Independentemente do resultado e de todas as incidências do dérbi, há
que dizer, em primeiro lugar, que se tratou de um grande espectáculo. Um espectáculo
que contribuiu certamente para resgatar do fundo de um poço o futebol português, e o mal
que muitos lhe têm feito ultimamente. Afinal, ainda se joga dentro dos campos. E de que
maneira!
Foi um jogo vibrante, empolgante, com incerteza até final, e com um
grande Benfica – porventura o melhor Benfica desta temporada.
Pena que a terceira equipa não tenha estado à altura, mas já lá
iremos.
O resultado não fez justiça à exibição encarnada, que em mais de dois
terços do tempo de jogo encostou o leão às cordas, chegando mesmo a vulgarizá-lo,
mormente na segunda parte. Um trio em grande destaque, constituído por
Krovinovic, Cevi e Jonas, foi construindo, insistindo, lutando, sem que, porém, na área
alguém materializasse tão vincado domínio. Muitos terão sentido saudades de Cardozo, ou de Mitroglou, nomes que conjugavam bem com a única palavra que faltou
ao texto escrito pela equipa de Rui Vitória. A palavra golo.
Há que ser justo, e dar mérito à dupla de centrais do Sporting, que resolveu muitos
dos problemas colocados à equipa – a qual, do meio campo para a frente, Gelson
à parte, pouco existiu. E pouco existiu porque os jogadores do Benfica foram
implacáveis na luta pela bola, cortando sempre os caminhos às tentativas de
reacção dos leões. Mesmo quando Vitória arriscou tudo, lançando a sua equipa
numa vertigem atacante raramente vista em jogos desta natureza, a segurança lá atrás
foi sempre sendo garantida.
O penálti convertido por Jonas veio trazer um pingo de razoabilidade
ao resultado, e ocorrendo nos últimos minutos, acabou por deixar na boca dos
benfiquistas um sabor melhor, daquele que um outro qualquer empate normalmente mereceria.
No final, a Luz saudou com fervor os seus jogadores. Não por terem
empatado em casa com o Sporting, mas por terem-no conseguido quando já talvez não
se esperasse, e, sobretudo, em reconhecimento pela injustiça do resultado face
a uma exibição carregada de raça, esforço e combate.
Como Jorge Jesus disse no final, o empate penaliza mais o Benfica em
termos de classificação. Porém, há que dizer que, neste caso, a diferença entre a derrota e
o empate era substancial, e um golo ao minuto 90 é sempre doloroso para quem o
sofre, e saboroso para quem o marca. Este golo representou a manutenção do Benfica na luta pelo título, e acho que Rui Vitória terá acabado por
dormir melhor do que o seu colega do outro lado.
A arbitragem esteve francamente mal. Começou com um erro grave (sobretudo do video-árbitro) ao não assinalar o fora-de-jogo (microscópico, mas real) de Acuña, no lance do golo de Gelson. Depois foi um festival. Há vários lances de possível grande
penalidade, que o árbitro até poderia nem ter visto, mas (uma vez mais) o vídeo-árbitro teria
obrigação de ver. Cortes com a mão de Fábio Coentrão, de Piccini e de William
Carvalho, para além de um empurrão a Jardel, tudo na área sportinguista,
mereceram uma interpretação que não bate certo com a de outros jogos, deste
mesmo campeonato. Pelo menos os casos de Coentrão e William deveriam, claramente, ter
merecido outro julgamento (ai se fossem na outra área, o folclore mediático que não haveria...). Já o último dérbi, em Alvalade, na época passada,
tinha deixado vários lances de penálti por assinalar. Começa a ser uma
tradição.
Mas, enfim, prefiro guardar deste jogo o grande espéctaculo futebolístico,
e a certeza de que o Benfica (sobretudo se mantiver este nível) continua vivo
na luta pelo Penta.
Estamos vivos e seguimos lutando!
ResponderEliminarTemos que dar continuidade ao que de melhor temos feito. O jogo de ontem foi nesse sentido, pena o resultado. O nosso melhor nível é superior ao melhor nível dos outros concorrentes. Temos é que dar continuidade e vamos ultrapassá-los! Ainda bem que vem aí mais um jogo. Parte de mim já vai a caminho de Moreira...
Carrega BENFICA!!