TRISTEZA
COM HONRA, SEM GLÓRIA
COM TUDO!
O QUE VALE UM MUNDIAL
É certo que a FIFA não ajudou, ao escolher estádios com oitenta mil lugares e colocar à venda bilhetes a centenas de dólares - num país sem cultura futebolística, e onde nenhuma das tentativas de a implementar resultou -, o que deixa as bancadas demasiado despidas, e transmite a sensação cromática de uma qualquer International Champions Cup ou outro torneio mais ou menos luxuoso de pré-temporada. Também não houve lá muito respeito pelos jogadores, colocando-os a jogar a horas impróprias e sob temperaturas tórridas. A calendarização não favorece as equipas europeias (haveria sempre quem se queixasse), e obriga-as a uma de duas coisas: rodar jogadores (quem pode) ou jogar a um ritmo tão baixo quanto possível. Tudo isto são, pois, aspectos a rever nas próximas edições. Acredito que a FIFA aprenda alguma coisa com os erros, pois tem muito dinheiro a ganhar, e sabemos o que a move.
HISTÓRICO!
DIA B
As hipóteses são:
1) ganhar
2) empatar
3) perder e o Boca não ganhar
4) perder e o Boca ganhar, mas sem que na soma entre a derrota do Benfica e a vitória dos argentinos haja um diferencial de sete ou mais golos. Se o Benfica perder por um, o Boca tem de ganhar por seis, e assim sucessivamente.
Neste momento confesso que não consigo fazer previsões. O histórico com o Bayern é tenebroso, com dez derrotas e três empates em treze partidas (e várias goleadas sofridas). Vejamos:
Enfim, a única coisa que sabemos é que se o Benfica passar, a prova não terá importância nenhuma, se ficar pelo caminho vai ser o drama habitual - sobretudo por parte dos que passam um mandato de quatro anos inteiro a fazer campanha eleitoral, nem sequer a favor de alguém, mas contra o próprio clube e todos os que em campo, no banco ou nos gabinetes o representam.
Fica o onze: Trubin, Gouveia, António Silva, Otamendi, Dahl, Florentino, Kokçu Aursnes, Di Maria, Pavlidis, Akturkoglu.
TUDO SANADO
SÓ COM TROVOADA
OBRIGATÓRIO VENCER
UM PROBLEMA LATERAL
Não se sabe se os centrais ficam (Ota, Tomás e António). Mas mesmo que, como espero, permaneçam, deverão ser utilizados como isso mesmo: centrais.
Não descurando o meio-campo, com um médio que seja capaz de manter bola, e o ataque, com uma alternativa a Pavlidis (não sei se Belotti fica), o grande foco de mercado do Benfica deve ser a aquisição de dois laterais de grande qualidade.
INENARRÁVEL
Desde logo, à cabeça, e como maior responsável, um árbitro que não devia estar ali. Não foi preciso muito tempo para se perceber que não iria conseguir gerir o jogo, permitindo todo o tipo de entradas aos jogadores argentinos, e deixando que os seus critérios rapidamente se tornassem ingovernáveis. Na segunda parte houve uma grande penalidade clara, cometida sobre Pavlidis, e que foi ignorada. Mas o mais gritante foi a forma como o juiz mexicano compactuou com todos os truques dos argentinos. O tempo de compensação atribuído no fim do jogo foi o corolário de uma actuação absolutamente incompetente, e que foi uma das razões, a principal, para que a qualidade do espectáculo cedo ficasse comprometida.
Perante estas circunstâncias, em fim de época, e manifestamente cansado, era difícil que o Benfica realizasse uma grande exibição. A equipa até entrou bem, mas sentiu em demasia o primeiro golo do Boca. Não mais soube entender-se com o futebol arruaceiro do adversário, com a complacência do árbitro e com os seus próprios fantasmas.
Sempre defendi, e defendo, Bruno Lage. Neste caso confesso que não percebi o onze inicial, nem as substituições. E se na primeira parte a equipa foi de algum modo apanhada de surpresa, na segunda, já em desvantagem e sabendo ao que ia, exigia-se uma atitude muito mais afirmativa, e um onze mais adequado - com os dois turcos e eventualmente Gouveia do lado direito (naturalmente sem Dahl, Renato e Bruma).
A verdade é que a entrada de um segundo ponta-de-lança não melhorou nada a equipa, deixando o meio-campo demasiado desprotegido, fazendo-a perder o controlo da bola e do jogo. O problema do Benfica não era táctico, mas sim de intensidade competitiva face a um adversário de faca nos dentes e a um árbitro permissivo. Essa substituição não resolveu um problema, e pelo contrário, criou outro.
ENTRAR A GANHAR
UM DIA MAU. MUITO MAU!
Hoje foi um dia
muito mau para o Benfica.
De manhã, a
equipa de sub 17 venceu o FC Porto, sagrando-se Tri-Campeã nacional da
categoria. E completou o “hat-trick” das camadas jovens (Juniores, Juvenis e
Iniciados).
Nos saudosos
tempos anteriores aos negros “vieirismo” e “costismo”, estas triplas conquistas
eram trigo limpo, ano após ano. Todas num ano é inédito, mas…isso é um pequeno
detalhe que não interessa nada.
Foi mesmo muito mau. O Benfica venceu apenas por 2-1, tendo sete campeões da Europa
no onze, frente a um adversário que tinha apenas cinco. Uma vergonha! Tinha de ter goleado, tal como fez ao Sporting
(7-0, e aí tinham de ter sido 14-0). É também inqualificável que tenha
deixado a decisão do título para a última jornada. Não se faz. Creio que a
medida imediata a tomar era o despedimento do treinador e a dispensa de grande
parte do plantel. Temos de ser “exigentes”. Ser Tri-Campeão não chega. Menos de
14 títulos consecutivos nem dá para conversarmos. É sempre um fracasso. E, já
agora, demitir também todos os responsáveis pela formação: só em 2025
conseguiram algo que deveria acontecer todos os anos (excepto, claro está, de
2003 para trás), o que é um insulto a Cosme Damião – que ganhava tudo, a todos e sempre de
goleada.
Quem também já
devia ter sido despedido, hoje mesmo, era o tanso do treinador de Basquetebol.
Conquistou o
Tetra-Campeonato para o Benfica, esmagando o FC Porto no Dragão. Ele,
pessoalmente, já tinha ganhado antes dois campeonatos pela Oliveirense (nos últimos oito anos só perdeu um). Mas o que
interessa isso se perdeu a Taça da Liga – essa sim, a grande competição da
temporada?
Há seis anos que o Futsal do Benfica não ganhava no Pavilhão João Rocha. Hoje ganhou, mas…nos penáltis. Uma vergonha! Tudo para a rua já! Então não é que falharam o livre directo a 16 segundos do fim? E estiveram sempre em vantagem? Que miserabilismo deixarem-se empatar e ter de decidir nos penáltis… É o benfiquinha que temos. Um clube morto e acabado. Eu não pago mais as quotas. Uma sombra do grande Benfica de antigamente, que ganhava todos os campeonatos de Futsal e goleava sempre o Sporting. Uma vez até chegou a ser Tri-Campeão. E mesmo Campeão Europeu. Mas isso, claro, antes do negro e obscuro “vierismo”, e de vinte anos de corrupção, compadrio e pedofilia. Não? Afinal parece que foi com Vieira. Sendo assim não interessa. Não falemos mais disso.
As vitórias são sempre para esquecer. Temos é de dizer mal, de vergastar, de chicotear, pois somos “exigentes”. Já com o Eusébio era assim: o desgraçado até foi apedrejado, e em 1970, nas redes sociais, toda a gente (ou um ou dois a fingir que eram mais) dizia que estava acabado, que tinha de ser dispensado como o Di Maria. Depois ganhou uma Bota de Ouro e três campeonatos, mas isso também não interessa, pois o sueco do Sporting ficou em segundo ou terceiro lugar, o que, obviamente, vale muito mais. O Inferno da Luz era conhecido como tal porque os 75 mil passavam o tempo a apupar e insultar os jogadores do Benfica. Isso é que era "exigência": assobiar sempre, insultar, agredir. Assim era obviamente mais fácil ganhar. Sob chicote todos trabalhamos muito mais e melhor. É dos livros.
O MEU PLANTEL
Ainda há Mundial, ainda há Carreras, Di Maria, Belotti, Renato. Mas avanço desde já aquela que seria a minha proposta para 2025-26, com 4 contratações cirúrgicas (investimento de cerca de 50 milhões, ou seja, o valor da venda de Carreras, arredondada com Arthur Cabral):
ALTA RODA
Esta participação não acontece por convite. O Benfica construiu o melhor ranking dos clubes portugueses nos últimos anos (está no top 15 da Europa), e é graças a isso, graças a resultados desportivos, que irá estar no Mundial. Não por ter mais adeptos, ou por fazer mais Assembleias Gerais, ou pela estética dos cânticos da claque. É sim por, em quatro anos, ter chegado duas vezes aos Quartos-de-Final da Champions (sendo a único clube fora dos "big five" nessas fases) e uma vez aos Oitavos - na outra temporada foi eliminado por penáltis nos Quartos da Liga Europa. É sim por, em quatro anos, tem vencido 25 jogos internacionais, dos quais 13 fora de portas. O FC Porto também estará presente (graças ao desempenho em 2023 e 2024). Mas se apenas houvesse lugar para um clube português, esse seria o Benfica.
À DÚZIA É MAIS BARATO
TOCA A TODOS
Trata-se de algo que, infelizmente, é comum aos principais clubes, e tem de ser resolvido fora do âmbito do desporto. São casos de polícia, que podiam, e deviam, estar há muito identificados e punidos. A quem frequenta os estádios, até parece relativamente fácil. Porque não acontece? Não sei.
O que não poderá acontecer é alguém voltar a acusar o Benfica, os benfiquistas ou os adeptos do Benfica, de terem feito isto aqui, matado aquele italiano ali, atirado um very light acolá. E isso já foi dito, não necessariamente por Frederico Varandas, mas por dirigentes do passado e do presente.
Quando se cospe para o ar, pode cair-nos em cima. E não há clubes de bem ou clubes de mal, nem clubes diferentes. Há clubes, há adeptos, e depois há estes cidadãos, que não me parece que sejam pessoas de bem - apesar de não terem nascido no Bangladesh.
FARTO DE AG'S
UM CLÁSSICO COM HISTÓRIA
O MITO DO FUTEBOL DE ATAQUE
Já aqui escrevi que não me parece justo avaliar o trabalho (de presidente, treinador e jogadores) apenas em função do resultado final. Este campeonato, por exemplo, tem muitos "ses" (desde logo, é preciso lembrar que Bruno Lage fez mais pontos que o Sporting). E esta Taça de Portugal teve um escandaloso "se", que ditou o vencedor. Se isso em nada diminui a nossa frustração, deve, pelo menos, deixar espaço para que a lucidez faça justiça àqueles que, em campo, no banco e nos gabinetes, pugnaram por merecer mais.
Apesar disso até concordo, em parte, com aquela afirmação Mas levo-a muito para além do mandato de Rui Costa, e mesmo de Vieira. Já nos anos oitenta e noventa do século passado me recordo do Benfica ter plantéis de luxo que perdiam para os Portos dos Kikis, dos Vlks, dos Tozés e Bandeirinhas. Havia Apitos Dourados, doping e tudo o mais. Mas havia também um Benfica com sapatos de veludo e um Porto de faca nos dentes.
Daí para cá, muitas vezes vi impor-se a retórica do futebol de ataque ou do futebol bonito, como se a matriz identitária do Benfica a isso obrigasse. Errado!
A matriz de base do Benfica é a de um clube popular e operário. Um clube lutador, como diz o hino. Que luta com fervor, e que só nessa luta nunca encontrou rival. Pois que estilo, perfume, futebol ofensivo ou bonito era jogado, por exemplo, pelos "Violinos" do Lumiar.
O QUE DIZ NORONHA
APESAR DE MARTINEZ
Quando vi o onze inicial, pensei que Martinez queria mesmo era ser despedido já hoje. Dispondo daquela que é, seguramente, uma dos melhores, senão a melhor, dupla de centro-campistas da Europa (Vitinha e João Neves), o seleccionador entendeu colocar um a suplente e outro a lateral-direito (com Dalot e Semedo no banco). Depois há o caso Ronaldo, do qual já falei abundantemente, e que me parece uma questão de âmbito comercial, que começa a tornar-se penosa.
DISSERTAÇÃO SOBRE O ERRO
Sinal dos tempos. Sinal de uma ou duas gerações mimadas, que só sabem exigir. Que não sabem contextualizar. Que desprezam o conhecimento histórico. E até mesmo os factos. Que, por ignorância, se julgam donos da verdade. Que cedem ao imenso ruído decorrente da hemorragia comunicacional em que vivemos. A informação é muita, verdadeira e falsa; a inteligência, porém, manteve-se como dantes (pouca ou alguma, conforme a distribuição que Deus faz). O resultado é dramático, como se vê em vários planos da vida colectiva - não só no futebol, nem principalmente no futebol.



