1) O comentário de ex-árbitros na
imprensa desportiva e nas televisões não serve o futebol. A maioria deles não é
minimamente isenta, tem agendas próprias, e guarda amizades e inimizades de
estimação entre os árbitros no activo. Além disso, o seu comentário é
absolutamente redundante, pois salvo situações completamente inusuais, os
adeptos conhecem as regras – pelo menos do penálti, dos cartões e do
fora-de-jogo, que são as situações que mais polémicas geram;
2) Os árbitros deveriam falar
depois dos jogos. Senão no imediato, pelo menos na segunda-feira, a frio, em
conferência de imprensa (com recurso meios audiovisuais) realizada expressamente para o
efeito. Explicavam os lances do seu ponto de vista, e assumiam os erros se fosse
caso disso. Defendiam-se e defendiam o futebol;
3) As estações de televisão deveriam
ser, todas elas, “convidadas” pela FPF (que tem armas para o fazer)
a prescindir de programas diários de debate futebolístico, onde na realidade
ninguém discute o jogo, mas apenas lança acusações e insultos sobre os outros.
Quando muito, seria aceitável um programa por canal, às segundas-feiras, entre
as 22.00 e as 00.00, com não mais de 30 minutos para falar das arbitragens. Mais do que isso, é escarafunchar no caixote do lixo;
4) Não há motivos nem matéria
para manter três diários desportivos num contexto em que a imprensa escrita
apresenta claros sinais de decadência em todas as vertentes. Os jornais têm as
suas plataformas on-line, e de resto poderiam limitar-se a uma edição semanal, mais rica,
mais aprofundada, com análise, comentário e opinião, um tratamento gráfico mais
inovador, e sem a preocupação de alimentar diariamente umas quantas páginas de
nada;
5) A comunicação social em geral
deveria promover um pacto para ignorar todas as publicações dos directores de
comunicação dos clubes nas redes sociais. São figuras nojentas, sinistras, que nada
acrescentam ao futebol, e têm de manter a visibilidade, os empregos e os salários à custa de
atacar os clubes rivais diariamente de todas as formas possíveis. Nenhum adepto gosta deles. No futebol
que eu aprendi a amar não havia directores de comunicação. Havia avançados-
centro, defesas, extremos, guarda-redes e médios, de quem hoje toda a
comunicação social se esquece, para dar espaço a gente que se alimenta de
sangue e do esgoto;
6) A Liga de Clubes não serve
para nada. O futebol deveria voltar para a órbita da Federação, ou mesmo ser
tutelado directamente pelo poder político, através da secretaria de estado
correspondente. Bem sei que esta última hipótese entronca nas instâncias
internacionais, mas tudo é negociável. Pelo menos na FPF, acho que deveria
estar, retirando aos clubes o poder de serem juízes em causa própria;
7) A Primeira Divisão deveria ser
reduzida a oito clubes (reduzindo-se assim também, e filtrando melhor, o
conjunto de árbitros, redistribuindo os meios disponíveis para a sua preparação), eventualmente a quatro voltas corridas, com início em
Setembro e com paragem no Natal, não havendo marcação de jogos para depois das
19.00 horas, nem para dias de semana, salvo situações absolutamente excepcionais; as
meias-finais da Taça de Portugal deveriam ser a uma só mão, e todo o sorteio da
prova deveria ser puro, evitando as situações absurdas de empurrar os grandes
para a casa dos pequenos e os jogos depois serem transferidos para os estádios de
terceiros; e a final da Taça da Liga deveria passar para o Sábado de Páscoa;
8) Os preços dos bilhetes tem de ser tabelado previamente, de acordo com três escalões a definir conforme a tipologia
dos jogos. Não há razões que entendam a selva que subsiste nesta área, onde o
chico-espertismo e o oportunismo abundam, empurrando muitos adeptos para longe dos
estádios;
9) O tempo e energia que se gasta
no registo e “legalização” das claques deveria ser consumido na identificação e
afastamento dos membros mais violentos das mesmas. Quem lança um petardo num
estádio nunca mais lá deveria poder entrar. Quem participa em rixas,
igualmente. Há que contar com as autoridades, as instâncias judiciais e as
forças policiais para aplicar mão dura e implacável neste âmbito, e separar o
trigo do joio (que não é quem está registado de quem não está, mas sim quem é
violento de quem não é); o controlo de violência deveria estender-se também,
tanto quanto possível, a quem a promove e alimenta nas redes sociais;
10) Finalmente, o mercado de
transferências também de carece de regulação urgente. É completamente
inaceitável começar os campeonatos com o mercado aberto – teria sempre de encerrar
na semana anterior à primeira jornada, podendo esta ser transferida para o início de
Setembro. O mercado de Janeiro é absurdo. Poderia, no máximo, permitir duas
movimentações por equipa (uma entrada e uma saída), e ser restrito ao período
em que o Campeonato tivesse a sua pausa de Natal e Ano Novo.