PROENÇA-O-VELHO

Independentemente daquilo que a Justiça venha a apurar sobre Vieira, independentemente da opinião que tenhamos sobre ele, independentemente de quem apoiemos no processo eleitoral, a verdade é que gostei de o ver encostar Pedro Proença às cordas.
Proença é a mentira mal contada do futebol português. E o que fez como árbitro, a sua, digamos, habilidade (que lhe permitiu também lograr uma carreira internacional de sucesso, seguindo as três regras de ouro para tal: boa forma física, falar bem inglês e manipular resultados sem dar demasiado nas vistas) chegaria para formar um perfil definitivo do personagem.
Muitos têm criticado Rui Costa por ter de certo modo apoiado a sua eleição na FPF. Admito que possa haver razões que desconheço (o futebol assemelha-se à realpolitik internacional, e todos vimos os sorrisos e agradecimentos de Von der Leyen para Trump depois de...), mas com os dados que tenho sou obrigado a juntar-me a essas vozes.
Continuo a apoiar Rui Costa no Benfica, mas jamais apoiaria Proença fosse no que fosse. E acho que, nesse ponto, o presidente do Benfica cometeu um erro crasso.
Se a candidatura de Vieira não servia para nada, pois pelo menos para isto já foi útil. 
Benfica e Proença, depois do que vimos nas primeiras décadas deste século em campo, e do que temos visto nesta fora do campo, não podem partilhar nada. Proença é o antibenfiquismo em pessoa, disfarçado com a habilidade de um arrivista bem falante e espertalhão. 

PAVLIKERES

O primeiro título oficial já está. 
Mesmo com duas semanas de preparação, o Benfica vingou de alguma forma a derrota do Jamor, e desta vez sem pisões na cabeça, venceu a partida.
A primeira parte foi medonha. Mas há que sublinhar a capacidade do Benfica impor o ritmo baixo que lhe convinha, e a incapacidade do Sporting para acelerar o jogo. Os encarnados não jogavam, mas o rival também não conseguia mostrar muito, nem aproveitar a falta de entrosamento do meio-campo benfiquista, salvo numa ou noutra tabela de Pote. E sem o ponta-de-lança sueco que sozinho resolvia tudo, foi-se para intervalo em branco.
Agora o melhor avançado veste de vermelho, e para além de todo o enorme trabalho que fez ao longo da partida (claramente o melhor em campo), marcou no momento certo. Daí em diante viu-se outro jogo. E se a qualidade técnica continuou a não ser brilhante, a garra e a agressividade que todos os jogadores do Benfica puseram no relvado chegaram para dar alguma justiça à vitória. 
Apresentando um onze de combate, foi no combate que a Supertaça se decidiu.
No Jamor, a equipa de Bruno Lage foi superior e deixou fugir o pássaro. No Algarve, mesmo sem música,  garantiu o troféu de fato-macaco. A Taça da Liga viera por penáltis. Podia ter vencido todas, e ainda o Campeonato.
Há muito trabalho pela frente, mas nada como começar com uma taça nas mãos. Ou duas, se contarmos com a Eusébio Cup.