A QUEM ANDA O BENFICA A DAR BILHETES?

Na Luz, determinado tipo de protestos é assobiado por uma larga maioria. Nos jogos fora, para onde o sócio comum, mesmo com Red Pass, não consegue arranjar bilhete, quem vemos? A mesma tropa de sempre, que enche o clube de multas, o envergonha no estrangeiro, o coloca em risco de jogos à porta fechada, e há meses não faz outra coisa que não desestabilizar.
Além do problema de eficácia  diante das balizas, o Benfica tem também um problema na gestão da venda/cedência de bilhetes. Espero que sem a dimensão que se vê noutro clube mais a norte, mas também para resolver, com urgência e com coragem.

LAGE - MUITO POR ESCLARECER

Confesso que aguardava com grande expectativa uma entrevista de Burno Lage, quatro anos depois de deixar o Benfica. 
Interessava-me, sobretudo, perceber o que aconteceu entre Fevereiro e Junho de 2020, mais precisamente entre o dia em que - após uma impressionante sequência de 36 vitórias em 38 jogos de campeonato repartidos por duas temporadas - a equipa encarnada entrou no Estádio do Dragão com sete pontos de vantagem (e possibilidade de os aumentar para dez) e o dia do despedimento do técnico setubalense, no consumar da série de resultados subsequente: apenas duas vitórias em treze partidas.
Uma quebra tão súbita não é normal, não é aceitável, e carece de explicações profundas, que nunca chegaram. Ficaram sempre a faltar peças para reconstruir o puzzle desse período. 
Recordo quais foram os jogos em causa, sendo que entre Março e Junho não houve futebol devido à pandemia:

Estes jogos mostraram então erros defensivos inusitados numa equipa que, nas primeiras dezoito jornadas daquele campeonato, apenas sofrera seis golos (desafiando registos históricos). Mostraram igualmente vários penáltis falhados, dois deles creio que disparados ao lado da baliza (executados por Pizzi), e recuperações defensivas que chegaram a ser objecto de memes nas redes sociais, com as de André Almeida nos jogos contra Santa Clara e Marítimo. Para além de apagamentos de forma drásticos de vários jogadores. Erros que custaram naturalmente o Campeonato, bem como uma eliminação na Liga Europa.
Disse-se então que Pizzi, André Almeida e outros elementos do plantel (Rafa? Grimaldo? Chiquinho?) queriam deliberadamente forçar a substituição do treinador. Algo que já foi desmentido pelo próprio, e também por alguns dos jogadores em causa.

Lida a entrevista, fiquei quase na mesma. 
Bruno Lage queixa-se de falta de reforços para esse plantel (nomeadamente um lateral-direito e alguém que fizesse a posição de João Félix), mas os jogadores que tinha foram os mesmos que conseguiram a tal série de dezoito jogos, e a tal vantagem de sete pontos. Isto para além de ele próprio assumir responsabilidades nas contratações de Weigl e Dyego Souza, completamente falhadas, como se sabe, e ter sancionado a saída do central Conti - que não sendo um craque, era então a única alternativa a Ferro, com Jardel lesionado.
Queixa-se também de uma intervenção demasiado dura de Luís Filipe Vieira no balneário, após o empate a zero com o Tondela. E lamenta o apedrejamento do autocarro nessa mesma noite, o que naturalmente desestabilizou ainda mais a equipa, e aí estou com ele.
Mas isso passou-se na metade final da dita sequência de maus resultados, já após um registo de uma só vitória em nove jogos. Podia condicionar os quatro jogos seguintes, não os nove anteriores.
Recordo que, ao contrário do que foi assumido publicamente por outros clubes, o Benfica manteve, tanto quanto se sabe, a integralidade dos salários durante a pausa da Covid. Terão faltado prémios, nomeadamente do título da época anterior? Como caiu no balneário uma contratação de 20 milhões como a de Weigl? Terá havido alguma espécie de sabotagem? De quem e porquê?
Faltam esclarecimentos, que seriam muito importantes para perceber o que então se passou, e porventura para, a partir daí, entendermos também outras crises, anteriores e posteriores a essa.
Resta-nos talvez esperar que os jogadores terminem as suas carreiras, que Tiago Pinto ou Bruno Lage escrevam as suas memórias, ou o próprio Rui Costa um dia decida falar sobre o assunto.
Esses meses fascinam-me pela negativa. E acho que, como sócio, merecia uma explicação - que nunca foi dada.
Vou continuar à espera. Nem que seja sentado.

MUDAR POR MUDAR? NÃO!

Não advogo precipitações em nenhum aspecto da vida. Nem experiências de risco perante situações desconhecidas. Mudar, no meu ponto de vista, pressupõe saber muito bem para onde ir. 
Era bom que a multidão de benfiquistas que defende a substituição da equipa técnica (sim, reconheço que a maioria quer ver Roger Schmidt pelas costas), soubesse bem qual o caminho a seguir depois, e ponderasse se pretende uma mudança de paradigma futebolístico (eu tenderia a concordar com um maior investimento em músculo que em talento, capaz de transformar um grupo de bailarinos num carro de combate; e privilegiar uma defesa rigorosa em vez de um ataque empolgante, mas não me parece que seja esta a opinião maioritária entre os sócios), ou simplesmente mudar a pessoa - se for para isso, não me parece que valha a pena, até porque a contestação de que tem sido alvo Schmidt, foi a mesma que, nos últimos anos, liquidou Rui Vitória, Bruno Lage e Jorge Jesus, todos eles campeões de águia ao peito, todos eles empurrados por circunstâncias que, a não serem sanadas, voltarão a repetir-se. E esse é um aspecto sobre o qual importa reflectir.
Vejamos o quadro resumo de Roger Schmidt nas suas duas temporadas na Luz:

Ou seja, Schmidt venceu duas competições, foi afastado de outras três no desempate por penáltis, de uma por erros de arbitragem e de uma outra sem perder qualquer jogo. Chegou sempre aos quartos-de-final das provas europeias. Além disso apostou em António Silva e João Neves, resgatou Florentino das catacumbas dos empréstimos, tem vindo a lançar Tiago Gouveia e Tomás Araújo, e já colocou também em campo Samuel Soares, Gustavo Marques, Diogo Spencer e João Rêgo. Foi com Roger Schmidt que jogadores como Grimaldo, João Mário ou Rafa tiveram o seu melhor rendimento. Valorizou Enzo Fernandez e Gonçalo Ramos até níveis elevadíssimos. O balanço global não me parece nada mau.
Vejamos agora outros dados estatísticos de relevo. Por exemplo, Schmidt é o 2º treinador do Benfica com maior percentagem de vitórias no campeonato, só atrás de Jimmy Hagan (dados desde 1970):

Notável. 
O técnico alemão é também o 3º de sempre com maior número de vitórias nas competições europeias, só atrás de Jorge Jesus e Sven Goran Eriksson, e 5º de sempre com maior número de vitórias na Liga dos Campeões::

É igualmente o 3º de sempre com maior percentagem de vitórias nas competições europeias, só atrás de Guttmann e Eriksson, e mantém o 3º lugar se considerarmos apenas a Liga dos Campeões (nestes parâmetros o facto de actualmente haver mais jogos fica dissipado):

Lembremos agora todas as derrotas e empates de Schmidt no Benfica, nestas duas temporadas:

Partindo do pressuposto que na Europa qualquer resultado é possível, e que, nesse plano, ninguém pode acusar Schmidt de incumprir expectativas, vamos pois resumir os dados às competições domésticas:
Vemos que, em casa, em dois anos, o alemão só perdeu um jogo doméstico (com o FC Porto), e empatou quatro (dois deles com o Sporting). Fora de casa, para as provas nacionais, perdeu com FC Porto, Sporting duas vezes, Braga, e também com...Chaves, Boavista e Famalicão.
Em termos nacionais, os resultados verdadeiramente maus, além da derrota por 5-0 no Dragão (mais pelos números do que pela derrota em si, infelizmente tantas vezes repetida no passado), foram somente os desaires de Chaves, Bessa e Famalicão, e os empates caseiros com Casa Pia e Farense (um na temporada passada, quatro na corrente). Cinco resultados, portanto. Tudo o resto poderá considerar-se minimamente aceitável, sendo que, quanto a exibições, houve de tudo.
É de notar que as partidas com o Boavista e o Farense foram marcadas por grande infelicidade. No Bessa os encarnados cedo se viram em inferioridade numérica, e sofreram o golo decisivo no último lance do jogo; com o Farense criaram inúmeras oportunidades e não conseguiram vencer. Já em Chaves, na temporada anterior, além do golo da derrota surgir igualmente no derradeiro lance da partida, o mesmo foi antecedido de uma grande penalidade por assinalar sobre Otamendi. É preciso ter memória, e lembrarmo-nos como as coisas foram acontecendo, para não sermos injustos.
Note-se que, nesta época, mesmo se tivesse vencido em Famalicão, bem como os jogos da Luz com Casa Pia e Farense, a pontuação não chegaria, ainda assim, para alcançar o título. Há que entender os números, e perceber a força relativa dos adversários (e o Sporting fez um campeonato absolutamente extraordinário).
Perante tudo isto, mudar de treinador? Talvez sim, desde que seja José Mourinho ou melhor, e essa mudança configure uma alteração do paradigma de futebol do clube - como referi acima. 
Mudar por mudar (ou só pelas substituições, ou só pelas conferências de imprensa) não me parece boa ideia. E além de Mourinho, não vejo outro técnico que dê algumas garantias e esteja ao alcance do Benfica.
Quem defende uma mudança, devia pois dizer desde logo o que quer depois, e porquê. Caso contrário estamos a cair num folclore populista que tem tudo para correr mal.
E se Schmidt ficar e os resultados não aparecerem no início da próxima época? A contestação tornar-se-ia insuportável, provavelmente exigiria uma "chicotada psicológica", e podia comprometer a época. Pergunto eu: e se as coisas também correrem mal ao novo treinador? Faz-se o quê? Despede-se o novo também? E depois, contrata-se quem? Deita-se o clube abaixo?
Enfim, tudo isto somado a 20 milhões de euros deixa-me muitas dúvidas. Mais dúvidas do que certezas. 
Precisava de saber, por exemplo, quem indicou Jurasek, Kokçu e Arthur Cabral (só aqui estão 60M) para opinar com algum rigor, pois penso que dessas apostas resultaram grande parte dos problemas do Benfica na temporada (sobretudo no caso do lateral-esquerdo e do ponta-de-lança, posições que ficaram basicamente a descoberto, e obrigaram a constantes reinvenções tácticas). Precisava também de saber se o balneário está com o treinador ou não. Precisava ainda de conhecer melhor os motivos que levaram às abruptas quebras de rendimento do futebol benfiquista com Rui Vitória, Bruno Lage e Jorge Jesus - sobretudo na estranhíssima segunda volta da temporada de 2019-20, quando a uma sequência de 36 vitórias em 38 jogos, com a mesma equipa e o mesmo treinador, se seguiu um ciclo de apenas duas vitórias em dez jogos, que meteu penáltis falhados, exibições estranhas e até apedrejamento de autocarros, série que custou um título que parecia mais ou menos assegurado. Embora não me tenha cansado de escrever sobre o assunto, nunca ficou claro o que efectivamente se passou.
Sem esses dados não posso, em consciência, exprimir uma opinião definitiva sobre Roger Schmidt. Vítima ou culpado? Pois não sei.
Que não é um treinador perfeito, isso é óbvio. Mas...quem são os treinadores perfeitos? Guardiola? Ancelotti? Podem vir para o Benfica? Se pudessem, eu próprio ia recebê-los ao aeroporto com flores. Infelizmente o futebol português navega noutros mercados.
A verdade é que em dois anos Schmidt ganhou um campeonato. Tomara todos os treinadores do Benfica, e não só, ganharem metade dos campeonatos que disputam.
Se deve ficar ou não, cabe a Rui Costa decidir. Se ficar, será o meu treinador. Se vier outro, que seja para melhor. Espero, sobretudo, que a decisão não seja tomada em função do ruído exterior.
Os adeptos podem, e devem, ter opiniões, mas não servem para escolher treinadores. Escolhem presidentes, e fazem a sua avaliação no fim dos mandatos.

UMA DESPEDIDA E PÊRAS

Foi uma despedida em grande, confirmando o estatuto de melhor marcador e assistente deste Benfica. Rafa encheu o campo, e tivesse ele aceitado marcar os penáltis, podia mesmo ter alcançado um póquer histórico.
De resto tratou-se de um jogo típico entre duas equipas com a classificação definida. Embora tenha de se saudar o profissionalismo dos jogadores benfiquistas, ainda assim capazes de protagonizar bons momentos de futebol.
Infelizmente, o destaque vai uma vez mais para o que se passou fora do campo. Um grupo minoritário e nada representativo dos seis milhões de benfiquistas, entende que pode decidir unilateralmente o destino do clube, e impor o que quiser. Orgulho na resposta da maioria do estádio, assobiando firmemente comportamentos que apenas perturbam o clube e os seus profissionais.
Roger Schmidt podia ser simpático, bater no emblema, ir para as redes sociais declarar amor eterno ao Benfica. Opta por dizer a verdade e aquilo que pensa. E se não concordo com muitas das suas opções dentro do campo, saúdo sem hesitações aquilo que tem dito à imprensa, e que devia fazer reflectir os benfiquistas - pelo menos aqueles que tenham cérebro para tal.
Ainda bem que a temporada está a terminar.

PARA QUE SERVEM AS CRÍTICAS?

Criticar de forma constante e violenta aqueles que é suposto apoiar é algo que escapa a qualquer racionalidade.
A crítica é legítima. Mas o que se passa no Benfica de há uns tempos para cá é apenas estúpido.
A continuar assim, vai ser difícil a qualquer treinador e a qualquer jogador alcançar sucessos. 
Se alguém pensa que é a chicote que se trabalha melhor, é porque vive no século XVIII.
Infelizmente parece ser para aí que muitos querem voltar. No futebol e não só.
Eu? Vou continuar a amar o meu clube e a defender quem o representa. Mesmo que isso se transforme numa excentricidade - num país e num mundo a ficar cada vez mais de pernas para o ar. 

O ADEUS DE UMA LENDA

8 épocas de águia ao peito
325 jogos (22º da história do SLB com mais jogos)
93 golos (24º da história do SLB com mais golos)
8 títulos (3 campeonatos, 1 taça e 4 supertaças)
48 jogos na Champions (10º da história do SLB com mais jogos na prova)
13 golos na Champions (6º da história do SLB com mais golos na prova, só atrás de Eusébio, José Augusto, José Águas, José Torres e Nené).
Melhor marcador dos três actuais plantéis em "Clássicos" e "Dérbis" (7 golos)
Marcador dos golos das duas últimas vitórias do SLB no Dragão (que valeram os dois últimos campeonatos)
Marcador do decisivo golo frente ao Braga no último título do SLB
Melhor marcador do SLB neste campeonato (12 golos)
Melhor marcador do SLB nesta temporada (20 golos)
Mais assistências pelo SLB neste campeonato (11 assistências, 2º da competição)
Mais assistências pelo SLB nesta temporada (14 assistências)
Campeão europeu em 2016
Como disse Jurgen Klopp: "Rafa? Uau!!!" Como disse Mircea Lucescu: "Como é possível Rafa ainda jogar em Portugal?"
Os números são impressionantes. O estilo faz lembrar Chalana. Querido de todos no balneário. Titular absoluto com todos os treinadores. Um dos melhores jogadores do Benfica neste século.
Perante tudo isto, perante uma verdadeira lenda (que nunca me cansei de elogiar), o que se estranha é a indiferença de tantos benfiquistas, ao longo dos anos, face a Rafa Silva. Talvez não saiba vender a imagem como outros. E a verdade é que o empresário também não ajuda. Mas... 
Por um lado, queixam-se do futebol moderno, e dos jogadores relâmpago que saem ao primeiro aceno (Félix, Sanches, Enzo, Darwin). Por outro, não valorizam quem fica tantos anos no clube, sempre com números espantosos, sempre com elevado profissionalismo, sempre um dos melhores da equipa.
Rafa merece todos os aplausos. Merece todas as vénias.
Como outros antes dele, só depois de sair será devidamente valorizado.
Lamento profundamente que parta. E não antevejo fácil a substituição.

SIMPLES

Infelizmente, parte substancial das opiniões expressas em nome do benfiquismo nas redes socias, em sites, fóruns ou blogues (enfim, tudo o que permita o anonimato), são falsas. Há espaços onde isso é manifesto (Serbenfiquista, Geração Benfica etc), e basta um pouco de atenção para o perceber. O nosso VdB, por ser pequeno e ter menos visualizações, não fica tão exposto ao fenómeno - que, diga-se, está longe de se esgotar no futebol. 
Todo esse ruído faz muito barulho, mas tem pouca credibilidade. Quem ainda não se habituou a ignorá-lo, com o tempo aprenderá forçosamente a fazê-lo. No futebol e não só.
Além da multiplicidade de perfis de falsos "benfiquistas" que pululam pela internet procurando desestabilizar e manipular mentes mais desatentas (e de uma comunicação social ávida de sangue), há também a claque. E para esta eu utilizaria a velha máxima segundo a qual o raciocínio de uma multidão em fúria é equivalente ao da pessoa mais estúpida que lá estiver. 
Não é especificidade do Benfica. Basta lembrarmo-nos de Alcochete 2018, de como a Juve Leo impediu a entrada de José Mourinho no Sporting em 2001, ou da última AG do FC Porto, para percebermos o efeito de um grupo de delinquentes quando lhe é dada demasiada importância. Esta época o Benfica já teve a sua dose, e se ninguém lhes entregasse bilhetes, talvez episódios como os de Faro, de Milão ou de San Sebastian pudessem ter sido evitados.
Deste modo, as opiniões que contam, aquelas que interessam, são das dezenas de milhares de sócios que enchem as bancadas do estádio jornada a jornada; que se deslocam à Luz dos mais variados pontos do país, realizando despesas que vão muito para além do preço do bilhete ou Red Pass, chegando a casa tarde mesmo tendo de trabalhar no dia seguinte; também daqueles que, espalhados pelo mundo, nem sequer podem vir a Lisboa; ou ainda de outros que nem sócios podem ser por não terem dinheiro para quotas. Se acendem luzinhas ou não, pouco me interessa: são eles o Benfica. Somos nós o Benfica. Sempre o fomos. Sempre o seremos. Com paixão pelo clube, e respeito por quem o representa.
Quando falo de benfiquistas, ou dos benfiquistas, é destes que falo. Os "outros", ou nem o são, ou são inúteis ou mesmo nocivos.
Dito isto, e mau grado todos termos direito a opinar, entendo que cabe ao presidente do clube escolher o treinador, decidir se ele se mantém, ou se deve ser substituído. Só ele tem os dados completos para tomar decisões dessa natureza. Os adeptos não assistem aos treinos, não conhecem as dinâmicas de balneário, não sabem como flui o relacionamento entre jogadores, nem entre estes e o treinador, e não percebem grande parte do conteúdo técnico da função (eu não percebo nada de fisiologia, e muito pouco de tácticas, tenho a humildade de o reconhecer).
Tomando as decisões, ao presidente cabe também assumir as responsabilidades. E no final do mandato, então sim, os sócios serão chamados a decidir se deve continuar, ou deve dar lugar a outro que se proponha ao cargo.
Tudo isto é muito simples. Por vezes não parece.

TRISTE FIM

O campeonato ficou decidido em Alvalade, quando Neres falhou o 1-2 numa baliza, e Catamo marcou na outra, no último minuto, o 2-1. Daí em diante, só algo muito estranho podia tirar o título ao Sporting - que, digo-o desde já, foi um justo campeão.
Eliminado de todas as outras provas, e com o segundo lugar assegurado, exigia-se ao Benfica um fim de campeonato digno, que o deixasse mais perto do rival, e adiasse a decisão para tão tarde quanto possível.
Infelizmente, nem isso aconteceu.
O jogo de Famalicão é, de resto, um retrato fiel da temporada: uma equipa ineficaz diante da baliza adversária, e permeável na sua, vítima dos seus próprios equívocos, e com opções tacticamente incompreensíveis.
Se Schmidt tem culpa? Tem. Se tem condições para continuar? Depois deste jogo, creio que não. Mas nem ele é o único culpado, nem a sua demissão resolverá todos os problemas do Benfica.
Haverá tempo para dissertar sobre os erros passados e o que se pretende para o futuro.  Há problemas de competitividade, e até de mentalidade - aos quais, nem os adeptos são alheios. Isso fica para mais tarde.
Este Benfica 2023-24 começou a falhar em Julho, no mercado de transferências, quando alguém (Schmidt? Rui Costa? Braz? Scout?) pensou que Jurasek podia substituir Grimaldo, e Arthur Cabral podia substituir Gonçalo Ramos - custando o mesmo que um tal Gyokeres. Depois foi a brincadeira da baliza, da qual resultou a saída de um guarda-redes apenas razoável, mas experiente e seguro, trocado por uma promessa ainda verde, e que cometeu mais erros numa época que o seu antecessor em seis (aqui, todos sabemos, a responsabilidade foi do técnico alemão). Já Kokçu foi a contratação mais cara de sempre do futebol português, e como tal esperava-se que fizesse a diferença. Vê-se que foi um logro, mas já na altura me parecia inútil gastar 30 milhões numa posição onde o Benfica tinha aquele que é, provavelmente, o melhor jogador do plantel. No meio de tudo isto, dos 32 campeões nacionais, apenas permaneceram no plantel 12 elementos. Provavelmente também a folha salarial foi subvertida, com diferenças que podem ter gerado focos de insatisfação. Saíram jogadores importantes na rotação e, eventualmente, também no balneário, como Chiquinho, Guedes, Gilberto, e depois Musa.
De agosto em diante, o Benfica travou uma luta constante contra si próprio, e contra todos estes equívocos. O caso do ponta-de-lança é manifesto, com Schmidt a trocar, uma, duas, três, inúmeras vezes, e sem nunca acertar, por um simples motivo; nenhum servia para o Benfica, nem para o estilo de jogo da equipa que meses antes se sagrara campeã.
A tantos erros próprios se juntou um campeonato estratosférico do Sporting - que também é preciso considerar. O Benfica podia e devia ter sido muito melhor, mas talvez nem isso fosse suficiente para ganhar este título. Reconhecer mérito a quem venceu é o melhor ponto de partida para uma análise honesta a toda a temporada benfiquista - equipa que, diga-se também, conquistou a Supertaça, foi eliminada da Taça da Liga e da Liga Europa nos penáltis, e saiu da Taça de Portugal empurrada pela arbitragem.

ONZE PARA FAMALICÃO

Adiar as festividades do rival ao máximo. Reduzir a distância para o rival ao mínimo. Ganhar os três jogos!
 

ESPERO QUE SEJA PARA RIR


 Vou querer rir-me disto no domingo à noite.

LUTAR ATÉ AO FIM

Só a matemática impede, por agora, a atribuição do título. E embora já tenha visto de tudo no futebol europeu e mundial, seria preciso um optimismo muito além do razoável para alimentar qualquer tipo de esperança do Benfica quanto ao título. O destino ficou traçado em Alvalade, quando a equipa de Schmidt desperdiçou várias oportunidades para fazer o 1-2, e acabou sofrendo o golo da derrota no último minuto. Aí, confesso, deixei de acreditar. Deixou de fazer sentido acreditar.
Cabe, ainda assim, aos encarnados, retardar ao máximo a sua rendição, e reduzir ao mínimo as distâncias para o mais que provável novo campeão. Terminar afundado em más exibições, em (ainda) mais pontos perdidos, e a uma distância humilhante do primeiro lugar não é certamente o mesmo que concluir o campeonato com nove vitórias nos últimos dez jogos, e deixar uma impressão final de bom futebol - que permita olhar para o fim desta e, sobretudo, para o início da próxima temporada com a serenidade necessária à tomada das melhores decisões.
Foi esse o espírito que a equipa mostrou em Faro. Foi esse o espírito que voltou a mostrar diante do Braga, sobretudo na segunda parte. É esse o espírito que terá de mostrar em Famalicão, e assim garantir que não haja campeão na próxima semana.
Do jogo com os bracarenses, fica a sensação que Marcos Leonardo não terá sido devidamente aproveitado noutros momentos da época. Como sempre aqui sublinhei, era o único ponta-de-lança do Benfica a quem dava o benefício da dúvida, e se não parecia uma certeza do presente, deixava a sensação de ser uma possibilidade de futuro. Entrou, marcou dois golos, soma sete no campeonato com pouquíssimos minutos de utilização. Se não tem outras coisas, "golo" não lhe falta.
Gostei também do apoio que chegou das bancadas. Mesmo sabendo que havia centenas, ou mesmo milhares, de lenços brancos nos bolsos, a verdade é que a Luz mostrou que é mais, muito mais, do que quinze ou vinte arruaceiros. E que a insatisfação, natural e compreensível, não pode dar lugar a atitudes de violência ou hostilidade para quem nos representa em campo, no banco, ou na tribuna. Infelizmente, houve um sector do estádio a protestar de forma menos ajustada (e, de algum modo, a enfiar a carapuça de Faro), e a assobiadela que ouviu - à qual me associo - foi a resposta dos verdadeiros benfiquistas, daqueles que vivem o clube e o futebol com paixão, aos que se servem do clube e do futebol para, de forma negativa e autodestrutiva, exorcizar frustrações pessoais ou sociais. A paixão não tem limites. Os comportamentos têm.
Enfim,  Benfica ganhou. Pode ainda chegar aos 85 pontos, que dariam para vencer vários campeonatos. Está, porém, a cinco pontos de um super-Sporting. Não olhemos apenas para o umbigo: este Sporting dificilmente seria ultrapassável, tem mais pontos à 31ª jornada que o Benfica alguma vez teve, e merece ser campeão. Mas quanto mais tarde o for, melhor.

DIA DA LIBERDADE

A homenagem de VDB ao benfiquista Salgueiro Maia, e aos outros heróis que, com ele, fizeram o 25 de Abril, e abriram espaço à democracia em Portugal. 

HÁ VIDA PARA ALÉM DAS SUBSTITUIÇÕES

Que a maioria dos adeptos tem a pretensão de perceber mais de futebol do que alguns protagonistas, já todos sabemos. Eu, muitas vezes, também caio nesse logro: olhar para uma superfície sem perceber o que está por baixo, e ter a ousadia de opinar sobre o assunto. Isto não tinha piada se assim não fosse. Mas gosto de, pelo menos, ter a humildade de o reconhecer. Aqui o faço desde já.
O que sabe o adepto do trabalho do treinador? Naturalmente, apenas aquilo que vê, e que é o onze escalado para cada jogo, as substituições, as exibições da equipa, e, sobretudo, o resultado final.
Sem assistir aos treinos, sem conhecer os índices físicos e biológicos dos jogadores, nem a sua personalidade, sem ter, na maioria dos casos, qualquer experiência de liderança, nem conhecimentos de psicologia de grupo, o adepto, sendo quem paga tudo, tem ainda assim naturalmente direito à sua opinião. Volto a dizer, aqui o faço. 
Mas o adepto não pode achar que sabe tudo, nem, faltando-lhe dados, ter a certeza absoluta das suas razões. E muito menos querer impô-las aos outros. Menos ainda através da violência, como aconteceu em Faro, onde a ignorância e estupidez de 15 ou 20 indivíduos se transformou em bestialidade.
É, pois, preciso colocar alguma racionalidade nisto, mau grado estarmos na presença de um fenómeno com contornos totalmente irracionais - como o da paixão clubista.
Independentemente de Schmidt ficar ou não. Independentemente de se defender, ou não, a sua saída (e, confesso, não tenho opinião fechada sobre isso), um treinador, qualquer que ele seja, não pode, antes de mais, ser julgado com base em circunstancialismos. Há um ano atrás, o mesmo Schmidt era um herói, mas a memória do adepto tem a duração aproximada de uma semana. E um treinador também não deve ser avaliado apenas com base no onze que utiliza ou nas substituições que faz.
O aspecto das substituições chega a ser divertido, pois na bancada entende-se que basta tirar fulano e meter sicrano para a equipa ganhar, e se o treinador não o faz é porque é burro. O raciocínio, para não ir mais abaixo, é o do Football Manager, em que os jogadores são bonecos animados, o treinador somos nós, e quando se perde reinicia-se o jogo, sem que alguém nos mostre lenços brancos a partir do ecrã. A seguir vamos jantar e fica tudo bem.
A realidade do futebol profissional não é essa. Quando vejo um jogador sair do campo, posso opinar razoavelmente sobre a sua prestação (na verdade, vi-a), mas não sei mais nada sobre ele, nomeadamente se está mais cansado que outros, se treinou bem durante a semana, se teve algum comportamento desajustado, se fez ou não exactamente o que o treinador lhe pediu (que, de resto, também não sei o que foi). Mesmo a própria prestação no jogo, tem muito que se lhe diga. Depois de Faro, ouvi afirmar algo como isto: "com Carreras no banco, Schmidt foi burro por andar a adaptar Aursnes". Ora o que eu vi foi um jovem com bons pés e um bom golo, mas a ser ultrapassado frequentemente por mau posicionamento, por má utilização dos apoios, e a cometer erros que, com um qualquer Toulouse da vida, representariam oportunidades claras para o adversário. Ou seja, o adepto, e talvez ainda mais o benfiquista, avalia normalmente o jogador com base num único critério: a habilidade com a bola no pé. Ora um jogador de futebol está muto para além disso. Futebol não é Circo.
Volto às substituições. Há de facto treinadores que usam as substituições para alterar tacticamente o rumo de um jogo, e conseguem-no (Jesus, por exemplo, que também, como quase todos, viu lenços brancos na Luz). Outros servem-se delas apenas para refrescar a equipa. Outros ainda (e aqui enquadraria Schmidt) entendem que certos jogadores necessitam de muitos minutos para adquirir um ritmo alto e para o manter. Lamento, mas nem eu, nem certamente a maioria dos leitores e adeptos terá conhecimentos profundos de performance física e atlética (e muito menos da fisiologia específica de Di Maria ou João Mário) para desmentir ou confirmar a tese.
Há vários elementos de análise numa substituição, que não têm apenas a ver com a equipa estar a jogar mal ou bem. Além de ser preciso saber se quem está no banco oferece condições de melhorar o jogo. Futebol também não é Xadrez. 
Seja como for, as substituições são apenas, talvez, uns 10% do trabalho de um treinador. E a escolha do onze, diria que de 30% a 40%. Tudo o resto é preparação física, construção de dinâmicas e automatismos de jogo, liderança, motivação, agregação, enfim, factores que, em conjunto, conduzem às vitórias. Caso contrário até seria fácil, e não era necessário pagar cinco milhões a ninguém para o fazer. Eu próprio, aos fins de semana, o faria de borla.
Roger Schmidt não é um mago da táctica, mas, como uma vez disse Graeme Souness "football is not about tactics". Acrescentaria talvez um "only" à frase, mas há muitos outros critérios importantes, e seguramente mais importantes, para definir um treinador, do que o onze e as substituições. Em alguns deles (por exemplo a preparação física) Schmidt é fortíssimo. Recordo que praticamente não houve lesões musculares neste Benfica, que jogadores como Di Maria, mesmo aos 36 anos, têm apresentado uma performance física assinalável, e que em quase todos os jogos, mesmo aqueles em que perdeu, o Benfica acabou fisicamente por cima dos adversários - o que foi bastante notório em Marselha, como já o havia sido também nos confrontos com o Sporting. Outro aspecto a sublinhar é a aposta em jovens como António Silva ou João Neves - que o comum do adepto não conhecia de todo quando foram lançados - mas também em Florentino (recuperado das catacumbas dos empréstimos) e Gonçalo Ramos, valorizado até aos 65 milhões. Com Schmidt vimos também Grimaldo, Rafa e João Mário realizarem as suas melhores épocas de sempre ao serviço do Benfica. Sem falar de Enzo Fernandez que veio por 20 e seis meses depois valia 120.
Enfim, como disse atrás, tudo pesa. As virtudes e os defeitos que sempre coabitam num ser humano e, por maioria de razão, num profissional. O que mais pesa, claro, são os resultados. Em duas épocas no Benfica, Schmidt foi campeão numa delas. Se o Benfica ganhasse metade dos títulos nacionais já estaria, digo eu, a cumprir o seu destino.
Vi com os meus olhos Jorge Jesus ser insultado e cuspido no Jamor, depois de quase ganhar tudo em 2013. Contra a vontade de uma larga maioria (não a minha), ficou no clube. Depois, passou de quase ganhar tudo a ganhar quase tudo - e entre uma coisa e outra, como se viu, era apenas um pequeno saltinho, ou seja uma bola a entrar em vez de bater num poste.
Não tenho a certeza que, ficando, Schmidt não possa voltar a ganhar, em 2024-25, o que ganhou em 2022-23. Nem do contrário. Fazendo ou não as substituições de que os adeptos gostam.
Como disse, Schmidt para mim não é um assunto fechado. Vejo-lhe virtudes. Vejo-lhe defeitos. Se fosse para trocar com Guardiola ou Klopp, obviamente assinava já. Mas...seria para trocar por quem? Mourinho? Talvez. De resto, treinadores portugueses e/ou que estejam dentro do padrão orçamental do Benfica, não encontro muitos que, embora porventura mais simpáticos, possam dar garantias de fazer melhor (um campeonato e um 2º lugar, uma supertaça, uns quartos-de-final da Champions, uns quartos-de-final da Liga Europa em duas temporadas). E mudar por mudar não me parece boa política.
Volto ao início. Há quem perceba mais disto do que eu. E muitíssimo mais do que os imbecis de Faro. Rui Costa é presidente do Benfica, tem uma vasta experiência de futebol profissional. Cabe-lhe a ele fazer uma análise rigorosa do que foram estes dois anos, e do que pode ser o próximo. Tenho a certeza que decidirá de acordo com o que entende ser melhor. A responsabilidade será sempre dele. Deixemos que a decisão também seja.

VALE O QUE VALE (2)

Treinadores do Benfica com mais vitórias em jogos de competições europeias:

 ...e com mais vitórias apenas na Taça/Liga dos Campeões:
Atente-se que, de todos os nomes listados, Roger Schmidt é quem tem menos temporadas no clube. Como se sabe, apenas duas.

VALE O QUE VALE

É como as sondagens, mas,
Roger Schmidt na Liga Portuguesa: 51 vitórias, 7 empates e 6 derrotas (80 % de vitórias)
Ruben Amorim na Liga Portuguesa: 116 vitórias, 22 empates e 14 derrotas (76% de vitórias)
Não adianta alegar que Amorim passou pelo Braga, pois aí teve 8 vitórias em 9 jogos, pelo que a média apenas do Sporting até é inferior à global.
Já agora, devo dizer que a média do técnico alemão é a melhor no Benfica desde o tempo de Jimmy Hagan (83%). Bruno Lage tem 78%, Rui Vitória 76%, Jorge Jesus 75%, Mortimore 72% e Eriksson 71%

O BENFICA É DE 300 MIL SÓCIOS. NÃO DE 20 CRETINOS.

Que o mundo está perigoso, não é, infelizmente, novidade. Guerras na Europa, guerras no Médio Oriente, regimes políticos déspotas, populismo crescente, polarização e grande confusão de conceitos, mesmo entre aqueles que, nas democracias, dizem prezar a liberdade. 
Não sei se há um problema geracional. Mas, mesmo sem correr o risco de generalizar (seria injusto fazê-lo), poderei dizer que existem, em países como o nosso, grupos identificáveis com uma faixa etária que vai, grosso modo, dos 20 aos 35, que talvez por terem sido apaparicados pelo papá e pela mamâ como ninguém antes deles o fora, e terem usufruído de um sistema escolar facilitista, acham que são donos do mundo, e exigem que tudo à sua volta seja perfeito menos...eles próprios.
Olho para certos comportamentos nos estádios, certas opiniões nas redes sociais, e penso em quão perigoso todo este caldo se torna, até porque, além do futebol, se estende necessariamente a outros domínios da sociedade - em que exigência se transformou em insulto e acção em agressão.
Todos os treinadores são para despedir, aqui, agora, já. Todos os dirigentes são para destituir, a bem, a mal - assim como todos os políticos são para demitir, todas as instituições para denegrir, e toda a gente para insultar, com uma violência de termos, e com uma crueldade de modos que o anonimato (dos teclados e das multidões) naturalmente potencia.
Sou do Benfica há cinquenta anos. Vi o Benfica ganhar quase duas dezenas de campeonatos, e chegar a cinco finais europeias. Também o vi atravessar a maior crise da sua história, entre 1994 e 2004, período ao longo do qual mudou de presidente 4 vezes, e de treinador, se não me falham as contas, 16 vezes.
Essas mudanças não resolveram nada, e na maioria dos casos apenas agravaram problemas estruturais que existiam. Mas davam eco a um ruido exterior que era, ainda assim, à época, incomparável com o que temos hoje a propósito de tudo e a propósito de nada. Era por andar a reboque desse ruído que aquele Benfica (felizmente já não existe) se afundava cada vez mais.
Olho para o que se passa agora, e quem chegasse de outro planeta pensaria que o Benfica tem salários em atraso, tem dívidas por todo o lado, não tem jogadores valiosos, não tem instalações condignas, está intervencionado pelo fair-play financeiro da UEFA, não tem equipas de formação nem centro de estágio, não disputa títulos em todas as modalidades, não está, ano após ano, na Champions League, e não tem, no comando da sua equipa principal de futebol, um treinador que ainda é, neste momento, goste-se mais ou menos dele, o campeão em título, e na direcção um presidente que foi eleito há pouco tempo por uma larguíssima maioria dos sócios.
Discordar é razoável. Contestar uma época mal conseguida, algumas opções difíceis de entender e algumas exibições medíocres, seria natural. Faço-o aqui com frequência, e até com veemência. Ora isso nada tem a ver com o que se passou em Faro.
Será que aqueles imbecis supõem que insultar ou agredir treinador e jogadores faz a equipa render mais? Que noção de apoio é que tem essa gente? Que espírito criam em redor dos profissionais que representam o clube? Contribuem para que os melhores jogadores queiram cá ficar? Para que outros bons jogadores quererem para cá vir?  Acham que o clube é deles? Porque motivo pensarão que são mais, ou têm mais direitos, do que os outros 299.980 sócios? Fazem falta ao Benfica, ou estão a mais no Benfica?
Enfim. Sinto-me triste, envergonhado e revoltado com o que vi. Por vergonha alheia, gostaria de pedir desculpa a Roger Schmidt e, sobretudo, aos jogadores estrangeiros que, manifestamente, não percebem o triste fenómeno social que têm pela frente.
É preciso acabar com os paninhos quentes, sim. Mas para com esta gente que, em nome do Benfica, lança o clube para a lama, prejudica-o reiteradamente, enxovalha-o cá e lá fora, dá trunfos aos rivais, e no meio de umas ganzas e uns copos, acha que pode fazer tudo isso impunemente. 

DIGNIDADE... E FALTA DELA

Com tudo perdido, temia que a equipa se mostrasse desmotivada e sem inspiração. Porém, viram-se jogadores vivos e empenhados, puxando lustro ao seu profissionalismo. Até aqueles de quem menos gosto e que mais tenho criticado. E do jogo não há muito mais a dizer. 
O que me entristeceu, e revoltou, foi ver 15 ou 20 imbecis, no final, a prestarem-se, e prestarem o Benfica, a um espectáculo indecoroso. 
Aqueles indivíduos não são do meu clube. Se o meu clube fosse aquilo, então era eu que estaria a mais. 
Há um bando de lixo humano que quer levar Alcochete para o Benfica. E parece empenhado em aproveitar todas as oportunidades para o fazer. 
Isto está para lá de Schmidt ou de Rui Costa. Não é contestação. Muito menos é exigência - palavra que aquela gente nem sabe o que significa. É estupidez. E é criminoso para com um clube como o Benfica. 
Independentemente das discordâncias técnico-tácticas que se possam ter, e que são legítimas, tiro o meu chapéu à conferência de imprensa de Schmidt, e sobretudo à comparação com Marselha - onde uma equipa que não joga nada e está em 9° lugar, cria um ambiente de apoio aos seus jogadores que impressiona, que invejo e, vendo o que vi hoje, me cobre de vergonha. 
Se se falar em exigências, o que me parece de exigir é que aquelas anormalidades sejam identificadas, e, caso sejam sócios (o que, francamente, duvido) sejam expulsos do Benfica para sempre. 
Não entro por questões geracionais, porque não quero generalizar. Mas também isso me preocupa. Já não só como benfiquista, mas também como cidadão. 

PARA 2024-25

Seis contratações certeiras (sobretudo guarda-redes experiente, lateral-esquerdo seguro, médio defensivo robusto e ponta-de-lança eficaz), renovações de Rafa e Di Maria por mais um ano, inevitável venda de João Neves (nunca abaixo de 60M). Seria este o meu plano para a próxima época.
Se fosse possível, preferia segurar Neves e vender António. Mas duvido que seja possível segurar o médio algarvio.
O guarda-redes, por mim, podia ser Vlachodimos. Mas se Schmidt ficar, tal será impossível.
Os jogos que restam podem, e devem, servir para testar alguns elementos do plantel, e proceder a eventuais ajustes (imaginemos, por exemplo, que Marcos Leonardo marca 5 golos nas últimas jornadas, nesse caso talvez apenas fosse preciso mais um ponta-de-lança).

PARA PENSAR

1994-95 Artur Jorge e Zoran Filipovic
1995-96 Artur Jorge e Mário Wilson
1996-97 Paulo Autuori, Mário Wilson e Manuel José
1997-98 Manuel José, Mário Wilson e Graeme Souness
1998-99 Graeme Souness e Shéu Han
1999-00 Jupp Heynckes
2000-01 Jupp Heynckes, José Mourinho e Toni
2001-02 Toni e Jesualdo Ferreira
2002-03 Jesualdo Ferreira, Chalana e José António Camacho
2003-04 José António Camacho

Era problema de treinador? Ganhou-se alguma coisa com as trocas?
E em 2024? Será problema de treinador?

VOLTA JHONDER CADIZ

... ou o Rodrigo Pinho. Ambos marcam golos. Todos os avançados marcam golos menos os do Benfica. Sinto saudades de todos os que passaram por cá. E já estive mais longe de suspirar por Martin Pringle. 
Para a próxima época a Luz precisa, como de pão para a boca, de um ponta de lança. Um qualquer, mas que seja ponta de lança e faça o que é suposto fazer.
Só de pensar que, não há muitos anos conviviam, no mesmo plantel, Cardozo, Lima e Rodrigo, e, mais tarde, Jonas, Mitroglou, Jimenez, Jovic e Talisca, sinto arrepios ao olhar para o presente. 
Inacreditável. Indesculpável. Ruinoso. 

GUIÃO PARA O FUTURO

O que o Benfica tem de fazer é (com Schmidt ou sem Schmidt, não é esse o principal problema):
- Rever a cultura desportiva
No Benfica criou-se a ilusão de que o clube é o maior por decreto, tem o direito divino de vencer, e tal só não acontece por factores externos ou incompreensíveis. Falta humildade cultural a todos, e também aos adeptos. O clube nasceu pobre e operário, chegou ao topo da Europa com equipas de combate, mas a partir de certa altura entendeu-se que, além de tentar simplesmente ganhar, tinha de o fazer com um jogo bonito e com pés de veludo, esmagando, com classe, todos os adversários. Desprezam-se os músculos, os metros e os quilos, sendo que o futebol é, antes de mais, um desporto e não um bailado. Despreza-se a defesa porque os adversários são, obviamente, muito inferiores ao supremo e glorioso Benfica. Contratam-se extremos e mais extremos, criativos e mais criativos, e deixam-se posições a descoberto. Depois, todos ficamos muito espantados por perder.
- Mudar a política de contratações:
Basta de jogadores imberbes que custam milhões, e chegam só para ver se dão negócio. É preciso contratar, cirurgicamente, para o onze titular. Não é admissível dar 10 milhões, ou mesmo 5, para alguém que se destina fatalmente a ser emprestado, ou jogar na Equipa B. Esta, aliás, serve precisamente para constituir essa rectaguarda de juventude e promessas, mas com os jovens criados no Seixal, e não com estrangeiros trazidos a peso de ouro. 
Basta, também, de jogadores veteranos, de maior ou menor nomeada, e com extenso histórico de problemas físicos. Já veio Draxler, já veio Bernat. Penso que é suficiente.
É preciso ainda recuperar o olhar sobre o mercado nacional, que a partir de dada altura, inexplicavelmente, deixou de ser sequer considerado. Olhe-se para os rivais e veja-se de onde vêm, predominantemente, os seus reforços. Ficam mais baratos, já estão adaptados ao campeonato e à cultura portuguesa, além de, com essas negociações, fomentar boas relações com os clubes de que precisamos, nomeadamente, nas assembleias da Liga. Há bons jogadores no campeonato português, e devem ser esses o alvo primordial de um clube como o Benfica.
- Reflectir sobre os erros cometidos:
Rui Vitória foi Bi-Campeão Nacional e esteve à beira do Tri. Meses depois era despedido após um ciclo de maus resultados e péssimas exibições. Bruno Lage entrou de rompante, ganhou quase todos os jogos, bateu recordes e foi campeão. Nem sequer terminou a segunda época, após uma queda a pique do rendimento da equipa, estranhíssima, e que ainda hoje permanece por explicar. Jorge Jesus ganhou três campeonatos e foi a duas finais europeias. A segunda passagem foi um inesperado fiasco, até porque o treinador continuou a vencer mal saiu do Benfica. Roger Schmidt foi campeão, a sua equipa praticava um futebol espectacular, chegou aos Quartos-de-Final da Champions, e agora é o que se vê. Ora parece-me que há aqui um padrão, que tem de ser analisado. O Benfica não pode tornar-se um cemitério de treinadores, como aconteceu nos anos do "Vietname" - ao longo dos quais, recordemos, passaram pela Luz nomes como Artur Jorge, Paulo Autuori, Manuel José, Mário Wilson, Graeme Souness, Jupp Heynckes, José Mourinho, Toni, José António Camacho, Jesualdo Ferreira, e quase todos saíram pela porta dos fundos. Obviamente que, na altura, o problema não era de treinador. Temo que agora também não o seja.
- Manter a serenidade:
Nestas alturas o adepto comum tende a confundir tudo, e a querer deitar fora o menino com a água do banho. Ora o Benfica tem de reflectir, tem de melhorar, tem de mudar o perfil do seu plantel e resolver o seu problema desportivo. Mas não precisa de uma revolução institucional, sem que se saiba o que dela possa vir a resultar. Rui Costa é benfiquista, conhece o clube, conhece o futebol, e não acredito que tudo o que escrevi acima não lhe tenha já passado pela cabeça. Cometeu erros, e espera-se que venha a aprender com eles. Mas, caramba, uma coisa é apontar responsabilidades, outra é apontar a porta da rua. Até porque não se perfila nenhum outro nome em condições de dirigir o Benfica nesta altura.
Isto significa que os benfiquistas, mantendo o sentido crítico (não tenho aqui feito outra coisa), devem também manter a serenidade e a união, pois só assim as coisas podem melhorar. Caso contrário, caso se entre por uma política de terra queimada, estaremos, ano após ano, a voltar ao ponto de partida. Infelizmente, também sabemos o que isso é, e o efeito que dá.

LISTA DE DISPENSAS

TRUBIN (10M) - Teve mais falhas graves numa temporada ainda incompleta (Salzburgo e Casa Pia na Luz, Dragão, todos os jogos com o Sporting, Marselha e outros que comprometeram as várias competições) do que Vlachodimos em seis anos de Benfica. Deu razão aos poucos que, como eu, achava arriscado trocar de guarda-redes. Poderia talvez ser emprestado para ganhar maturidade e depois, então sim, vermos se tem condições para ser o titular da baliza do Benfica. Se dependesse de mim, ainda tentava resgatar o grego.
JURASEK (14M) - Um logro total, 14 milhões para o lixo. Vender, nem que seja ao desbarato. Quem diabo viu nele qualidades para ser o lateral-esquerdo do Benfica? A sua contratação entra no âmbito da gestão danosa. Rua!
CARRERAS (E) - Devolver sem hesitações. Espero bem que, depois de tudo isto, o Benfica não gaste mais um cêntimo em jogadores com este perfil. Há melhor, ou pelo menos igual, na equipa B (cujo capitão é titular da selecção de sub 21 e é... lateral esquerdo) .
BERNAT (E) - O Draxler da temporada. Também já chega de jogadores em pré-reforma e com os músculos às costas. Salários elevados para o lixo. Obviamente, devolva-se.
KOKÇU (29) - Lembro que foi o jogador mais caro da história do futebol português. Tecnicamente não é o pior deste lote, mas mostrou muito pouco dentro de campo (nada a mais do que um qualquer Chiquinho, diga-se), e deixou transparecer que, fora dele, também não cumpre os requisitos necessários. Veio para o lugar de Enzo, que já estava ocupado por João Neves - que é cinco vezes melhor. Sempre foi "8" no Feyenoord, mas alguém de apressou a insinuar que não, que era um "10", construindo uma mentira que protegeu o jogador e atacou o técnico. Gostava de conhecer o seu salário, e comparar com jogadores que ficaram e jogadores que saíram. Ainda deve ter mercado na Holanda ou na Turquia. Vender ao melhor preço, mesmo assumindo algum prejuízo. O seu perfil, táctico, físico e até humano (com tiques de prima-dona), não serve para este clube. Rua!
PRESTIANNI (9) - Incompreensível gastar 9 ou 10 milhões num jogador para a equipa B, ainda por cima com um histórico de indisciplina. Agora, só resta emprestar para ver o que dá, e...caso não dê nada, como suspeito, esperar que o contrato vá expirando.
ROLLHEISER (9) - Marcou um bom golo, e é tudo. Jogador talhado para o futebol sul-americano: suave, sem agressividade, sem pressão, inexistente sem bola. Tudo o que o Benfica não precisava, nem precisa. Pensar que pode ser um substituto para Rafa é como pensar em Grimaldo/Jurasek ou Ramos/Cabral. Só não vê quem não quer. Tentar vender para a Argentina.
SCHJELDERUP (14) - No seu percurso vê-se o futuro de Prestianni. Jogadores imberbes, sem perfil físico, nem táctico, em quem, só porque dão uns toques, se investem milhões, e, como é óbvio, rapidamente desiludem. Tem piores números nos campeonatos nórdicos do que Diogo Gonçalves, que era da formação e tinha um salário certamente menor. Enganar algum clube mais incauto, ou então esperar pacientemente que o contrato termine.
ARTHUR CABRAL (20) - O maior e mais grave flop do mercado, pelo valor desbaratado, e pela importância do papel que o lugar exigia. Não surpreende muito a quem tenha olhado para os dados da sua carreira: nunca tinha feito um jogo na Champions nem na Selecção, era suplente de Jovic na Fiorentina. E ainda menos quem viu com atenção os seus primeiros jogos. Como uma vez por outra marca um golo de bicicleta e outro de calcanhar, é capaz de fazer uns vídeos bonitos de dois ou três minutos, e enganar os distraídos. Ainda por cima, não encaixa, nem encaixaria, minimamente no perfil de jogo de Schmidt. Vender rapidamente, nem que seja por um terço do preço de custo. Não o quero ver mais de águia ao peito. Pela sua total inépcia, andou o Benfica uma época inteira à procura de identidade, quando se percebia que era um ponta-de-lança tudo o que faltava a Schmidt. Tengstedt era o terceiro da lista de avançados. Leonardo foi uma tentativa de corrigir. Cabral veio incrivelmente para ser o primeiro... Como? Não consigo entender. Quem sugeriu ou decidiu esta contratação tinha obrigação moral de assumir o erro e dar a cara por isso. Scouting? Schmidt? Rui Costa? Braz? Era importante sabermos antes de atirar pedras a alvos errados. 
MARCOS LEONARDO (18) - Verde, verde, verde. Era avançado de uma equipa que desceu de divisão, e saiu em baixa e perante insultos dos adeptos. Tem o corpo de um passarinho, e apesar da facilidade de remate, não faz mais nada em campo  - nem no jogo aéreo, nem em tabelinhas, nem a pressionar os defesas, nem a jogar de costas, nem a ganhar espaços ou bolas divididas, nem a desmarcar-se e oferecer linhas de passe, nem.. Enfim, dada a idade, talvez possa ser emprestado e vermos o que dá. Outro que já trazia histórico de indisciplina.
TENGSTEDT (11) - É louro, é bastante tosco, e nem sequer é assim tão alto. Marcou três golos em 37 jogos, e isto diz tudo. Tem os pés de um avançado da Liga 3, e por muito que corra não é, manifestamente, jogador para o Benfica, muito menos para custar quase 11 milhões de euros. Vender ao melhor preço (duvido que valha mais do que 3 ou 4 milhões). Antea Musa, sem dúvida.

CITAÇÕES

Custa-me, mesmo muito, fazer este exercício. Adorava não ter tido razão. Infelizmente estava certo na maioria dos textos que aqui escrevi em Junho, Julho e Agosto - quando, no meio da euforia generalizada, parecia ser eu a única voz dissonante e a desconfiar de como estava a ser preparada a época. Quem tiver a paciência de ler ou reler verá que estava lá tudo, ou quase tudo. É penoso imaginar como as coisas podiam ter sido diferentes, sem grande esforço, sem grande investimento. Dos 31 campeões de 2023 ficaram no plantel 12. Foi uma revolução silenciosa, mas devastadora. Agora, há que começar tudo de novo.

JUNHO

O único problema é que esta contratação pode vir a tapar a progressão de João Neves. E devo dizer também que, para mim, com Florentino, Aursnes, João Neves e Chiquinho, o meio campo até estaria razoavelmente bem preenchido, necessitando talvez apenas de um gorila (Al Musrati?) - coisa que o turco manifestamente não é. 

JULHO

Aí, falta claramente uma alternativa a Bah (tanto João Victor como, sobretudo, João Neves, rendem muito mais nas suas posições, e nenhum me convenceu como lateral), enquanto no lado esquerdo Jurasek ainda não mostrou as credenciais - aliás, se fosse eu a fazer o onze, neste momento preferia Ristic (que defensivamente, diga-se, também deixa muito a desejar)

As alternativas (no meio-campo) são muitas, mas o que me parece é que apenas há um Florentino. Kokcu ainda não mostrou praticamente nada face ao preço que custou. Neste momento, o melhor é mesmo João Neves. Tino-Neves seria a minha dupla nesta altura. Quanto a Tengstedt, confesso que ainda não vi nada que tivesse justificado a contratação (e a ideia já vem de há vários meses). Nem talento, nem capacidade física, nem eficácia.

Jurasek e Kokcu terão de mostrar muito mais. Se isto dá para ganhar ao FC Porto? Ao do ano passado, até pelas características tácticas de ambas as equipas,, temo que não.

Além de algumas coisas que esta equipa tem a menos (lá está: músculo, altura, agressividade, rigor...), agora parece-me ter também outras ...a mais.
À parte Jurasek - que ainda não mostrou absolutamente nada, mas cuja posição era imprescindível reforçar - os outros reforços estão a parecer-me, além de (muito) caros, também inúteis ou até mesmo inconvenientes. Di Maria e Kokçu provavelmente vão colocar David Neres e João Neves no banco, por uma mera questão de estatuto. Em termos de rendimento, e pelo que vi até agora, não justificam a entrada no onze. Veremos, ao longo da época, se justificam o avultadíssimo investimento.

Florentino continua a ser apenas um, e tem ido para o banco.

Que eu esteja enganado. Que sejam as obsessões de Roger Schmidt a vingar. 

 AGOSTO

Também ainda não gostei de Jurasek, nem de.. Kokcu. Só entre eles estão 40M, e até agora, salvo a assistência do turco na Supertaça, pode dizer-se que a equipa passava muito bem sem eles.

As opções de Schmidt, cuja teimosia e personalidade cada vez me irritam mais

A Vlachodimos bastou uma exibição negativa para merecer estúpidos reparos publicos e perder logo o lugar para um jovem da equipa B (para mais, com o ucraniano de 10M no banco).

quanto a Ristic, também ainda não entendi a resistência em utilizá-lo, quando me parece o menos mau lateral do Benfica

Florentino também não tem suplente no plantel, mas nem assim joga de início. Nem assim se acautelou a posição seis no mercado

Quanto a Arthur Cabral, vamos ver quantos golos marca. 

Enfim, mais coisa haveria para dizer sobre tudo isto. O resultado, hoje, foi uma vitória de aflitos contra um adversário de segunda divisão, com o risco, que chegou a ser real, de ficar já a cinco ou seis pontos da liderança.

Veremos os próximos capítulos. Mas há muita coisa a rever. A Supertaça disfarçou erros e insuficiências, que começam na abordagem ao mercado, e continuam na teimosia de um treinador demasiado obstinado para o meu gosto, e no receio que tenho de ver comprometer tudo o que se alcançou na época passada em termos de coesão de grupo e consequente dinâmica de vitória. Oxalá o tempo desminta o meu pessimismo. Para já, não estou a gostar muito. E duvido da renovação do titulo - que só acontecerá por eventual inépcia dos rivais. 

Não contratava Trubin por 10 milhões. O Benfica precisava de um suplente para Vlachodimos, e não de um guarda-redes tão caro que, até agora, mesmo sem ter jogado, mesmo sem qualquer culpa, parece ter já causado problemas. Os guarda-redes de Arouca, Famalicão ou Gil Vicente eram boas opções para servir de "Heltons Leites", dando espaço e tempo a Samuel Soares para amadurecer. Odysseas não é Courtois, como Rafa não é Mbappé. Infelizmente, o Benfica só pode ter jogadores de nível mundial, ou no início das carreiras (antes de explodirem), ou no fim (como é agora o caso de Di Maria). O grego pagou sempre o preço de ter sucedido a Ederson e Oblak que, esses sim, foram a excepção. Além de que o grau de exigência que alguns adeptos e analistas hoje em dia colocam nos guarda-redes raia o absurdo. Fossem Costa Pereira, José Henrique ou Bento (como Damas ou Vítor Baía, como Yachine Maier ou Zoff)) avaliados pelos mesmos critérios, e nenhum passava da mediocridade.

Um guarda-redes, no campeonato português, numa equipa grande, nem sequer é assim tão importante. Até com Bruno Varela o Benfica ia sendo campeão, como aliás foi com Quim. No Sporting já vi Adán fazer exibições miseráveis, e quanto ao tão idolatrado Diogo Costa, basta recordar o Mundial, onde enterrou a selecção portuguesa (algo que, diga-se, tem sido silenciado como se não tivesse realmente acontecido). Para o Benfica ser campeão e fazer uma boa Champions, Vlachodimos é mais do que suficiente. Temo que já tenha sido queimado - a começar pelo próprio treinador.

Tinha mantido Gilberto no plantel. O titular é Bah, e Gilberto era o suplente perfeito, tratando-se de um jogador aguerrido, comprometido, identificado com o clube e com o país. Um campeão. Não sei se se encontrará muito melhor para o banco, e sem gastar mais dinheiro.

 Partindo do princípio que não era mesmo possível segurar Grimaldo (nem oferecendo-lhe os 14 milhões gastos em Jurasek),para discutir o lugar com Ristic contratava um lateral-esquerdo verdadeiramente bom. Não sei se o checo o é, ou vai ser. Até agora não gostei nada. Mesmo nada. Além de que estou farto de defesas que não são assim tão fortes a...defender.

Jamais gastaria 25 milhões em Kokçu. Parece bom jogador, mas não era, de todo, aquilo que o Benfica, a meu ver, precisava para o meio-campo. O verdadeiro substituto de Enzo Fernandez emergiu na fase final da época passada, e chama-se João Neves. A alternativa era Chiquinho, que também cumpriu aquando da sua comissão de serviço. A posição estava mais do que acautelada, e o turco acaba por ser, pelo menos por enquanto, mais problema do que solução. O salário (bem como as respectivas consequências no balneário), prefiro nem saber

Contratava, sim, um trinco para competir com Florentino pela posição "seis". De preferência um "gorila", forte, alto e agressivo. Em jogos grandes, e na Champions, o Benfica vai precisar de músculo. E este plantel carece bastante de altura e de largura.

Schjelderup, até ver, não tem nada a mais do que jovens que o Benfica tem emprestado ou mesmo dispensado. A diferença é que custou muito dinheiro. Aliás, ele e Tengstedt, terão sido precipitações do último mercado de Inverno - que é um mercado particularmente propício a enfiar barretes. Apostava em Tiago Gouveia, e.. confesso que não sei o que se passa com Henrique Araújo (em quem, há pouco mais de um ano atrás, depositava infinita confiança).

resta-me acreditar que Arthur Cabral (suplente da Fiorentina) seja, no mínimo, melhor que Musa. Se assim for, já fico consolado.

Enfim, estão aqui descritas algumas das razões pelas quais não estou particularmente optimista. 

vejo muita coisa com potencial para correr mal. Obviamente que seguirei atentamente todas estas situações ao longo da temporada. Se pelo menos em metade delas tiver de dar o braço a torcer, já ficarei bastante feliz. Fazer o Totobola à segunda-feira é fácil. Estou a fazê-lo antes, tal como o teve de fazer a estrutura da SAD benfiquista. Há muita coisa que não domino (personalidades dos jogadores, relacionamentos entre eles, relações com empresários, etc), mas por norma gosto de seguir a velha máxima segundo a qual "em equipa que ganha, não se mexe". Ora parece-me que neste Benfica, que foi campeão há três meses, e fez uma belíssima carreira europeia, ter-se-á já mexido porventura demasiado.

continuo a não entender os critérios de escolha dos onzes, nem das substituições. Como disse atrás, só quero que o Benfica ganhe. E não tenho sombra de dúvidas de que Roger Schmidt percebe infinitamente mais de futebol do que eu. Desejo, ardentemente que tudo isto tenha uma lógica, e que no fim seja ele a ter razão. Entretanto vou dizendo e escrevendo o que penso, que é para isto que serve um blogue. Por vezes também para desabafar, mesmo correndo riscos de cair em exageros ou mesmo divagações, mas sempre de acordo com o que a cada momento vou sentindo. Nada me move contra o treinador benfiquista (pelo contrário, já lhe devemos um campeonato e uma supertaça), até parece simpático, é inteligente e educado. Por vezes não o entendo, e, com quase cinquenta anos que levo a ver futebol, tenho algum receio que isso seja um sinal de perigo.

Será normal um treinador que se sagrou campeão nacional logo na primeira época em Portugal, atingiu os Quartos-de-Final da Liga dos Campeões depois de uma carreira com momentos notáveis, e ainda adicionou uma Supertaça logo a abrir a nova temporada, ser tão questionado como tem sido Roger Schmidt nas últimas semanas? A resposta óbvia é: não! Mas permanece uma pergunta: então porque motivo é isso mesmo que está a acontecer?
Há que puxar o filme atrás. 
De facto, o Benfica fez uma primeira metade da temporada 2022-23 esplendorosa. Apurou-se brilhantemente no 1º lugar de um grupo da Champions onde estavam PSG e Juventus, venceu praticamente todos os jogos do Campeonato (apenas um empate, em Guimarães), e cavou desde logo uma distância considerável para os principais rivais que, por contraponto, entraram mal na temporada, escorregando sucessivamente em terrenos inesperados. À 7ª jornada o Benfica já tinha 5 pontos de vantagem para o FC Porto e 11 para o Sporting. À 11ª, levava 8 para os portistas e 12 para os rivais lisboetas. Como se sabe, isso veio a revelar-se determinante.
Se, por outro lado, isolarmos o que se passou desde a pausa para o Mundial do Catar, verificamos que o Benfica, daí em diante, perdeu 13 pontos, o Sporting 14, o Braga 11, e o FC Porto apenas 7. Não se superiorizou a nenhum deles no confronto directo. Com isso, colocou em risco um Campeonato em que chegou a ter, virtualmente, 13 pontos de vantagem (a meio da primeira parte do "clássico" da Luz, onde, diga-se, acabou por ser claramente manietado pela equipa de Sérgio Conceição, como o foi em alguns momentos dos dois "dérbis" lisboetas, nenhum deles ganho, em nenhum deles tendo estado, um minuto sequer, em vantagem). Não fosse uma surpreendente vitória do Gil Vicente no Estádio do Dragão, e não se sabe (mas calcula-se) o que teria acontecido. E seria catastrófico. Ainda no plano nacional, os encarnados foram eliminados da Taça da Liga por uma equipa que então militava no segundo escalão (Moreirense), e da Taça de Portugal pelo SC Braga. Os dragões venceram ambas as competições.
No plano internacional, depois de uma fase de grupos impressionante, o Benfica beneficiou de um sorteio extremamente simpático, que lhe pôs por diante um Club Brugge mergulhado numa crise gravíssima. Passou facilmente, mas caiu de seguida, dando menos luta ao Inter de Milão do que havia dado o FC Porto na ronda anterior.

Ou seja, desde o Mundial (Novembro/Dezembro de 2022), e, coincidentemente ou não, desde a saída de Enzo Fernandez, e porventura desde o memento em que a equipa deixou de ser capaz de surpreender, não se pode dizer que o Benfica tenha sido brilhante, e muito menos que se tenha superiorizado a um FC Porto com muito menores recursos. E já então se falava da teimosia de Roger Schmidt em insistir no mesmo onze, em desgastar, por vezes de forma desnecessária e incompreensível, alguns jogadores nucleares (não dando oportunidades a outros), e em fazer substituições que só ele parecia entender. Como tudo fica bem quando acaba bem, e o Benfica foi campeão, Schmidt pôde passar umas férias descansadas.

Não terá sido a derrota do Bessa a mudar a perspectiva dos adeptos. Na verdade, essa derrota (com traves, postes, erros individuais de jogadores e árbitros) teve uma componente de infelicidade enorme, bastando dizer que aos 89 minutos o Benfica vencia por 1-2, tendo chegado à vantagem já em inferioridade numérica. E, há que o dizer (e eu disse-o), Vlachodimos não esteve bem nessa partida, realizando a sua pior exibição pelos encarnados.

É precisamente o guarda-redes grego, ou melhor, o modo como Schmidt lidou com o assunto (na praça pública e de uma forma totalmente inusitada numa pessoa inteligente e sempre ponderada nas declarações que faz), que trouxe inquietação ao universo benfiquista, e mais reticências na sua (nossa) identificação com o técnico germânico.

Terá sido uma espécie de gota de água num processo que, como referi, já vinha da fase final da temporada anterior, e que passou também por uma gestão do plantel e dos reforços (a acreditar que as opções foram suas) no mínimo duvidosa, de onde ressalta a insistência num caríssimo Kokçu que não era prioritário, e na renovação de um Otamendi veterano e decadente, a escolha dos duvidosos (e também caros) Jurasek e Arthur Cabral, as dispensas dos razoáveis, mas seguros, Gilberto e agora Ristic, e uma composição de onze que sacrifica desnecessariamente Aursnes (um dos pilares do último campeonato...no meio-campo), deixa de fora sistematicamente Neres, também Morato (e sempre Musa), e, por fim, sacrilégio dos sacrilégios, neste último jogo, o jovem João Neves - que salvou o campeonato passado com um punhado de extraordinárias exibições num momento de grande pressão e em que uma equipa manifestamente extenuada precisava da sua energia como de pão para a boca.

Não defendo, de forma alguma, o despedimento de Roger Schmidt. Acho que só um louco o faria neste momento. Tive dúvidas, isso sim, numa renovação porventura precipitada e que, até ver, não acrescentou nada ao Benfica a não ser uma folha salarial mais generosa. Já foi feita, feita está.

Entendo, porém, que a crítica é livre, e até saudável. Quando os adeptos não puderem criticar as opções dos treinadores, o futebol terá morrido.

Nesse sentido, tenho sido uma das vozes que se junta à daqueles que, ao contrário do que seria de supor após um ano vitorioso seguido de um investimento avultado, não olham com grande entusiasmo para a nova época. E não o fazem, eu pelo menos não o faço, exclusivamente por receio e desconfiança no caminho que está a ser seguido por Schmidt - que, é preciso lembrar, nunca tinha treinado em países latinos, e também, diga-se, aos 56 anos nunca tinha vencido grande coisa. Temo que o balneário esteja a ser minado por opções duvidosas, por simpatias (Otamendi, Di Maria, João Mário, Kokçu) e antipatias (Ody, Gilberto, Morato, Ristic, Florentino, Neres, Musa...), por diferenças salarias substantivas e não sustentadas no rendimento desportivo, e por um técnico de perfil obstinado, pouco focado nos adversários e na forma de os bloquear (ou desbloquear), e que vive muito à custa de uma excelente preparação física do plantel (aí tiro-lhe o meu chapéu). Além de que (isso acontece com todos os treinadores, eu diria mais, com todas as lideranças), o tempo vai causando desgaste: um dia zanga-se com um, na semana seguinte com outro, e se as coisas não são muito bem acauteladas, se não há uma preocupação séria com isso (não estamos na Holanda, e muito menos na China), é fácil perder o controlo total do grupo. Isto não é apenas no futebol, a aí já sei bem daquilo que falo.

O que mais desejo é estar enganado. É concluir, em Maio de 2024 (preferencialmente vivo e de boa saúde), que mesmo após quase 50 anos a ver futebol, não percebo nada disto. E que Roger Schmidt é, afinal tão bom treinador como parecia em Novembro de 2022, que o Arthur Cabral é um craque, que o balneário (depois de tantas torturas) ficou coeso e solidário, e, sobretudo, que o Benfica é campeão. 

NÃO HÁ SÓ UM CULPADO

Quando se perde por penáltis, é sempre possível dizer que se podia ter ganho. E nisso, uma vez mais, o Benfica foi infeliz.
Mas esta eliminação, diante de uma equipa medíocre, e que na segunda parte do prolongamento estava literalmente morta, é apenas o corolário, eu diria, lógico, daquilo que foi uma temporada totalmente falhada. 
O próprio Benfica permitiu que a sua época dependesse totalmente desta partida e desta eliminatória. Ficando pelo caminho, quando teve tudo a seu favor (até a baliza dos penáltis e o facto de marcar primeiro), comprometeu a sua última vida. Não esquecendo que a equipa chegou até aqui com autênticos milagres em Salzburgo e em Toulouse, e que se manteve durante alguns meses na luta pelo título devido a um outro milagre: o do 94 minutos no dérbi da Luz. E quem, no jogo mais importante, em 120 minutos não marca um golo a uma defesa débil e adaptada, não merece ser feliz. 
A época acabou em Marselha. Qualquer balanço apontará obviamente para múltiplas culpas de Roger Schmidt, em vários momentos, e também nesta noite. Porém, o problema começou logo na construção do plantel, e num mercado de transferências fantasmagórico, que permitiu a saída de titulares importantes como Grimaldo ou Ramos (e isso tem de se aceitar), mas também de suplentes úteis (Gilberto, Ristic, Chiquinho, Musa, Guedes, D. Gonçalves) e, sobretudo, e no dinheiro desbaratado em inutilidades ou mesmo em lixo futebolístico .
130 milhões de euros depois, o Benfica "conseguiu" ficar com um plantel muito mais desequilibrado, e um onze claramente incompleto e manco. De todas as contratações, apenas Di Maria (e nem sempre) justificou o investimento salarial - paradoxalmente, veio a custo zero. Todos os outros custaram bem caro e andaram entre a inutilidade, a desadaptação e o logro total. Até Trubin sai do Vélodrome com culpas, e pode dizer-se que teve mais falhas graves e comprometedoras numa temporada do que Odysseas tivera em seis (e, diga-se, duas competições perdidas em penáltis, o que também não abona a favor do ucraniano). 
Nem vou insistir mais na questão do ponta de lança (48 milhões só na posição, para nenhum marcar mais do que 5 golos), tão óbvia ela se tem tornado. Confesso que até tenho pena deles. Laterais, medio defensivo etc. Tudo feito com os pés, sem rigor nem critério.
É no cruzamento de tudo isto que a análise tem de ser feita. 
Quem escolheu Jurasek e Arthur Cabral?  Quem pensou porque raio podiam substituir Grimaldo e Gonçalo Ramos e que podiam valer, em conjunto 34 milhões?!? Quem trouxe Carreras, Bernat, Prestianni, Rollheiser, Leonardo, porquê e para quê, numa sequência que já vinha de Schjelderup e Tengstedt, tudo a peso de ouro? Porque motivo continua a ignorar-se o mercado interno, e a insistir em comportamentos de novoriquismo estéril e, por vezes, quase ridículo, gastando milhões em jogadores para a equipa B ou para emprestar?
É preciso também ir mais atrás e perceber o que aconteceu com Rui Vitória, Bruno Lage e Jorge Jesus, todos campeões triunfais na Luz, e rapidamente caídos num ciclo arrasador de quebra de rendimento e resultados, seguidos de forte contestação e inevitável demissão, em alguns casos de forma súbita e muito difícil de entender. Será Roger Schmidt apenas mais um? Se nada for feito, quem vier a seguir tem alta probabilidade de sofrer o mesmo fim. Há que perceber o que se passou, caso contrário até Guardiola seria contestado na Luz e cairia em desgraça em pouco tempo. 
Há que reflectir, ainda, sobre a política desportiva do clube em sentido mais lato, e perceber que as equipas constroem-se de trás para a frente, que a altura e o peso é importante, que a agressividade não se alcança com pesos pluma, e que o tempo do futebol bonito ganhar títulos já lá vai - a menos que se tenha o plantel do City, e mesmo assim...Sporting e antes Porto, no plano doméstico, têm demonstrado dolorosamente esse facto, sem que o Benfica aprenda nada com isso. 
Até Agosto vamos ter tempo de falar de tudo. Não é aconselhável tomar decisões a quente. Mas alguma coisa tem de mudar. Aliás, muita coisa tem de mudar. 
Ainda acredito que Rui Costa possa fazê-lo. Se não o fizer, começará ele próprio a ficar em causa.
Adivinham-se, por diferentes motivos, as saídas de João Neves, Rafa e Di Maria (veremos António). Com os que ficam, confesso que temo o pior. Que temo, ainda muito pior. E recordo a propósito uma expressão antiga, creio que de um dirigente do Sporting, que dizia que apenas precisava de um cheque e de uma vassoura. 
Uma certeza tenho eu, e certamente muitos benfiquistas: se me disponibilizassem 130 milhões para contratar jogadores, mesmo sem perceber nada de agentes e intermediários, não faria pior do que foi feito pelo Benfica desde a saída de Enzo Fernández em Janeiro de 2023.
Peço perdão se escrevi algo de que me venha a arrepender no futuro, mas estou devastado com esta eliminação. Mais do que com os 5-0 do Dragão. Mais do que com a derrota em Alvalade. Mais do que com qualquer outro resultado dos últimos dois anos. Até porque me parecia que, mesmo com todas as insuficiências, este Benfica podia mesmo voltar uma final europeia. E, acima de tudo, jamais podia ter sido este Marselha (que vinha de cinco derrotas seguidas, que não defende nada, cujo meio-campo não pressiona e, por tudo isso, segue em 9º lugar na Ligue 1) a impedi-lo.