BENFIQUISMOS

Quando aprendi a ser benfiquista, nem sabia quem era o presidente do clube. Sabia, sim, tudo sobre o Chalana (nome completo, data e local de nascimento), sobre o Nené, o Shéu, o Humberto Coelho, o Bento. Lia, relia e decorava os números e nomes que constavam dos “Cadernos d’A Bola” – publicação que permanecia durante meses na minha mesa de cabeceira. Conhecia também o glorioso passado do clube através das fascinantes histórias que o meu pai me contava, vividas, quer ainda no Campo Grande, quer mais tarde no Estádio da Luz, com intérpretes heroicos como Rogério Pipi, Arsénio, José Águas, e depois, o grande Eusébio.

Só havia um canal de televisão, sem tempo para futebol, muito menos para discussões sobre ele. Não havia internet, e muito menos as redes sociais que trouxeram a taberna para o espaço público -infelizmente não só no desporto.

O que me interessava eram as fintas de Chalana, os cortes de Humberto, os passes de Shéu, os golos de Nené, as defesas de Bento, e, sobretudo, as vitórias do Benfica – que ainda assim nunca deixou de ser um clube democrático, e em que a democracia precedeu, no tempo, a do próprio país.

É algo perturbador constatar que hoje, para uma parcela de benfiquistas, muitos deles ainda bastante jovens, seja mais aliciante polarizar opiniões em torno de temas como os estatutos, as eleições ou os candidatos. Talvez sinal dos tempos, dos algoritmos e da histeria colectiva que tomou conta das sociedades ditas “modernas”, com consequências ainda imprevisíveis.

Obviamente também irei votar, e farei a minha escolha na altura própria, mas, caramba, o Benfica que me interessa não é o das burocracias. É o dos jogos e o das vitórias. No Benfica que eu amo, os protagonistas são os jogadores e os treinadores. E faço questão de vivê-lo assim até ao acto eleitoral.

10 comentários:

  1. Anónimo11.9.25

    100% de acordo.
    Excepto que as redes sociais trouxeram mais bem do que mal.
    O problema está em SABER separar o trio do joio. Não é de facto para todos.
    Muito do que se sabe hoje, ou melhor, quase tudo, está nas redes sociais (em sentido lato). Algumas foram criadas pela DARPA para nos espiar (Google, Twitter, FakeBook). Essas são de evitar a todo o custo (não o X).

    São as redes sociais, através de informação que nos é escondida e manipulada todos os dias pelos media tradicionais, que estão a contribuir em grande parte para a libertação da Humanidade da matrix em que o Anunnaki Enki nos meteu há 10.000 anos, desde o tempo de Atlantis, quando nos retiraram 10 "fitas" ("strands") do nosso ADN, ficando apenas com duas "fitas",, estupidificando-nos para nos escravizar. O que conseguiram.

    Desde então a Humanidade nunca mais foi a mesma, assaltada e governada desde então pelas "forças do mal/trevas".
    Todos os desastres e catátrofes, sem excepção, que aconteceram à Humanidade desde essa altura, vieram desse facto.
    A libertação será um facto, anunciada em profecias da Bìblia e de outras fontes, dos Hopi, Shamans do Peru, Vedas da India, Essenes, Gnosticos, etc.
    Pesquisem que encontram.

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  2. Parcialmente de acordo, LF. Na maioria, acrescento.

    As redes sociais trazem, muitas vezes (e vezes demais) o pior dos indivíduos ao de cima. E com isso minam a sociedade, o debate de ideias e a sã convivência entre pessoas/grupos com opiniões diferentes. Estando, muitas vezes, essa opinião ferida de desinformação e deturpação da realidade, fazendo a discussão ainda mais difícil. Até aqui, acho, concordamos.

    Também concordo que, para mim, o que mais me cativou quando era jovem era a força do Isaías, a classe do Ricardo Gomes, a qualidade do Vitor Paneira, a vontade do Schwarz. Não sou assim tão novo, mas despertei para o futebol - e para o Benfica - bastante mais tarde que o normal.

    E, talvez também por ter sido um despertar tardio, rapidamente percebi que havia uma outra dimensão no futebol, que também tinha de estar atento: quem nos liderava e quem regulava o belo jogo.

    O encanto só pela bola e pelos intérpretes no relvado é o que mais importa, mas o resto não pode ser ignorado. Vivi, já como pleno Benfiquista, as dificuldades de Jorge de Brito. A péssima gestão de Damásio. O saque de Vale e Azevedo (e a derrota de Tadeu, que tanto me custou). Lutei por Vilarinho, já muito consciente do perigo que existia para o Clube.
    Vivi todo o nosso “Vietname”. Ciente das nossas dificuldades, no relvado, por conta dos erros fora dele - e de uma regulação que nos impunha regras diferentes face aos adversários.


    O que importa é o que acontece no relvado, sim. Aí vive-se o mundo da emoção, que no fundo é o que nos cativa. E aí sou - e espero que todos sejamos - apenas e só Benfiquistas!

    Mas não esqueçamos que o que acontece no tapete verde depende sempre do mundo “racional” que decorre fora do relvado. As eleições estão à porta e a mim (e só a mim) parece evidente que é necessário mudar… para melhorarmos.

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  3. Anónimo11.9.25

    Sou Benfiquista desde meados dos 60s. Assim tomei conciencia do "Jogo" fora e dentro do campo só lá prós 80s/90s...Os adeptos (nas bancadas) reagiam logo ás más arbitragens..Era um inferno para o adversário e para "os de preto". Lá está, havia conciencia qd o campo inclinava, ..sabíamos dos roubos a céu aberto..Hoje em dia até parece q quem está no Estádio da Luz, quer antes estar assistir à Opera. SLB Forever jota

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  4. mas também não votava, mas alguém votava e esses tinham interesse por quem era o presidente, pelos estatutos, pelas ags, etc

    o mal começa por fazer das redes sociais o único mundo como não existisse mais nada do que elas.
    e se acha que são só jovens, a vasta maioria nem o é, e que apenas polarizam esses assuntos esta enganado eles polarizam tudo, as redes sociais assim o permitem e incentivam, porque sempre polarizaram tudo só que antigamente não passavam do café da esquina agora tem todo um mundo para eles e para quem lhe dá importância.

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    1. Sim, polarizam tudo. Mas o tipo de fractura entre benfiquistas que agora se vê em torno destes aspectos não existia no passado. Nem sequer durante o "vietname" - 1994-2004 (seguramente o período mais negro da história do clube). Com Pinto da Costa, e depois com Vieira, os presidentes dos clubes tornaram-se os principais protagonistas da vida desportiva. Hoje existem blogues e fóruns de opinião "benfiquista" onde há já meses que quase não se fala de mais nada a não ser das eleições. Já li comentários de auto-intitulados "benfiquistas", concretamente antes do Benfica-Sporting que decidiu o último campeonato, a desejar a derrota do Benfica para o Rui Costa sair.
      Quando vejo gente a desejar que o seu clube perca um importante título só para poder mudar de presidente, temos o mundo de pernas para o ar.
      Por mim, quem ganhar as eleições, será o meu presidente. E até lá não me interessa nada o tema.
      Quem acha que ganhar o candidato A ou o candidato B, vai fazer o Benfica ganhar mais campeonatos, está redondamente enganado.

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    2. Anónimo12.9.25

      LF ...diz lá quais são os blogs que leste que há benfiquistas que queriam a derrota do Benfica diante o Sporting a época passada? Digo isto porque eu acompanho os blogs do Benfica quase diariamente e não li um comentário sequer a falar sobre esses adeptos que queriam que o Benfica perdesse para o Rui costa sair, eu sou daqueles que quer ver o incompetente do Rui costa longe do Benfica mas NUNCA na vida queria que o Sporting ganhasse ao Benfica...NUNCA

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    3. só que isso de aceitar como boas, ou as desejar, as derrotas do clube, e como diz o ditado os atos ficam com quem os pratica, nem sequer é novo, basta ires ver as entrevistas que o vilarinho deu para saberes isso.

      e quem acha que ganhar o candidato a ou b, ou c, ou d não faz diferença nenhuma vive numa realidade paralela.

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  5. Vai ver os comentários da altura no "Serbenfiquista", por exemplo.
    Se são benfiquistas que comentam, ou infiltrados, isso não posso garantir. Mas que li isso, não tenho dúvidas.

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    1. Anónimo13.9.25

      Nos comentários apanha malta dessa, sim.

      Mas cuidado, LF. Essa gente sempre existiu. Mas antes não tinham eco. Frequentavam o café central e ali espumavam. Agora conseguem ser ouvidos.

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  6. Jorge Leitão13.9.25

    Os resultados são consequência dessas coisas de que o caro não quer saber.Não entender isto é deprimente.

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