O MITO DO FUTEBOL DE ATAQUE
O lema que se ouve e lê é agora: o Benfica gasta demais para os troféus que ganha.
Já aqui escrevi que não me parece justo avaliar o trabalho (de presidente, treinador e jogadores) apenas em função do resultado final. Este campeonato, por exemplo, tem muitos "ses" (desde logo, é preciso lembrar que Bruno Lage fez mais pontos que o Sporting). E esta Taça de Portugal teve um escandaloso "se", que ditou o vencedor. Se isso em nada diminui a nossa frustração, deve, pelo menos, deixar espaço para que a lucidez faça justiça àqueles que, em campo, no banco e nos gabinetes, pugnaram por merecer mais.
Apesar disso até concordo, em parte, com aquela afirmação Mas levo-a muito para além do mandato de Rui Costa, e mesmo de Vieira. Já nos anos oitenta e noventa do século passado me recordo do Benfica ter plantéis de luxo que perdiam para os Portos dos Kikis, dos Vlks, dos Tozés e Bandeirinhas. Havia Apitos Dourados, doping e tudo o mais. Mas havia também um Benfica com sapatos de veludo e um Porto de faca nos dentes.
Daí para cá, muitas vezes vi impor-se a retórica do futebol de ataque ou do futebol bonito, como se a matriz identitária do Benfica a isso obrigasse. Errado!
A matriz de base do Benfica é a de um clube popular e operário. Um clube lutador, como diz o hino. Que luta com fervor, e que só nessa luta nunca encontrou rival. Pois que estilo, perfume, futebol ofensivo ou bonito era jogado, por exemplo, pelos "Violinos" do Lumiar.
Já aqui escrevi que não me parece justo avaliar o trabalho (de presidente, treinador e jogadores) apenas em função do resultado final. Este campeonato, por exemplo, tem muitos "ses" (desde logo, é preciso lembrar que Bruno Lage fez mais pontos que o Sporting). E esta Taça de Portugal teve um escandaloso "se", que ditou o vencedor. Se isso em nada diminui a nossa frustração, deve, pelo menos, deixar espaço para que a lucidez faça justiça àqueles que, em campo, no banco e nos gabinetes, pugnaram por merecer mais.
Apesar disso até concordo, em parte, com aquela afirmação Mas levo-a muito para além do mandato de Rui Costa, e mesmo de Vieira. Já nos anos oitenta e noventa do século passado me recordo do Benfica ter plantéis de luxo que perdiam para os Portos dos Kikis, dos Vlks, dos Tozés e Bandeirinhas. Havia Apitos Dourados, doping e tudo o mais. Mas havia também um Benfica com sapatos de veludo e um Porto de faca nos dentes.
Daí para cá, muitas vezes vi impor-se a retórica do futebol de ataque ou do futebol bonito, como se a matriz identitária do Benfica a isso obrigasse. Errado!
A matriz de base do Benfica é a de um clube popular e operário. Um clube lutador, como diz o hino. Que luta com fervor, e que só nessa luta nunca encontrou rival. Pois que estilo, perfume, futebol ofensivo ou bonito era jogado, por exemplo, pelos "Violinos" do Lumiar.
O Benfica chegou ao topo da Europa com uma equipa de combate, e ainda sem Eusébio. Depois, nos anos do "Pantera Negra" (que também não era, de todo, um jogador macio, tal como, aliás, Mário Coluna), os encarnados afirmaram uma superioridade clara sobre o seu rival português (não havia Porto), e sobre muitos adversários europeus. Isso criou uma imagem de domínio por via da classe, que jamais correspondeu ao antes ou ao depois dessa prodigiosa década.
O que acontece é que, como diz a velha máxima, se o ataque ganha jogos a defesa ganha campeonatos. Além disso, o talento é mais caro do que o músculo. E tenho para mim que tem havido, historicamente, algum equívoco do Benfica face a essas evidências.
As virtualidades do futebol de ataque morreram com o Brasil-Itália de 1982. Hoje, ou se tem os melhores artistas do mundo - que o Benfica não pode ter, que o futebol português não consegue reter e muito menos importar -, ou só há um caminho para a glória: defender com rigor e ser fisicamente mais forte. É essa a receita para um campeonato como o português. Foi essa a receita do Porto de Pinto da Costa, independentemente dos treinadores que por lá passaram durante anos, é essa a receita do Sporting desde Amorim, com os resultados que, infelizmente, conhecemos.
Por isso, meus amigos, é verdade que o Benfica gasta demais para o que ganha. Mas é preciso perceber que isso continuará a acontecer enquanto não se inverter toda uma filosofia de clube, que passa pelo presidente, pelo treinador, mas chega também aos adeptos. Estarão eles preparados para uma equipa construída a partir de trás? Que não marque assim tantos golos (que, pelo contrário, os saiba evitar)? Que se afirme pela robustez e não pela classe dos seus jogadores? Que saiba segurar resultados bloqueando o adversário? Seria um certo perfil de atleta bem recebido pelo Terceiro Anel, que continua a adorar toques de calcanhar, rabonas, verónicas e chicuelinas?
Vimos na última época o Benfica ser fustigado com críticas, após jogar bastante recuado em Munique. Perdeu 1-0. Podia, com uma pontinha de sorte, ter empatado 0-0. Nas outras vezes que lá foi saiu sempre goleado. Aceitariam os adeptos do Benfica ver a sua equipa jogar em Alvalade, no Dragão, ou até mesmo em casa com esses adversários, com as linhas baixas, apenas à espera do erro?
É pois toda uma cultura que está impregnada, desde logo nos adeptos (e, atenção, não me estou a excluir, pois às vezes também gosto de champanhe), que passa pela construção dos plantéis, pelo perfil dos jogadores, pela escolha dos treinadores (Jesus, Schmidt, Lage...), e que deveria, pelo menos, ser objecto de análise.
No fundo trata-se de escolher entre ser os melhores ou ser os primeiros. Resultadismo, se quisermos. Só assim poderíamos talvez ganhar mais, mas, desde logo, certamente gastar menos.
1 comentário:
explique lá como é que um clube que faz mais dois pontos do que nós fez menos pontos que o lage sendo que este até teve menos quatro jogos.
é que se analisarmos o percurso com o lage como treinador ele só conquistou pontos quando eles não tinham treinador, nem ao rui borges conquistou pontos.
já agora explique lá como é que quem esteve nos gabinetes e foi assistindo a tudo o que se passou esta época, e já se tinha passado na anterior, impávido e sereno sem dizer uma palavra sequer, isto para não falar na conivência dos apoios dados, pugnaram por mais.
no resto concordo.
existe a ideia que temos de jogar bonito quando o que temos é de jogar bem e são coisas completamente diferentes.
mas depois não se pode andar a bajular o bazofia que jogava bonito mas muitas vezes mal e a criticar todo e qualquer treinador muitos deles com o perfil que agora se aponta como bom porque o único no mundo que serve é o bazofias.
nem muito menos continuar a bajular um presidente que intensificou, desde que assumiu a pasta de diretor desportivo à quase vinte anos, a ideia do jogador virtuoso mas débil fisicamente e a maior parte das vezes débil mentalmente e pouco ou nada aguerrido.
continuo com a mesma opinião desde há vinte anos o nosso melhor treinador desde ai foi o trapatonni que com muito pouco fez milagres.
e que deu muitas lições de como jogar bem é diferente de jogar bonito só não as aprendeu quem não quis, eu aprendi.
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