada semana alcançou um ponto diante do V.Setúbal com outro ? Que diria ele se, como aconteceu ao Benfica, visse a sua equipa ser privada de duas grandes penalidades nos primeiros dois jogos da Liga, e que lhe custaram quatro pontos ?
Enfim. A classificação fica portanto ordenada como se segue:
F.C.PORTO 16
Benfica 12
Sporting 11
E… tenham juízo !
Quando saia do Estádio da Luz, no final da partida, vinha convencido de que Pedro Henriques tinha feito uma boa arbitragem. Confesso que não me havia apercebido do lance entre Romagnoli e Katsouranis (ninguém protestou, diga-se, e a jogada prosseguiu); a suposta bola na mão do grego, a ter acontecido, pareceu-me claramente fortuita, pelo que achei correctíssima a decisão do árbitro de não ceder à indicação (errada) do seu assistente; e apenas a falta de João Moutinho sobre Freddy Adu me deixava a noção clara de se tratar de um erro, se bem que me tivessem então ficado dúvidas sobre se a mesma teria acontecido dentro ou fora da área. Tomando em consideração o habitual critério de aba larga do árbitro lisboeta, entendia-se que, na dúvida, a não tivesse assinalado - da mesma forma que não assinalou uma outra de Tonel sobre Nuno Gomes, no derby de há dois anos, que muito marcou a carreira de Paulo Bento -, pelo que me pareceu tratar-se de um jogo absolutamente normal, com as suas polémicas, os seus casos, mas sem grandes dramas.
Chegado ao carro, e ainda antes de ter visto as imagens televisivas, ouvi as declarações de Paulo Bento e nem queria acreditar. O técnico sportinguista, sem um mínimo de “tranquilidade”, diria mesmo, de decoro, falava de falta de vergonha, de três grandes penalidades (!), de critérios diferentes, de pedidos de desculpa a fazer, de escândalo, etc. Tive de puxar pela memória para perceber do que é que ele estava a falar, e só então me recordei da rábula do assistente. Cabe aqui um aparte para lembrar como é diferente (e quanto a mim incomparavelmente melhor) assistir a um jogo ao vivo, no estádio, do que ficar em casa, sujeito às picuinhices televisivas do pé que toca na canela, ou do dedo que contacta ou não com a costura da bola, do fora de jogo de cinco centímetros e por aí fora - decididamente esse não é o “meu” futebol, e saí do estádio muito mais preocupado com a ineficácia de Nuno Gomes, do que com a falta sobre Adu.
Mas vamos então aos lances:
#-Romagnoli vs. Katsouranis : No estádio nem dei pela falta. Depois de ver várias repetições televisivas parece-me de facto penálti. Mas entendo perfeitamente que o árbitro, eventualmente encoberto, na rapidez do momento, não tenha visto que o grego não tocou na bola (apesar de o tentar). Muito longe de ser um lance de escândalo, aceitar-se-ia a marcação de grande penalidade.
#-Katsouranis vs. mão na bola : Não é penálti em caso algum, senão na cabeça de um fiscal de linha delirante e com vontade de se transformar em protagonista. Tenho até dúvidas que a bola toque mesmo no braço de Katsouranis, e que tal suceda dentro da área, mas não tenho, e julgo que ninguém de bom senso terá, a mais pequena réstia de dúvida de que, a acontecer, o contacto foi meramente casual. Não se pode, em nome da coerência, criticar Duarte Gomes por, na Amadora, ter seguido cegamente as indicações erradas do seu assistente, e agora condenar Pedro Henriques por não se ter deixado cair no mesmo erro. Insistir nesse episódio revela alguma má fé, e vontade de alimentar polémicas estéreis. Para mim a questão é simples: Foi penálti ou não ? E a resposta só pode ser uma: Não foi !
#- João Moutinho vs. Freddy Adu : Dos três lances polémicos, este é o mais claro e linear. No estádio fiquei na dúvida se a carga era dentro ou fora da área, mas na televisão vê-se perfeitamente que é bem dentro, e que portanto se trata de um penálti absolutamente cristalino. O juiz não o terá visto, ou, no meio de toda a pressão dos últimos dias, e do próprio jogo, terá tido receio de o assinalar, o que até é, sejamos tolerantes, humanamente aceitável - sim, porque os árbitros também são pessoas, e se partirmos do princípio que são honestos, e eu tomo Pedro Henriques por uma pessoa honesta, veremos que tudo fica mais fácil.
Em resumo, um penálti para cada lado por marcar - um mais claro que outro -, o que, bem vistas as coisas, nos impede de considerar positivo o trabalho de Pedro Henriques. Livrou-se contudo o árbitro de - caso seguisse a absurda indicação do seu assistente – decidir com um enorme erro o vencedor do derby, o que seria, no meu ponto de vista, manifestamente mais grave.
Não se entendem portanto as estapafúrdias declarações de Paulo Bento, um jovem técnico competente e prometedor, que terá tido no final deste jogo um momento menos feliz na sua carreira. Scolari fez, há semanas atrás, bem pior, mas também não ficaria nada mal ao técnico sportinguista que, também ele, se penitenciasse pela reacção completamente desproporcionada a um jogo em que o maior erro do árbitro acabou por lhe evitar a derrota, tal como aliás sucedera na semana anterior diante do V.Setúbal.
A pouco e pouco vou dando razão a Miguel Sousa Tavares, na sua tese de que o Sporting - seus dirigentes, adeptos, mas sobretudo treinador - vive demasiadamente obcecado com as arbitragens, clamando constante e reiteradamente uma suposta perseguição que apenas existe na sua imaginação.
Todas as semanas há erros, e enquanto houver futebol assim será. Tempos houve em que um determinado sistema manipulava campeonatos a favor de umas cores em prejuízo de outras. Há que reconhecer que com o emergir do processo Apito Dourado, e a publicitação das escutas dele decorrentes, o panorama se alterou substancialmente.
Hoje temos uma arbitragem pouco competente – como sempre o foi -, mas que erra em todas as direcções, não se justificando campanhas obsessivas do estilo da que Paulo Bento (que contraste com Camacho…) por vezes parece corporizar, e que não o livram do estigma de com elas apenas pretender pressionar e condicionar vantagens futuras.
Não se lembrará Paulo Bento de que conquistou a Supertaça com um erro grave do árbitro ?, e que ainda na passada semana alcançou um ponto diante do V.Setúbal com outro ? Que diria ele se, como aconteceu ao Benfica, visse a sua equipa ser privada de duas grandes penalidades nos primeiros dois jogos da Liga, e que lhe custaram quatro pontos ?
Enfim. A classificação fica portanto ordenada como se segue:
F.C.PORTO 16
Benfica 12
Sporting 11
E… tenham juízo !
5 comentários:
Sem dúvida que deve ser a coisa mais acertada que tenho lido do Sousa Tavares, no que a futebol diz respeito. Convido-te a ler o meu último post sobre esse assunto.
Abraço
PS: qualquer dia temos que combinar uma cervejita em dia de jogo.
No Dragão o Paulo Bento esteve calado e foi criticado, agora falou e foi igualmente criticado. Não me parece que o Sporting ande a falar muito de arbitragens especificas, mas, como se chegou ao caricato de ter de jogar com regras diferentes dos outros, é necessário denunciar a situação. Não se pode deliberadamente retirar o deliberado da lei e assobiar para o lado, embora ás vezes seja preferível faze-lo a assobiar para a marca de grande penalidade como fez o Duarte Gomes. Quanto ao juízo é muito bonito quando toca aos outros, o Olegário não foi fuzilado porque não calhou. E escusado será lembrar que a época passada segundo a tua classificação real o Sporting era o justo campeão. Está tudo dito..
Paulo Santos,
Já li, está fantástico.
PS: Quando o meu amigo quiser.
Otragal,
A questão não está em reclamar quando se é prejudicado. Mas sim em reclamar de forma veemente quando pouca razão se tem, e assobiar para o ar quando se é beneficiado.
A arbitragem não foi escandalosa. Foi uma arbitragem com alguns erros, mas sem prejuizo claro de uma equipa em relação à outra. Errou para os dois lados.
Ouvindo Paulo Bento fica-se com a ideia de que Pedro Henriques entrou no relvado deliberadamente com o intuito de impedir o Sporting de ganhar o jogo. Ou pior, que a liga quer impedir o SPorting de ser campeão, o que não faz qualquer sentido.
Como diz o insuspeito MST na "A Bola", dá também a ideia que queriam ganhar com um penalti inexistente, com o simples e obtuso argumento de que o Benfica também o havia feito na Amadora.
Aliás, Pedro Henriques é sportinguista, Herminio Loureiro é sportinguista, e Vítor Pereira ainda há dias recebeu o emblema de ouro de 50 anos de sócio do Sporting (desde que nasceu, suponho).
Que forças tenebrosas serão então essas que se movem contra o pobre leão ?
O caso de Olegário é diferente. Esse é capaz de cometer 5 ou 6 erros graves num jogo todos em benefício da mesma equipa (quase sempre o F.C.Porto). Aliás o Sporting também já foi sua vítima. Esta semana foi o Braga.
Como diz o Fernando Guerra hoje n"A Bola", a primeira pergunta que a liga tem de responder, se quiser ser transparente é: como e porquê chegou Olegário Benquerença a internacional ?
Na classificação da época passada, a pequena diferença pontual entre os candidatos originou que qualquer fora de jogo mal assinalado pudesse adulterar a prova. Na altura chamei a atenção para isso, lembrando que não se devia dramatizar.
Lembro-me também que na época anterior (a primeira de Paulo Bento) o Sporting foi bastante beneficiado nalguns jogos.
LF
Só para lembrar que foram 4 e não três, como as televisões quiseram fazer passar, os casos polémicos do jogo.
Aos 9 minutos existe uma carga de Ronny sobre Cristian Rodriguez dentro da área, entrando claramente ao homem e não à bola.
E assim segue este "carnaval", em que a nossa comunicação não está isenta de muitas e prolongadas culpas.
Como disse e muito bem: Haja juízo!!!
Cumprimentos e nunca deixe de teimar pelas coisas justas da "bola".
António
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