ALLEZ ENFANTS DE PORTUGAL

Portugal e França voltam quarta-feira a defrontar-se nas meias-finais de uma grande competição. As recordações, como se sabe, não são as melhores, e um dado curioso, e sem grande piada, diz-nos que nos últimos trinta anos as duas selecções jogaram por sete vezes, e em todas elas a vitória sorriu aos gauleses (nem um empatezinho para amostra).
Não acredito em fantasmas, nem sequer sou supersticioso, mas parece-me que este jogo será ainda bem mais difícil do que aqueles que realizámos com a Holanda e a Inglaterra.
A França tem-se mostrado fortíssima nesta segunda fase da competição, sendo talvez a equipa mais poderosa das que estão em prova. Ganhou à Espanha e ao Brasil, exibindo um futebol de grande qualidade em todas as suas vertentes, e revelou nesses jogos um Zidane ao seu melhor nível, e uma coesão táctica assinalável.
Se Portugal se dá bem com o futebol aberto e pouco imaginativo de ingleses e holandeses, já com este estilo rigoroso e fechado com rápidas transições defesa-ataque alicerçadas na magia de artistas do quilate de Zizou, tem habitualmente maiores dificuldades. A França não tem o cinismo de uma Itália, mas será talvez a selecção que mais se aproxima dos princípios de jogo transalpinos, pelo que a nossa tarefa não se afigura nada dócil. Ainda assim, a imprevisibilidade dos brasileiros seria talvez mais problemática de abordar (os franceses toda a gente sabe como jogam).
Esta França tem uma defesa sólida e rotinada - só sofreu um golo de bola corrida até ao momento-, apesar de Barthez não ser muito seguro na baliza, mas é no meio campo que está a sua principal força, com a dupla de incansáveis e muito bem articulados pivots Makelele e Vieira, a destruir todo o jogo adversária, e no caso do segundo, ainda a ser capaz de criar desequilíbrios em acções ofensivas junto da área adversária. Depois tem Zidane, que na sua melhor forma (que parece querer exibir), continua a figurar entre os cinco ou seis melhores jogadores do mundo. Na frente, Thierry Henry é outro desses cinco ou seis, com a particularidade de não ser um ponta de lança fixo, não privilegiar o jogo aéreo mas sim as diagonais e as progressões em ruptura, e como tal ser muitíssimo mais difícil de marcar por defesas com as características de Ricardo Carvalho e Fernando Meira.
Neste Mundial, a equipa de Domenech aparece ainda reforçada com dois jovens alas, Malouda e Ribery, que dão equilíbrio à equipa, quer em termos defensivos (mais no caso do primeiro), quer em acções de ataque (mais no caso do segundo).
Há um dado que pode ser importante, e que é a eventual menor frescura física de Zidane, Vieira, Thuram e companhia. Aí poderá estar uma das nossas principais armas, sobretudo se o jogo evoluir para prolongamento.
Outras eventuais chaves desta partida poderão estar na forma como Deco se consiga ou não esquivar à apertadíssima pressão que Makelele e Vieira fazem na sua zona de acção, no desempenho de Costinha e Maniche na zona de Zidane (e controlando as subidas de Vieira), na marcação a Henry, e no duelo individual entre Nuno Valente e Ribery, que esperemos possa ser ganho pelo português. Uma noite inspirada de Ronaldo também fazia algum jeito.
É fundamental não dar espaço aos contra golpes franceses pelo que não convém Portugal atacar com demasiado entusiasmo. A manutenção da bola parece imprescindível frente a este adversário, até porque circulando-a pelo campo, obriga-se os contrários a correr mais. Se deixarmos o tempo passar, o desgaste físico dos veteranos jogadores franceses poderá funcionar a nosso favor.
Apesar de todas as dificuldades que esperam a nossa equipa, eu acredito em Portugal. Esta equipa tem alma, tem ambição e sabe como reagir perante as adversidades que se lhe coloquem. Tem um grande líder, que seguramente vai encontrar a melhor estratégia para vingar os seus compatriotas.
Nada é mais exigido a esta selecção. No meu ponto de vista já atingiram as maiores expectativas que seria lícito ter nesta competição. Uma final seria um sonho. Falta só um bocadinho assim...
Já que acertei em cheio na previsão que fiz para o Portugal- Inglaterra, vou adiantar um 1-0 para esta partida.
Que assim seja.
Viva Portugal !!!

6 comentários:

Anónimo disse...

A estatistica desta vez joga contra nós... Mas com o apoio do mundo inteiro (isto de ser pequenino tb tem as suas vantagens), vamos ganhar.

cj disse...

eu vou mais além...
3-1.

Anónimo disse...

Hoje, quem é que tem cabeça para trabalhar?
Estamos a algumas horas de ficar na história, sim, só se passarmos é que iremos ficar na história mundial dos campeonatos do mundo, pois só quem vai á final é que fica na história e mesmo assim ela é cruel para com os vencidos. Quem se lembra dos meios finalistas de 2002, ou de 1998, alguém se lembra que a Turquia discutiu o acesso à final com o Brasil no Corei/Japão?
Pela sua arrogância, petulância, chauvinismo, os franceses são o povo que menos gosto, menos ainda do que os alemães. É claro, que Zidane e companhia não têm culpa nenhuma, antes pelo contrário. Numa conversa que tive com um emigrante de Paris, perguntei-lhe qual era o significado para ele nós ganharmos á França, ele respondeu-me que “as lágrimas correriam a fio”. Vamos lá dar essa imensa alegria a esta gente.
Viva Portugal!

Anónimo disse...

Curiosidades:
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Anónimo disse...

Concordo com tudo o que diz o Brytto excepto em não gostar dos franceses.
Bem sei que hoje nem os poderei ver à frente, mas de um modo geral parece-me um povo bastante simpático e acolhedor (apesar de obviamente existir de tudo como em todo o lado).
Já estive em França e fui extraordinariamente bem tratado em todo o lado onde entrei. Sempre com a maior amabilidade e simpatia.
No Louvre em Paris, chegaram a meter conversa comigo, e sem eu pedir nada, ajudarem-me a interpretar algumas obras (algo impensável até em Lisboa).
Recordo um restaurante em Momarte onde fiquei momentaneamente sem dinheiro para pagar a conta, e não só entenderam perfeitamente, como ainda me ofereceram uma sobremesa.
Enfim, alguns dos episódios que me deixaram a melhor impressão acerca dos franceses.
Tentei sempre falar francês, dentro das minhas possibilidades, e percebo que quem vá para lá falar inglês, talvez não seja tão bem recebido.

Os alemães não serão tão simpáticos, mas não deixo de ter o maior respeito por um povo que deu à humanidade nomes como Hegel, Kant, Schopenhauer, Nietzsche, Wagner, Marx, Bethoven, Mahler, Goethe, Holderlin, Munch, Kirchner, Fassbinder entre muitos outros.

França e Alemanha são dois dos países que mais admiro.

Anónimo disse...

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