OUVIU-SE MÚSICA ENQUANTO O MAESTRO ESTEVE EM CAMPO
Uma magistral exibição de Rui Costa foi a nota dominante da partida de ontem na Luz que ditou o apuramento do Benfica para a fase de grupos da mais importante prova de clubes da Europa onde, pela primeira vez na história, Portugal vai colocar três representantes.
Foi a partir do perfumado futebol do regressado maestro que o Benfica – novamente no 4-2-3-1 que exibiu nas últimas temporadas - se desembaraçou de um adversário que já no jogo da primeira mão demonstrara estar bastantes furos abaixo dos encarnados e das exigências de uma competição como a Champions League. É lugar comum dizer-se que uma equipa joga o que a outra deixa jogar, mas se nos lembrarmos dos conjuntos que eliminaram F.C.Porto e Sporting das competições internacionais na época transacta (Artmédia e Halmstad), verificamos como por vezes o que parece fácil se complica. Pois o Benfica não complicou, e esse foi o seu grande mérito nesta eliminatória, que acabou por resolver com toda a tranquilidade e segurança.
Entrando a todo o gás, a equipa da Luz cedo tomou conta do jogo e partiu para uma primeira parte com momentos de grande fulgor a roçar o brilhantismo. Rui Costa a pensar e a organizar o jogo, Nuno Gomes como complemento ideal para o seu futebol de veludo, e a irreverência de Manu a dar profundidade ofensiva, foram os alicerces em que assentou a boa exibição benfiquista neste período.
Aos vinte minutos, corolário do amplo domínio encarnado, Manu e Nuno Gomes construíram a jogada que Rui Costa brilhantemente finalizou. Estava feito o mais difícil.
Se se esperava uma reacção austríaca, a verdade é que ela não surgiu. A toada de jogo diminuiu um pouco, mas o controlo e o domínio da partida permaneceram sempre, em absoluto, na equipa benfiquista.
No último minuto da primeira parte, um corte de cabeça de Katsouranis isolou Nuno Gomes que, com facilidade, bateu o guarda-redes do Áustria pela segunda vez dando, num momento decisivo, o golpe de misericórdia na partida.
Obviamente que, nesta fase da época e com a eliminatória praticamente resolvida, seria de esperar uma segunda parte menos intensa. Ainda assim, foi novamente dos pés de Rui Costa que nasceu o lance do terceiro golo, concretizado por Petit após assistência de Manu. A partir de então, a única dúvida seria saber quantos mais golos o Benfica marcava.
Apesar de um ou outro lance de perigo, o resultado não mais se alterou. A substituição de Rui Costa (com todo o estádio de pé a aplaudi-lo) acabou com o jogo, pois a partir daí o Benfica perdeu a sua principal referência a meio campo, enveredando por um futebol mais atabalhoado, que nem as entradas de Fonseca e Mantorras puderam contrariar. O tempo foi passando, a festa foi-se fazendo nas bancadas, e quando Terje Hauge apitou para o final da partida, as quase sessenta mil pessoas presentes puderam sair com a clara sensação de que, afinal, têm jogadores e equipa para enfrentar a temporada com toda a confiança, algo que há semanas atrás não parecia assim tão líquido.
Agora espera-se que a fada madrinha possa dar uma ajuda no sorteio de amanhã à tarde, no qual o Benfica estará juntamente com o Sporting no pote 3 (o F.C.Porto estará no 2, pelo que teoricamente poderá beneficiar de um grupo mais acessível). Partindo do princípio que as equipas do pote 1 são pouco menos que inultrapassáveis, e as do pote 4 poderão ser as menos difíceis, a chave está em saber quem cairá do pote 2. PSV Eindhoven (de Koeman), Ajax e Celtic de Glasgow parecem, à partida, as mais desejáveis. Veremos se haverá condições para, pelo menos, repetir a prestação da época passada, onde o Benfica só foi derrotado pelo Barcelona (que havia de se sagrar campeão) nos quartos-de-final.
2 comentários:
É incrível como a comunicação social muda de tom de um jogo para outro, de um resultado para outro.
Hoje o Benfica é o maior, e caso o Sporting não ganhe ao Boavista no sábado, logo surgirão as primeiras páginas e os artigos críticos.
Tens razão Xinfrim.
Recordo-me por exemplo, e é bom termos boa memória, do que se dizia do Benfica e do SPorting antes do último derby para o campeonato (1-3 na Luz), e sobre os plantéis de um e outro. E do que se disse depois.
É assim o adepto do futebol.
Já custo mais a aceitar que a comunicação social também reaga dessa forma.
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