Vejo e leio tantas opiniões definitivas sobre a demissão de Luís Mendes, que quase não resta nada para acrescentar. Até porque...não sei.
O meu sentido de responsabilidade enquanto benfiquista impede-me de dar aqui palpites, ou de fazer julgamentos precipitados sobre factos que não conheço com exactidão. Nesta e noutras situações.
Até prova em contrário, apoio sempre todos os que representam o clube aos mais diversos níveis (no campo, no banco, nos gabinetes). Se isso é confundido com outra coisa, o problema será de quem confunde. Eu vou continuar a apoiar os meus, os do Benfica, chamem-se eles como se chamarem.
Há porém algo que não posso deixar de referir. O timing para esta demissão é estranho. Pode ser coincidência, pode não ser. Mas era dispensável abrir uma crise desta natureza, com todo o folclore mediático que ela fatalmente traz, em vésperas de uma importante Assembleia Geral.
Não conheço Luís Mendes. Recordo-me apenas de uma entrevista, que não foi, digamos, espectacular. Se queria cortar custos de funcionamento, provavelmente até tem razão. Não creio que seja só essa a razão da demissão e do alegado conflito com outros membros dos órgãos sociais, nem provavelmente a principal.
Desses, dos alegados "vieiristas", lembro-me de serem ferozes críticos de Vieira durante muito tempo, e até participaram em listas de oposição, antes de serem integrados pelo ex-presidente. Estou a falar, por exemplo, e de acordo com o que diz a imprensa, de Jaime Antunes e Fernando Tavares. Independentemente da opinião que se tenha sobre eles, há duas certezas: são benfiquistas, e não são, nem foram, os maiores "vieiristas" do mundo.
Já o disse aqui, e isso parece-me inelutável: ainda há muita coisa a mudar no Benfica. Percebo que Rui Costa tenha começado pelo futebol, e nas outras áreas tenha optado por manter o suporte de pessoas que as conheciam melhor do que ele - não fazendo revoluções, nem abrindo guerras que não conseguiria vencer.
Neste momento, talvez já o possa fazer. Talvez já possa, e deva, mudar algo mais, em áreas que ficaram paradas no tempo, que se acomodaram. Se quer ou não quer, não sei. Mas que não há nenhum nome credível como alternativa ao seu, isso é óbvio. E a ser assim, se é para desestabilizar só por desestabilizar, se é para descredibilizar só por descredibilizar, se é para protestar só por protestar, não contem comigo. Sei que isso está na moda, no desporto e na política. Num e noutro caso, não traz nada de bom.
Já agora, se ser "vieirista" é entender que o Benfica melhorou imensamente desde 2003, então eu também sou. Se é defender um regresso do LFV ao clube, não creio que subsistam muitos "vieiristas". Aliás, foi o próprio LFV, com um terrível último mandato, com a forma obtusa como saiu, e com o que disse e escreveu depois, que se auto afastou de qualquer futuro no Benfica. Tendo o ex-presidente, para o bem e para o mal, o seu lugar na história, esqueçamos pois o "vieirismo", pois ele já não existe.