A FESTA DO GOLO

Mesmo com uma goleada das antigas, mesmo com uma grande exibição, a verdade é que esta jornada não dissipou ainda totalmente o efeito Arouca.
No Benfica, o mesmo fez-se sentir pela positiva: desta vez a equipa entrou a matar e não deu hipóteses ao adversário de sonhar com pontos. Como deveria ter feito há duas semanas atrás.
O problema é que no Sporting, aquele golpe de infortúnio (ou de inépcia, como se queira) aos 95 minutos do Benfica-Arouca, serviu para dar vida, motivação e serenidade a Gyokeres e companhia. Se estivessem dois pontos atrás e com toda a pressão do mundo em cima de si, estou em crer que os leões não lograriam prestações tão autoritárias como a que tiveram no Bessa.
Resumindo, o Benfica, para ser campeão, tem mesmo de vencer o dérbi. E se o vencer por margem mínima, ainda tem de, pelo menos, empatar em Braga - bem como, claro, vencer no Estoril.
Mesmo jogando bem, mesmo goleando, há ainda uma montanha par subir. A favor tem o melhor plantel, a melhor equipa e o melhor treinador. Contra, o melhor jogador que me recordo de ver no Sporting, e que vai ser muito difícil de parar na Luz, para mais tendo o Benfica de assumir os riscos do jogo e os espaços atrás que isso implica.
Sobre o jogo com o Avs (?!) diga-se ainda que o árbitro conseguiu ser protagonista, o que numa partida com 6-0 é notável. Não sei de onde surgiu a peça, mas os sinais dados pelo CA não são nada bons.
Quanto aos jogadores encarnados, gostei particularmente dos dois turcos. Quando é para elogiar Kokçu, também o tenho de fazer.
Segue-se mais uma final. E o Estoril não me traz boas memórias.

UM BOM TREINO

Não se esperava outra coisa.
Enquanto o Tirsense teve forças, foi conseguindo evitar a goleada. Não esquecendo que para a maioria dos seus jogadores, este era o jogo de uma carreira. 
O Benfica foi fazendo tranquilamente o que lhe competia, sem forçar, sem desgaste, sem risco de lesões, e quando teve de ser lá marcou, acabando a golear com naturalidade. Desde o sorteio que o Jamor nunca esteve em causa, e após a primeira-mão nem sequer carecia de esforço, pelo que o objectivo desta partida era treinar, rodar, preferencialmente sem passar vergonhas. Tudo foi conseguido.
Neste tipo de partida, não esperando grande qualidade colectiva de um onze alternativo, interessa-me sobretudo ver as individualidades - principalmente aquelas que aparecem menos. Nesse particular são de sublinhar mais três estreias na equipa principal, mas, sobretudo, mais uma entrada vistosa de Prestianni.
Não vejo os treinos, não conheço o jovem. Para não jogar, Bruno Lage tem certamente razões que os adeptos desconhecem. Do que se vê em campo, Prestianni merecia claramente mais minutos. Recordemos que realizou uma extraordinária pré-temporada, e foi titular nas primeiras jornadas, ainda com Roger Schmidt. Talento não lhe falta. 


ONZE PARA RODAR

Este é, provavelmente, o jogo oficial mais fácil da história recente do Benfica. Já o seria em qualquer circunstância. Com os 0-5 da primeira mão, transformou-se num mero passeio.
Com o campeonato a escaldar, e a presença no Jamor mais do que assegurada, a ocasião serve para dar ritmo aos menos utilizados. O onze que proponho podia ser qualquer outro - a equipa B, os Sub 19, ou, quem sabe, até um grupo de onze adeptos bem escolhidos na bancada. Optaria por dar minutos a todos aqueles que não tem sido regularmente titulares. Sobram ainda, para a segunda parte, André Gomes, Leandro Santos, João Rêgo, Nuno Félix e Arthur Cabral.
Venha o AFS (Avs, Aves ou lá como se chama a coisa).

UMA PERDA PARA A HUMANIDADE

Foi com enorme tristeza que tomei conhecimento da morte do Papa Francisco.
Independentemente das convicções religiosas de cada um, trata-se de uma perda para a humanidade. O seu legado e a sua intervenção está, e esteve, muito para além do plano estritamente espiritual. A sua mensagem de paz e de tolerância toca a tudo e a todos, sejam ou não crentes.
Espero que um novo Papa possa continuar o seu trabalho, no sentido de tornar a igreja mais virada para fora, mais agregadora e mais focada nos verdadeiros problemas do mundo - o que a tornará certamente muito mais relevante e também mais atractiva para os jovens (de idade e/ou de espírito).
Além de tudo o mais, Francisco era também (como qualquer argentino) um grande adepto do futebol, e, em particular, do seu San Lorenzo.
Curvo-me perante a memória de um grande Homem.
Paz à sua Alma.

ESTRELINHA E NÃO SÓ

Tendo um guarda redes a altíssimo nível e um ponta-de-lança letal, não se poderá falar apenas de sorte.
O Benfica esteve longe de fazer um grande jogo. Mas fez um grande resultado - que é a única coisa que importa.
Podemos pois, agora, fazer de conta que se ganhou ao Arouca, e se empatou em Guimarães. Era mais normal e aceitável. Tudo estaria bem.
Enfim, três preciosos pontos, boa gestão dos cartões e retoma dos niveis de confiança. 
Segue-se o Tirsense, partida em que até com onze adeptos bem escolhidos na bancada o Benfica passaria a eliminatória. Boa oportunidade para rodar o plantel e pensar no Aves.
A luta continua.

NOMEAÇÕES PROVOCATÓRIAS

Fábio Veríssimo a apitar o Sporting, e Manuel Oliveira no VAR do Guimarães-Benfica, são nomeações provocatórias e quase insultuosas depois do que aconteceu na semana passada.
Alguém quer dar o campeonato ao Sporting. Se assim é, entregue-se já o troféu e escusamos de perder tempo e paciência.
A atitude de total afronta que António Nobre manifestou na Luz, ao insistir numa grande penalidade que toda a gente (incluindo o VAR e ele próprio) viu não existir; um penálti claro por assinalar nos Açores; e agora estas nomeações, levam-me a esperar o pior nas próximas jornadas.
É verdade que o Benfica deu margem para que isto estivesse a acontecer. Tinha de ter ganhado ao Famalicão, ao Moreirense, ao Aves, ao Casa Pia e ao Arouca. Ou ao menos, não podia ter perdido pontos com todos eles - como de facto aconteceu. Mas o Benfica, e qualquer outra equipa, tem de ganhar ou perder dentro do campo. Temo que este campeonato esteja a ser cozinhado fora dele.

ESTÁ AQUI TUDO

Nem sempre estive de acordo com ele, mas ultimamente tem acontecido com alguma frequência. Além da assinalável qualidade dos textos, coisa cada vez menos comum nos jornais desportivos:

."Longe vão os tempos em que o VAR era tido por muitos como uma refrescante novidade, talvez a fundamental mudança necessária a um futebol envolto em desconfiança. Os anos passaram e o VAR — ideia esplendorosa se mantida no campo teórico em que devia ter permanecido — conseguiu o desfecho mais provável: acrescentou uma camada de suspeição a um processo já de si pouco fiável. Tudo somado, o VAR deu-nos mais ângulos de câmara para constatarmos que tudo ficou essencialmente na mesma.
A tecnologia tem destas coisas. Compraram o hardware com pompa e circunstância, mas esqueceram-se de atualizar o software da arbitragem para incluir competência, transparência ou um critério de decisão que desarmasse qualquer dúvida e descansasse a maioria dos adeptos. Se o leitor chega a esta passagem do texto convicto da utilidade do VAR tal como o conhecemos, isso é aquilo a que a arbitragem chama um lance de interpretação, com a diferença de que neste caso não teremos de aguardar 10 minutos enquanto alguém procura forma de justificar uma decisão errada.
Por lance de interpretação entenda-se um recurso linguístico utilizado para explicar aos plebeus (nós) que aquilo que estamos a ver não possui características objetivas. Como tal, o lance pode levar a conclusões diametralmente opostas segundo as quais aquilo que para mim é amarelo poderá ser cinzento aos olhos de outra pessoa. Para alguns é a magia do futebol. Eu vejo nisso uma morte lenta.
Acontece por vezes que alguns lances de interpretação são de tal forma flagrantes que toda a gente concorda que uma coisa amarela não pode mesmo ser cinzenta, ou que várias coisas amarelas não são definitivamente cinzentas, nem mesmo quando alguns dos que ajuizam são cinzentos desde pequeninos. É extraordinário e aconteceu este fim de semana na liga portuguesa, com uma sequência de decisões erradas que poderão determinar o vencedor de um troféu que garante uma premiação direta, por via da Liga dos Campeões, na ordem das dezenas de milhões de euros, e uma valorização dos ativos envolvidos nessa conquista, cujo impacto pode salvar ou destruir uma política desportiva e os seus responsáveis. Coisa pouca.
A successão de decisões inexplicáveis deste fim de semana acontece, por improvável coincidência, depois de uma mão cheia de outras que bafejaram a mesma equipa presa por pontas e contribuíram de forma decisiva para que, à data em que escrevo este texto, a poucas semanas do fim da época, essa equipa continue na Taça de Portugal e permaneça em primeiro lugar no campeonato. O mistério adensa-se quando notamos que tudo isto acontece depois de os responsáveis por essa equipa, nomeadamente o seu treinador e o presidente, terem utilizado os meios de comunicação ao dispor para um choro convulsivo destinado a restaurar a justiça nas decisões arbitrais, assim equilibrando a balança em seu favor.
A estratégia foi bem sucedida, tal é o rol de coincidências infelizes a que vamos assistindo. Surpreendentemente, descobrimos que o principal reforço do Sporting nesta recta final da temporada não passou os últimos meses lesionado. Afinal esteve sempre apto, à espera que o chamassem para ir a jogo.
Aqui chegados, há uma conclusão a tirar: o VAR perdeu toda e qualquer réstia de credibilidade para aquilo que falta deste campeonato ou dos próximos. É um instrumento entregue às mesmas suspeições de sempre, alicerçadas num misto de incompetência e protagonismo que se impõe ao jogo jogado. O problema irá agravar-se de forma profunda se as entidades responsáveis não fizerem um esforço profundo para a reabilitação.
E o momento para começar é agora. Desconheço se esse desígnio guia as novas lideranças da Liga e da FPF, mas aproveito os novos recomeços para sugerir uma coisa simples: instalada a mais que legítima desconfiança no VAR e em árbitros de campo que rejeitam as evidências, tornem as próximas semanais mais reputáveis. Em primeiro lugar, reconheçam em tempo útil os erros clamorosos cometidos pelos árbitros ao longo das últimas semanas. Em segundo lugar, nomeiem equipas de arbitragem estrangeiras, seguramente mais imunes às circunstâncias internas.
Se esta proposta parece extremista e uma desqualificação dos árbitros portugueses, não é porque quem escreve isto seja dado a extremismos. É porque os árbitros portugueses se colocaram nesta situação. E é por isso que as palavras oficiais do clube deveriam ter sido mais duras. É possível reconhecer que o nosso clube já foi beneficiado por decisões de arbitragem sem que nos comportemos como cadastrados que não somos. É importante que se seja mais incisivo e representativo do sentimento dos adeptos, porque são eles que representamos. É fundamental que se exija maior rigor e correção nas decisões quando estas se tornam tão escandalosamente enviesadas, se possível sem parecer que estamos a pedir por favor. Digo isto independentemente de acreditar que a direção, a equipa técnica e os jogadores farão tudo dentro de campo para nos dar a felicidade dos dois títulos em disputa até final da época.
Nisto, há quem gabe a coragem dos árbitros e apouque os atores principais. Munidos de um cinismo assinalável, tentam resumir a contenda a insuficiências do jogo jogado — esse que, já percebemos, poderá não garantir a vantagem num final previsto em photo finish. No entretanto, enquanto alguns nos tratam por tolos, deixou de ser certo para o comum adepto de futebol que as pessoas nomeadas semanalmente para apitar jogos em Portugal saibam traçar linhas paralelas à linha de cabeceira ou que tenham a objetividade e a competência necessárias para medir rigorosamente meia dúzia de centímetros de uma posição irregular que nenhum outro ser humano conseguiria descortinar. Coisa pouca.
O pressuposto do velho novo advento da tecnologia na arbitragem era o mesmo que já tinha falido no futebol português. A relação dos adeptos com uma nova forma de burocracia baseava-se na confiança, num sentido partilhado de que as decisões melhorariam com o VAR. Uma espécie de arco-íris em modo vai ficar tudo bem, só que não. Na verdade, o benefício da dúvida dado pelos adeptos foi desperdiçado de forma grosseira e o último fim de semana tornou evidente quem mais sairá beneficiado pelos erros cometidos, porque infelizmente nada se pode fazer em relação aos pontos já conquistados. Resta aceitar, mas aceitar o quê? Que a vida é mesmo assim e não podemos confiar na arbitragem, acenando resignadamente com a cabeça perante a influência direta na potencial decisão de um campeonato e respetivo acesso direto à Liga dos Campeões? Pergunto isto, porque o inverso — confiar sem reservas — pelo caminho se tornou impossível.
Não espero que a minha recomendação de árbitros estrangeiros seja bem recebida, mas aqui fica um repto cansado. Será da mais elementar prudência que, a partir daqui, com duas equipas no primeiro lugar em igualdade pontual a cinco jornadas do final, os responsáveis pela integridade das competições façam todos os possíveis para que, no final, possamos dar os parabéns à melhor equipa e à que mais tem feito para conquistar o primeiro lugar, e não à que chorou mais oportunamente. Aquilo que fizeram até agora não chega. Em rigor, dispenso ouvir o árbitro falar ao microfone enquanto insulta a minha inteligência. Fazê-lo sob um pretenso manto de coragem é, isso sim, um exercício de maquilhagem. Não nos enganem com essa verdade."
VASCO MENDONÇA em "A Bola"

ROUBO EM DOSE DUPLA

Podia vir aqui dizer que o Benfica tinha obrigação de chegar ao intervalo em vantagem. Que se pôs a jeito de ser surpreendido. Que no último minuto não conseguiu (uma vez mais) segurar o resultado. Que a goleada no Porto talvez tenha gerado algum triunfalismo. Mas não. Não foi por nada disso que o Benfica perdeu pontos. Na verdade, os encarnados marcaram dois golos e o adversário apenas um. O outro fica por conta de António Nobre que, mesmo após a devida intervenção do VAR, insistiu no absurdo de uma grande penalidade que toda a gente (incluindo ele próprio) viu não existir. 
Já na véspera, nos Açores, tinha havido outro assalto - com um penálti claro, cometido por Quaresma, que neste caso o VAR Hélder Malheiro entendeu ignorar, oferecendo assim os três pontos ao Sporting.
Já há muito tempo que não se via nada como isto. Destas, só me recordo nos anos noventa, em tempos de Apito Dourado. Tem havido erros, alguns incompreensíveis, mas não desta dimensão e logo em dose dupla - parecendo apontar para a existência de uma qualquer força oculta a querer impedir o Benfica de ser campeão.
Espero que as mudanças na FPF e na Liga não tenham nada a ver com isto. Se tiverem, o caso é ainda mais grave. Gostava de pensar que se tratou de mera coincidência. Não sei. Uma piada de mau gosto? Talvez.
No futebol português - talvez fosse mais adequado dizer, em Portugal - já não acredito em nada nem ninguém.
Mas se isto for para continuar até ao fim, então mais vale entregar já o troféu ao Sporting e escusamos de perder tempo a fingir que é tudo normal. Afinal de contas, o futebol vale o que vale. E assim, não vale nada.

NATURALMENTE, O ONZE DE GALA

A cinco vitórias do título, cada jogo é uma final. Seja contra quem for, terá de ser jogado como tal. Com o Arouca vai ser o "jogo do ano" - em que, qualquer perda de pontos pode ser fatal, e, acima de tudo, será inaceitável. O Benfica ainda tem de ir a Guimarães, a Braga e receber o Sporting. Não pode, de todo, ceder pontos ao Arouca. Há que entrar com tudo e marcar rapidamente. Quando, e se, estiver 3-0, então logo se faz a gestão dos cansaços.

UM BOM TREINO

Nem seria de esperar outra coisa. O Tirsense era, à partida, um adversário demasiado frágil para criar qualquer problema ao Benfica, e desde a vitória frente ao SC Braga que a equipa de Bruno Lage estava já, virtualmente, no Jamor.
A ocasião serviu para rodar alguns jogadores menos utilizados, e nessa medida correu muito bem. João Rêgo estreou-se a marcar e teve mais alguns bons detalhes, Schjelderup marcou, assistiu e mostrou ser merecedor de mais minutos (haverá motivos que desconhecemos para tal não estar a acontecer), e, sobretudo, Prestianni entrou a todo o vapor, e no pouco tempo que teve brilhou a alto nível.
Já na pré-temporada tinha gostado bastante do jovem argentino. Aliás, foi essa pré-temporada que o levou à titularidade, ainda com Roger Schmidt: parece que aconteceu há anos, mas Prestianni foi titular nas quatro primeiras jornadas deste campeonato, e suplente utilizado nas três seguintes, até se lesionar. Depois parece ter caído num buraco negro e nunca mais ninguém o viu.
Pelo que mostra em campo, seria jogador para actuar com muito mais frequência. Fora de campo, não sabemos. E se há coisa que Bruno Lage sempre soube fazer é lidar com jovens.
Seja como for, está ali um potencial craque. Tem tudo: muita técnica, velocidade, intensidade, e tanto marca belos golos, como faz assistências primorosas, como recupera bolas no seu meio-campo. Presumo que precise de uma maior maturidade, e acredito que não tenha ainda encontrado o rigor necessário nos processos de treino. Tem 18 anos e está bem a tempo. Terá de ser humilde e fazer todos os possíveis para não desperdiçar o enorme talento que tem.
Notas ainda para o regresso de Arthur Cabral aos relvados e aos golos, para o regresso de Tiago Gouveia à competição na equipa principal (e a bom nível, embora este adversário não o testasse no plano defensivo) e para a estreia de mais um jovem da equipa B, Wynder.
A segunda mão será mais um treino, e mais uma ocasião para dar ritmo a toda esta gente - que a qualquer momento pode fazer falta no campeonato.
Nota final para o Tirsense. Teria sido um adversário simpático e respeitável não fosse o caso de alguns dos seus jogadores, à falta de outros argumentos, vestirem a pele de carniceiros, e entrarem com demasiada violência e frequência às canelas dos jogadores do Benfica. Percebo que era o jogo das suas vidas, mas há formas muito melhores e mais dignas de brilhar. Não queriam com certeza passar a eliminatória. O que queriam então?

RESPEITO

Um parênteses para lamentar a perda de um Homem que, trabalhando a vida toda num clube rival, soube merecer o carinho e a admiração de todos. Naturalmente o Sport Lisboa e Benfica emitiu uma nota de condolências como, estou certo, o fará sempre que se trate de alguém que tenha dignificado o desporto, seja qual for a cor da camisola. Também eu me curvo perante a memória de Aurélio Pereira.

ONZE PARA BARCELOS

Acredito que seja suficiente para resolver já a eliminatória. Por muito respeito que mereça, o Tirsense é do 4º escalão...
 

5 x 3

Até parece pouco, mas ainda é demasiado para entrar em euforias precipitadas. Limitemo-nos à matemática: se o Benfica vencer estes cinco jogos será campeão. 
São cinco finais que, em caso de pleno de vitórias, podem vir a dispensar a última, e bastante difícil - em Braga. Sobretudo, creio que é extremamente importante chegar ao "Dérbi" em vantagem.
Acho que já será praticamente unânime que o Benfica tem o melhor plantel, e que tem o melhor treinador do campeonato. Consequentemente, tem a melhor equipa. Do outro lado está fundamentalmente um jogador - uma máquina de ataque e de golos na qual assenta todo o futebol do Sporting, e que é capaz de ganhar, sozinho, seja a quem for. 
Benfica vs Gyokeres é a história desta fase final de temporada, senão mesmo de toda a temporada. Veremos quem leva a melhor.

NOVA ORDEM

Dos últimos sete "Clássicos", o Benfica venceu cinco. Marcou treze golos e sofreu nove (cinco deles no mesmo triste jogo). Há pois uma clara tendência de mudança nos jogos entre Benfica e FC Porto. O medo cénico vai passando para o lado de lá. Mesmo nas partidas fora de casa, onde me recordo, por exemplo, de um período três longas décadas (de 1976 a 2006) com apenas uma vitória (a do César Brito), os encarnados têm vindo a equilibrar as contas. Nos últimos onze anos de Dragão para o campeonato: quatro vitórias, três empates e quatro derrotas.

AMASSO HISTÓRICO

É difícil encontrar adjectivos para a estrondosa exibição que o Benfica fez no Porto, sem dúvida a melhor de que me lembro em "Clássicos", e uma das melhores no campeonato desde os famosos 3-6 em Alvalade.
Para definir o que aconteceu bastará dizer que o resultado foi escasso face à produção da equipa. Além dos quatro golos, lembro-me de três bolas no mesmo poste ainda na primeira parte, duas grandes defesas de Diogo Costa uma em cada parte, e de remates de Di Maria e Schjelderup a rasar a baliza na segunda. Quase uma dúzia de ocasiões flagrantes de golo, perante um FC Porto que não é o que já foi, mas também não é a doçura em que agora o querem transformar. Aliás, durante alguns períodos da primeira parte (mormente os primeiros trinta minutos), com o resultado ainda tangencial, a equipa portista teve mais posse de bola, conseguiu dominar o meio-campo, sendo então difícil de imaginar o que aconteceria depois. Tal como me parecera na primeira volta, este FC Porto tem bons jogadores do meio-campo para a frente, tem um grande guarda-redes, mas uma linha defensiva a léguas de outros tempos. Bruno Lage soube aproveitar muito bem essa fragilidade, como já o soubera na Luz.
Foi de facto o Benfica, com os seus raides venenosos, que, nesse período, foi colocando o FC Porto em sentido. Foi o Benfica que se impôs, pela sua força, pela sua clarividência, face a um FC Porto que não estava para facilitar e queria mesmo fazer deste o jogo da época. Um golo a abrir e outro a fechar a primeira parte deram a confiança necessária para entrar com tudo após o intervalo, e, aí sim, espezinhar por completo o adversário.
Um lance de perigo após o 1-3 ainda assustou ligeiramente. O golo de Otamendi repôs alguma justiça numa partida que, sem margem para dúvida, merecia a goleada que teve.
Individualmente o destaque vai como é óbvio para Pavlidis (dez golos nas últimas nove jornadas). Quem frequenta este espaço saberá que sempre o defendi - mesmo num período em que, ou a bola batia na barra, ou obrigava os guarda-redes adversários a grandes intervenções, ou lhe era assinalado offside, ou acabava por ser atribuído autogolo (de repente lembro-me de dois, um deles justamente com o FC Porto na Luz). Diga-se que Pavlidis é muito mais do que um matador. Sabe movimentar-se, tem escola, ganha bolas, ganha espaços, assiste e marca. É o ponta-de-lança completo que faltou ao Benfica, por exemplo, na temporada passada. E que diferença faz ter um bom ponta-de-lança...
Também Akturkoglu fez uma grande exibição. Aursnes foi o pêndulo habitual. E Di Maria apareceu num momento de génio, criando, com uma assistência primorosa, o golo que de alguma forma, naquela altura, garantia a vitória. A defesa esteve bem quando foi preciso (mas, atenção, Dahl é médio, jamais lateral direito...).
Sobre João Pinheiro não há muito a dizer: é o melhor árbitro português da actualidade. Em terra de cegos quem tem um olho é rei, mas uma boa arbitragem também é de sublinhar, ainda que tenha ficado um cartão amarelo por mostrar a João Mário, um pontapé de canto por assinalar, e o fiscal-de-linha que na primeira parte acompanhou o Benfica se tivesse equivocado em dois lances - um deles o do primeiro golo, sancionado pelo VAR.
E pronto. Foi ultrapassado um obstáculo difícil. Foi-o com brilhantismo. É uma demonstração de força. É a quinta vitória do Benfica nos últimos sete "Cássicos" (a melhor série desde Eriksson). Vai reforçar a confiança. Mas só valeu três pontos, tantos como o jogo com o Farense, e, espera-se, o jogo com o Arouca da próxima semana. Pelo meio há Tirsense, que permitirá manter em acção os menos utilizados.
É por jogos como este que adoro futebol e adoro o meu clube. O Benfica ajuda-me a ser mais feliz. Por isso deixem-me terminar dizendo: "Obrigado Benfica!"

ONZE PARA O DRAGÃO

Que seja um bom espectáculo, que ganhe o Benfica, e que o resultado não seja decidido pelo árbitro ou pelo VAR. Se houver penáltis (como o sobre António Silva com o Farense) que sejam assinalados. Se houver simulações (como a de Catamo no jogo com o Rio Ave) que sejam revertidas. E que não sejam anulados golos por foras-de-jogo de 3 centímetros - como também já aconteceu em "Clássicos".

SOFRIMENTO DESNECESSÁRIO

Não é a primeira vez, nem a segunda, que, nesta temporada, o Benfica entra forte, marca, parece dominar por completo os jogos, e depois acaba com um futebol indigente e o credo na boca para segurar o resultado.  Vila das Aves e Rio Maior são os piores exemplos de partidas que pareciam dominadas e ditaram a perda de cinco preciosos pontos. Com o Farense acabou por correr bem, mas fica a sensação que, pelo menos no plano defensivo, a equipa (que no ataque consegue, por vezes, ser empolgante) ainda está longe de dar garantias de solidez. E revela uma gritante incapacidade de controlar os ritmos dos jogos e segurar vantagens.
Antes do "Clássico" não esperava, naturalmente, uma grande exibição. Mas esperava a segurança e a consistência suficientes para não dar tantas vidas a um adversário que está no fundo da tabela e tem a sua sentença de descida quase ditada. O Benfica facilitou, e ficou à beira de um precipício que, nesta altura da época, teria consequências dramáticas.
Também houve coisas boas. Akturkoglu está de regresso aos seus melhores dias, e, com dois golos e uma assistência, foi claramente o homem do jogo. No Dragão será ele e mais dez. Di Maria não jogou nada, mas é uma boa notícia perceber que está fisicamente recuperado. E Aursnes está em excelente forma.
Não vi ainda imagens televisivas, mas dizem-me haver um penálti sobre António Silva. De resto, o árbitro pareceu-me fraquinho.
Segue-se aquele que é, pela história, pela tradição, pelos factos e pelas circunstâncias, o jogo mais difícil do campeonato. Acredito que, em caso de vitória, o Benfica embalará para o título. Mas um empate também não seria dramático, tendo em conta que ainda haverá um "Dérbi" na Luz, na penúltima jornada.

ONZE PARA O FARENSE

Três pontos imperiosos. A jogar bem ou a jogar mal, tanto faz.