DIZ QUE É UMA ESPÉCIE DE MATADOR

O Benfica conseguiu na noite de ontem os dois principais objectivos a que se propunha neste primeiro embate frente ao Dínamo de Bucareste: vencer e não sofrer golos. Terá falhado um terceiro que seria o de encaminhar desde já a eliminatória num sentido mais ou menos irreversível, mas tendo em conta o momento actual da equipa da Luz, e não esquecendo que o Dínamo comanda destacadamente a sua Liga e vem de um país em clara ascensão na Europa do futebol, não se pode deixar de considerar a vitória obtida como um resultado claramente positivo.
Não foi um grande jogo de futebol, sobretudo durante a enfadonha primeira parte. Os encarnados adoptaram uma postura cautelosa, bem distante de algumas das mais exuberantes exibições ofensivas da corrente temporada, enquanto que o seu adversário se remeteu a uma atitude quase exclusivamente defensiva, parecendo buscar claramente o zero a zero, o qual aliás esteve prestes a alcançar. Mas para além de um realismo compreensível em quem disputa uma primeira mão, o Benfica foi também uma equipa carecida de imaginação e profundamente intranquila no modo como circulou a bola e se procurou abeirar das imediações da baliza de Lobont. Fez-se sentir o efeito Póvoa, e diga-se que alguns assobios vindos da bancada também em nada ajudaram – e a propósito de bancada, diga-se que 35 mil espectadores num jogo internacional é muito pouco para um clube que tem mais de 150 mil sócios e que se diz ser o maior do mundo.
Fernando Santos arriscou ao substituir um fisicamente limitado e já amarelado Petit por um regressado Miccoli que se havia de tornar na figura cimeira da noite. Nos primeiros instantes do segundo tempo o efeito negativo da falta de um homem no meio campo fez-se sentir de forma mais evidente do que o reforço da capacidade ofensiva, mas pelo tempo fora, por acréscimo de vontade do Benfica ou por decréscimo físico dos romenos, a equipa da Luz foi tomando conta do jogo em todos os seus aspectos, fazendo adivinhar o golo que só o recente episódio vivido no jogo com o Boavista induzia os presentes a descrer que viesse a acontecer. Efectivamente, na meia hora final a equipa de Fernando Santos soltou-se mais, assumindo claramente o risco de jogar em casa, e foi então capaz de pressionar o Dínamo na sua zona mais recuada, acabando por ver os seus esforços recompensados quando no último minuto o “rato” italiano voltou a fazer vibrar a Luz com um golo pleno de oportunidade e amplamente festejado pelos adeptos, fazendo lembrar um outro marcado na estreia europeia do transalpino na temporada passada frente ao Lille para a Champions League, também no último minuto e também a valer uma importante vitória por 1-0.
Digamos que a vitória é justa e importante, mas um Benfica nos seus melhores dias teria sido capaz de deixar as coisas já ontem resolvidas. Este resultado não diminui em nada o favoritismo que a equipa portuguesa detinha à partida para o jogo de ontem, embora por outro lado permita aos romenos continuar a sonhar com o apuramento.
Estou curioso de ver como se comportará esta equipa em sua casa, tendo de arriscar no ataque e consequentemente de abrir alguns espaços no sector defensivo. Sabe-se como o Benfica (com elementos como Simão, Nuno Gomes, Miccoli, e agora também Derlei) se sente confortável a jogar em contra-ataque, pelo que a segunda mão tem forçosamente de ser encarada, com precaução é certo, mas com grande optimismo também.
Refira-se que esta eliminatória é de transcendente importância para o futebol português, pois é precisamente a Roménia que nos ameaça no ranking da Uefa. Se todos os portugueses (sportinguistas e portistas incluídos) querem continuar a dispor de três clubes na Liga dos Campeões, terão pois forçosamente que desejar a passagem do Benfica, de preferência com mais uma vitória em Bucareste.
Em termos individuais não houve ninguém que se destacasse particularmente. Para além de Miccoli, pelo golo salvador que acendeu a Luz, poucos saíram de uma mediana regularidade, pois o jogo não foi propício a grandes brilhantismos individuais. Ainda assim foram talvez os defesas Léo e Luisão os que se exibiram com maior regularidade ao longo dos noventa minutos. Simão, embora com dois ou três lances à sua altura, esteve longe das suas melhores noites – foi este também um dos motivos do menor brilho da equipa -, enquanto que Karagounis realizou uma primeira parte de nível muito positivo, decaindo depois para um plano mais modesto. Também Nelson bem se esforçou, correndo e cruzando com intensidade e frequência, mas a felicidade nunca o acompanhou nos seus intentos ofensivos. Quim esteve onde era necessário, correspondendo com uma grande defesa ao único lance em que teve de intervir durante todo o jogo. Rui Costa teve alguns momentos de arte, mas a sua articulação com o resto da equipa ainda não parece totalmente conseguida.
Pela negativa a nota vai claramente para Nuno Gomes, que revela uma angustiante falta de confiança, perdendo todos os lances individuais, chegando sempre tarde às bolas, nunca aparecendo no sítio exacto, e quando isso não acontece debate-se invariavelmente com uma teimosa infelicidade a negar-lhe os golos – como foi o caso daquele grande lance a meio da primeira parte em que, com um desvio perfeito, obrigou o experiente Lobont à defesa da noite. Nuno viria a ser assobiado no momento em que deu naturalmente lugar a Derlei, que por sua vez, diga-se, já mostrou um cheirinho das potencialidades que os benfiquistas esperam ver-lhe revelar, e que fizeram dele estrela cintilante numa das melhores equipas de sempre do futebol português: o F.C.Porto de Mourinho.
No Dínamo estiveram em evidência os centrais (de quem curiosamente se dizia ser o ponto fraco da equipa), bem como o guarda-redes.
O arbitro croata esteve bem o plano técnico, mas equivocou-se demasiado no aspecto disciplinar, poupando alguns amarelos aos jogadores romenos.
Pontuações: Quim 3, Nelson 3, Luisão 4, Anderson 3, Léo 4, Petit 2, Karagounis 3, Katsouranis 3, Rui Costa 3, Simão 3, Nuno Gomes 1, Miccoli 4, Derlei 3 e João Coimbra -.
Melhor benfiquista em campo: Miccoli, pelo golo decisivo.

9 comentários:

  1. Anónimo16.2.07

    LF

    Jogo bastante complicado

    O Benfica complicou e o Dimano não ajudou nada, aquela 1ª parte, foi horrivel, estavamos a jogar a 10 Km/Hora, eu não percebo esta atitude, o Presidente fala de vencer a taça UEFA, a jogar assim, com esta mentalidade só jogamos para o 3º lugar da nossa liga

    Em relação aos 35 mil espectadores na Luz, é certo que o Benfica tem 150 mil sócios, mas não são todos de Lisboa, um adepto ou um sócio de outra zona do país, tem de pagar combustivel, alimentação e bilhete, nos dias que correm, nem sempre pode ir á bola, depois era uma quarta feira ás 20 horas, as pessoas trabalham na sua maioria até as 19 horas, não se pode andar sempre a faltar ao trabalho, estes dias terão de ser pedidos quando o Benfica estiver mais á frente na competição

    Não é facil ser-se adepto ou sócio de um clube, que fica a muitos, muitos kilometros da nossa casa a vida está dificil para quase todos

    Na roménia vamos ganhar de certeza

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  2. Anónimo16.2.07

    LF

    Estive a ler, que apareceu outro atléta do Benfica com doping, agora foi a vez do Rugby e o atléta Paulo Barata

    Isto não terá nada haver com o caso Nuno Assis e com a briga do Benfica Vs Luís Horta ?

    Que é muito esquisito, é

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  3. Anónimo16.2.07

    Claro que tem a ver.
    O Benfica está a ser perseguido pelo CNAD, e vai ser necessário muito cuidado para que não apareçam mais casos.
    Ainda a semana passada foram ao Seixal propositadamente para analisar o Simão e o Luisão.

    A pergunta que fica é: o que ganhou o Benfica com esta guerra ?

    Eu acho que as pessoas e as direcções devem ser firmes nestas batalhas, mas apenas quando têm condições de as vencer. Caso contrário mais vale estarem calados.


    Quanto aos espectadores, recordo que nos anos 80 o estádio levava 120 mil pessoas e enchia frequentemente com excursões vindas de todo o país. Não eramos mais ricos nessa altura.

    Um bilhete de sócio para um dos topos custava neste jogo 10 euros.
    De Évora (por exemplo) a Lisboa gasta-se, num carro a gasóleo e indo pela estrada nacional, um valor a rondar os 30 euros, talvez para menos.
    Se forem 5 pessoas e dividirem a despesa, fica em cerca de 6 euros.
    6+10= 16 Euros.
    Com umas sandes na mochila a despesa fica por aí.

    Haverá certamente muitas pessoas que não podem gastar esses 16 euros, mas seguramente que há muitas outras que o podem fazer e não o fazem apenas por comodismo. É o vício da televisão...

    De qualquer modo reconheço que ao sairem do trabalho às 19.00 h, algo que na Europa só acontece praticamente em Portugal, se torna dificil a muita gente assistir aos jogos europeus.

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  4. Anónimo16.2.07

    o steaua de bucareste também perdeu em casa...

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  5. Anónimo17.2.07

    LF

    Estou de acordo com os 16 € por pessoa, até não é muito, mas também não se pode ir a todos os jogos

    Este jogo a meio da semana, com trabalho, o Dinamo também não é um clube importante, com tempo chuvoso, mesmo o pessoal de Lisboa optou por ficar em casa, mas 35 mil espectadores não é mau

    Como o LF sabe, 45% das receitas do Benfica, proveem da venda de bilhetes, tomara muitos clubes, mesmo a nivel mundial terem estes numeros, portanto os sócios e adeptos fazem o seu papel

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  6. Sim, pior está o Braga que só tinha 6 mil

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  7. O Steaua perdeu em casa com o Sevilha 0-2 e está praticamente eliminado.
    Se o Benfica passar o Dínamo a posição de Portugal no ranking fica assegurada.

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  8. Anónimo17.2.07

    Valeu mais o vitória que a exibição. Mas mesmo assim o Benfica criou uma meia duzia de ocasiões de golo, para apenas uma do adversário.
    Na Roménia, eles terão de abrir e o Benfica até pode ganhar.

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  9. É isso que esperamos

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