A GUERRA DAS ESTRELAS

A.C.Milan e Liverpool enfrentam-se hoje em Atenas naquele que é o jogo grande da temporada futebolística europeia e mundial: a Final da Champions League.
Apesar de, há um ou dois meses atrás, não serem eventualmente as equipas em quem os apostadores mais arriscariam – fruto do seu parco desempenho nas ligas domésticas –, estes dois colossos chegaram à final com todo o mérito, repuxando os galões de um historial que lhes valeu, em conjunto, onze (!) títulos europeus (seis aos transalpinos e cinco aos britânicos). Terá mesmo sido justamente essa, uma das razões a partir das quais acabaram encontrar forças para se superiorizar aos talvez mais mediáticos, mas muito menos vitoriosos, Chelsea (zero títulos) e Manchester United (dois títulos), numas meias-finais bastante equilibradas, e em que qualquer detalhe teria peso determinante.
Este desafio é também apimentado pela final de há dois anos em Istambul, em que os mesmos protagonistas proporcionaram ao mundo do futebol um dos mais apaixonantes espectáculos de que há memória na história recente da competição. Então o Liverpool levou a melhor, depois de estar a perder ao intervalo por 0-3, e ter chegado ao empate em apenas seis minutos, sendo depois mais feliz na taluda dos penáltis. Não deixa aliás de ser curioso que duas equipas conhecidas pela sua força defensiva tenham protagonizado tão empolgante final, salpicada com seis golos, algo que apenas 43 anos antes tinha sucedido (justamente desde que o Benfica-Real Madrid de 1962 terminou com um histórico 5-3). Esperemos que esse seja o tónico para o espectáculo de hoje, de forma a que a emoção e a qualidade possam voltar a estar presentes.
O Milan, para além do natural sentimento de vingança, parte com algum favoritismo para este jogo. Dispõe de melhores unidades individualmente (Gattuso, Pirlo, Maldini, Seedorf e sobretudo Kaká), e parece uma equipa um pouco mais madura que o seu adversário. Mas o Liverpool, muito bem orientado por Rafa Benitez (vencedor da Uefa em 2004 com o Valência, e da Champions em 2005, disputando a sua terceira final europeia em QUATRO anos – apenas o Benfica lhe estragou os planos na época transacta) tem uma forte palavra a dizer, sendo que, tal como os italianos, desde há vários meses que prepara meticulosa e exclusivamente esta competição – eis aqui outra razão para explicar o sucesso de ambos nesta edição.
No plano dos destaques individuais as atenções vão naturalmente para o brasileiro Kaká, um dos melhores jogadores do mundo da actualidade, e para Steven Gerrard, de perfil menos tecnicista, mas de igual modo influente na estratégia da sua equipa. Kaká tem neste jogo uma boa hipótese para se afirmar de modo decisivo como o principal candidato ao título individual de melhor do mundo, distinção que terá de disputar provavelmente com Cristiano Ronaldo lá mais para o final do ano.
É destes dois elementos que numa e noutra equipa naturalmente mais se espera, mas outros há que se poderão revelar determinantes no desfecho da final. Se na equipa de Ancelotti os já referidos Gattuso, Pirlo e Seedorf – guarda de honra perfeita para Kaká – se apresentam entre os mais influentes, no conjunto inglês os desempenhos de Xabi Alonso no meio campo e Dirk Kuyt no ataque merecem ser seguidos com atenção, seja pelo futebol cerebral de um ou pela mobilidade e agressividade ofensiva de outro.
Espera-se pois uma excelente partida, de acordo com o que esta competição nos tem habitualmente oferecido. Que ganhe o melhor !
Sob a arbitragem do alemão Herbert Fandel, as equipas deverão alinhar do seguinte modo:
MILAN - Dida, Oddo, Nesta, Maldini, Jankulovski, Ambrosini, Pirlo, Gattuso, Seedorf, Kaká e Inzaghi.
LIVERPOOL – Reina, Finnan, Carragher, Agger, Riise, Mascherano, Xabi Alonso, Gerrard, Zenden, Crouch e Kuyt.

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