DOIS GALOS PARA UM POLEIRO ?

Pelo onze que ainda ontem aqui sugeri, percebe-se que se me afigura perfeitamente possível, e até aconselhável, que Simão e Quaresma, dois dos melhores jogadores portugueses dos últimos anos, coabitem na equipa nacional. Todavia, segundo se pode ler na generalidade da imprensa desportiva, parece residir entre estes dois craques a grande dúvida de Scolari para o embate de amanhã frente à Sérvia. Deste modo, interessa encontrar entre eles semelhanças, diferenças, vantagens e desvantagens, para assim perceber o porquê de o seleccionador optar eventualmente por um ou por outro, partindo do natural pressuposto que Cristiano Ronaldo – um dos três melhores jogadores do mundo da actualidade - tem lugar mais que assegurado.

SIMÃO SABROSA (Atlético de Madrid), natural de Constantim (Vila Real), 27 anos, 1,70m - 64 kg, destro;
Carreira: Sporting, Barcelona, Benfica e A.Madrid (374 jogos, 129 golos). 57 internacionalizações, 13 golos pela selecção / Última temporada: 40 jogos, 17 golos.
PONTOS FORTES: Regularidade competitiva, capacidade no um para um, velocidade, capacidade goleadora, bolas paradas, meia distância, grande experiência internacional, rigor e maleabilidade táctica.
PONTOS FRACOS: Capacidade atlética.
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RICARDO QUARESMA (F.C.Porto), natural de Lisboa, 23 anos, 1,73m, destro;
Carreira: Sporting, Barcelona e F.C.Porto (195 jogos, 36 golos). 13 internacionalizações, 1 golo pela selecção / Última temporada: 37 jogos, 9 golos.
PONTOS FORTES: Criatividade técnica, capacidade de drible e de cruzamento, imprevisibilidade, capacidade atlética.
PONTOS FRACOS: Menor rigor táctico e menos capacidade de lutar pela posse de bola, alguns momentos de alheamento, algum individualismo.

Tomando em linha de conta estes aspectos, chega-se talvez à conclusão de que em jogos contra equipas de topo, onde a posse de bola seja mais dividida e existam mais espaços para contra-ataques, em fases finais, em momentos de maior tensão, Simão deva ser uma opção preferencial. Em jogos caseiros, contra equipas de menor valia, contra defesas fechadas e fisicamente fortes, a criatividade de Quaresma pode então tornar-se mais útil. E quase como se em certos momentos se escolhesse o rigor de um engenheiro ou um cientista, e noutros o génio de um artista ou artesão.
E para defrontar a Sérvia ? Conforme já disse, eu colocaria os dois, deixando Deco no banco. Mas a ter de prescindir de um, neste momento, para este jogo, pese embora toda a minha admiração por Simão, talvez optasse por Quaresma. Não que o ache melhor jogador – são de qualidade muito idêntica, mas a escolher um para jogar uma época inteira no meu clube optaria por Simão -, mas sim, neste momento, mais adequado às necessidades e aos problemas que Portugal vai muito provavelmente encontrar nesta partida.

1 comentário:

ChuckE disse...

"contra equipas de topo, onde a posse de bola seja mais dividida e existam mais espaços para contra-ataques, em fases finais, em momentos de maior tensão, Simão deva ser uma opção preferencial. Em jogos caseiros, contra equipas de menor valia, contra defesas fechadas e fisicamente fortes, a criatividade de Quaresma pode então tornar-se mais útil."

Xi.... tiraste essa conclusão a ver o Portugal-Brazil de Fevereiro, não?