Esperando que todos os leitores tenham desfrutado do período festivo, e entrado com saúde e força em 2024, cá estamos, também nós, de regresso.
Vamos então aos assuntos pendentes:
BENFICA-FAMALICÃO: Jogo muito mais sofrido do que o resultado final possa aparentar, em que os encarnados, desfalcados, é certo, de Bah, Otamendi, Bernat, Di Maria, Neres e Tengstedt, viram-se aflitos a dada altura da segunda parte para conter a sequência de oportunidades criadas pela equipa minhota, que ora Trubin, ora o poste, ora a felicidade, impediram de ser concretizadas. Sentia-se também que, caso o Famalicão marcasse, o Benfica dificilmente conseguiria reagir. O golo de Rafa tranquilizou o estádio, e Musa apenas confirmou um triunfo justo, mas muito, muito, muito difícil. Fica o aviso.
MARCOS LEONARDO: Parece ser já uma contratação fechada. Vai ser preciso perceber se se adapta ao clube, ao país e à Europa, e de que modo a estrutura encarnada conseguirá domar um jovem que, senhor de inegável talento, evidencia também um feitio demasiado rebelde para o futebol profissional de alto nível. Li relatos de que terá inclusivamente chegado alcoolizado a um estágio ou a um treino. A ser verdade trata-se de um cadastro preocupante. O que não há dúvida é que tem apenas 20 anos, e se for minimamente inteligente, saberá ouvir os bons conselhos que, entre outros, Luisão lhe possa dar, para cumprir o destino de uma grande carreira europeia.
As contratações do mercado brasileiro a meio da temporada nem sempre têm sido felizes. A história está cheia de estrelas no futebol sul-americano que não se adaptam à velocidade, intensidade competitiva, exigência profissional e até aos relvados do nosso futebol.
Passaram pelo Benfica já mais de uma centena de jogadores brasileiros, mas nas últimas décadas os melhores exemplos foram escassos, e sobretudo de atletas que já se encontravam na Europa (Jonas, Ederson, Neres...). Exemplos de fracasso são às dezenas, e abstenho-me de os nomear.
O montante pago é bastante elevado e não permite, digamos, mais erros de cálculo. Vamos ter esperança.
LATERAIS: Além do ponta-de-lança, a SAD percebeu que a equipa precisava de laterais. Parece-me bem visto. Não era difícil...
Os nomes em cima da mesa são Pedro Malheiro e Álvaro Fernandez. Dois jovens, internacionais Sub-21 por Portugal e Espanha, que podem ser boas opções de plantel. Espero que o montante a pagar não seja significativo (já bastou o "barrete" Jurasek). Malheiro é um bom suplente (e saúda-se a aposta, ainda que limitada, no mercado nacional), e Álvaro, tendo um belo nome para lateral-esquerdo, não é titular absoluto do Granada, que está em penúltimo lugar na Liga Espanhola.
Confesso porém que, a pouco e pouco, tenho-me habituado a Aursnes e Morato nas alas. Essa dupla tem coincidido, de resto, com o melhor período do Benfica na temporada. O regresso de Bah está para breve. Bernat, veremos se ainda pode ser útil. Com um investimento moderado, o plantel pode sair reforçado, e com alternativas credíveis para suprir lesões, castigos ou o simples desgaste.
SAÍDAS: Lucas Veríssimo e João Victor, dadas as circunstâncias de um e outro, foram excelentemente libertados, rendendo 14 a 16M - o que é notável para dois excedentários. Penso que com o anunciado empréstimo de Jurasek (a venda, mesmo que abaixo de 10M, e assumindo o prejuízo, seria o ideal), e a saída de um ponta-de-lança, o plantel ficará fechado. Que ponta-de-lança? Enfim, apesar da melhoria verificada nas últimas partidas, eu tentaria vender Arthur Cabral ao melhor preço, recuperando algum do investimento realizado. Percebo que contabilisticamente a hipótese Musa (custou 5, vale 10) seja mais apelativa, e que o croata tenha naturalmente mais mercado, sobretudo depois do que fez na época passada, inclusivamente na Champions. Tengstedt parece, para já, seguro - até porque também não tem mercado...
Quanto a Gonçalo Guedes, ainda estou à espera que mostre o que valia em 2017. É da casa, sabe-se que é bom, tem experiência ao mais alto nível, gosto dele. Mas face ao salário que aufere, a verdade é que, em larga medida fruto das lesões, não tem rendido o que dele se esperava.